A Women’s National Basketball Association (WNBA) está vivenciando um momento de crescimento notável, impulsionado por uma série de fatores, como novos acordos de mídia, crescente interesse de patrocinadores e um aumento significativo na audiência. No entanto, esse avanço reflete um movimento mais amplo de valorização e reconhecimento do esporte feminino, que tem atraído o interesse de grandes marcas e canais de transmissão.
Acordos de mídia 6x mais valiosos
Em meados de julho, a NBA e a WNBA finalmente chegaram a um acordo com a Disney, NBC e Amazon em uma nova rodada de acordos de direitos de transmissão no valor de US$ 76 bilhões ao longo de 11 anos. Como parte do acordo, a WNBA ganhará US$ 2,2 bilhões ao longo da vigência dos 11 anos — ou US$ 200 milhões por ano, de acordo o Sportico — o que representa um valor seis vezes maior em comparação ao acordo anterior com a ESPN.
As duas ligas negociaram seus direitos de mídia juntas, mas têm diferentes termos de compromisso. O valor total pode aumentar se a WNBA continuar em sua atual trajetória de crescimento; uma cláusula no acordo permite que a liga e seus parceiros reexaminem o acordo de direitos após três anos.
A WNBA também espera vender dois pacotes adicionais de jogos que podem valer US$ 60 milhões ou mais por ano. A adição de mais parceiros seguiria o acordo anterior da WNBA, que começou como uma parceria com a ESPN avaliada em cerca de US$ 40 milhões por ano, depois adicionou Amazon, CBS e Scripps nos últimos anos para elevar sua receita anual de direitos de mídia para US$ 60 milhões.
Quando todos os acordos forem finalizados, a taxa média anual de direitos de TV da WNBA deve valer pelo menos US$ 260 milhões, o que significa uma vitória enorme para a liga fundada há 28 anos. A comissária Cathy Engelbert declarou anteriormente que queria dobrar os direitos da liga, mas, em vez disso, os novos acordos provavelmente aumentarão 500% do valor anterior.
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Essa é a hora da WNBA
As próximas cinco temporadas, incluindo a atual, podem ser o período mais importante na história da WNBA. Como parte do novo acordo inclui uma reavaliação de preço após a temporada de 2028, caso as partes envolvidas determinem que a WNBA vale mais do que seu preço atual, os novos parceiros podem ser novamente convencidos a desembolsar mais dólares.
Durante as negociações, Disney, NBCUniversal e Amazon não atribuíram um valor para a WNBA ao negociar o acordo mais amplo de US$ 77 bilhões com a NBA, e a recomendação de uma equipe de consultoria de mídia do Endeavor Group — que é dono da WWE e do UFC — avaliou a WNBA em apenas US$ 125 milhões por ano. No entanto, a NBA insistiu em mais, citando o crescimento exponencial da liga neste ano com a chegada das novatas Caitlin Clark e Angel Reese, o que levou ao valor de US$ 200 milhões por ano.
A chegada das novatas impulsionou a audiência televisiva, o público e as vendas de produtos da WNBA, e isso pode continuar à medida que Clark e Reese se desenvolvem na liga, enquanto as atuais estrelas universitárias Paige Bueckers e JuJu Watkins podem provocar o mesmo sucesso quando se tornarem profissionais. Essa perspectiva explica por que a diretora executiva da WNBPA, Terri Jackson, e a lenda do basquete feminino Cheryl Miller acreditam que esse novo acordo ainda desvaloriza a WNBA.
Além disso, a WNBA também terá a oportunidade de vender mais jogos para seus detentores de direitos. A liga está se expandindo para 13 times na próxima temporada e depois para 14 até 2026. Ela também espera ver seu calendário de temporada regular crescer de 40 jogos para 44. Mais times e jogos significam mais conteúdo para vender aos parceiros de transmissão, especialmente aqueles que esperam aproveitar a ascensão da popularidade da WNBA.
Sucesso do WNBA All-Star Game
O fim de semana do All-Star da WNBA não só sinalizou a metade de uma temporada histórica para a liga, mas também forneceu um retrato da sua ascensão monumental. O All-Star Game teve uma média de 3,44 milhões de espectadores na ABC, um novo recorde de audiência para o evento, superando com folga os 1,44 milhões de espectadores do WNBA All-Star Game de 2003.
O All-Star Game se tornou o terceiro jogo mais assistido da WNBA, com o Sports Media Watch notando que apenas dois confrontos da temporada inaugural da liga em 1997 tiveram audiências maiores na TV. É também o maior público que uma rede de propriedade da Disney já gerou para um jogo da WNBA.
Além de atrair um público máximo de 4,05 milhões de espectadores, o All-Star Game se tornou o 17º jogo da WNBA nesta temporada a ultrapassar um milhão de espectadores, registrando mais um recorde para uma temporada única da liga. Vale ressaltar que quase todos os jogos, exceto dois, apresentaram Caitlin Clark e o seu time Indiana Fever, enquanto as duas partidas mais assistidas foram entre o Fever e o Chicago Sky, de Angel Reese.
Embora as novatas também fossem o centro das atenções no All-Star Game, ambas as equipes entregaram na quadra. O formato deste ano colocou a lista olímpica dos EUA contra um grupo seleto de talentos da WNBA, muitos dos quais eram essencialmente esnobados pelo Team USA. Antes do jogo, a treinadora do Team WNBA, Cheryl Miller, admitiu que suas jogadoras queriam “bater” no Team USA. O seu time acabou vencendo liderado pela MVP do All-Star, Ogunbowale, que marcou 34 pontos. Clark terminou com 10 assistências, um recorde de novato no All-Star Game, enquanto Reese teve um duplo-duplo com 12 pontos e 11 rebotes.
O crescimento do esporte feminino
Os acordos de direitos de transmissão de US$ 2,2 bilhões da WNBA são apenas a mais recente vitória dos esportes femininos, que vêm surfando em uma onda de impulso histórico nos últimos anos. Com o comparecimento e a audiência aumentando em muitas ligas, as emissoras têm pago muito pelos esportes femininos. Quando os novos acordos da WNBA começarem em 2026, as empresas de mídia pagarão pelo menos US$ 325 milhões anualmente por três das principais propriedades esportivas femininas norte-americanas.
- WNBA: US$ 200 milhões
- Women’s March Madness: US$ 65 milhões (ESPN)
- NWSL: US$ 60 milhões (ESPN, Amazon, CBS, Scripps Sports)
Ligas como a WNBA estão vendo aumentos nos direitos de mídia em parte porque os patrocinadores estão mais animados do que costumavam estar em serem associados aos esportes femininos. A empresa de medição de anúncios EDO estima que a receita de anúncios da WNBA quase dobrou de US$ 6,6 milhões em 2022 para US$ 12,4 milhões em 2024, com os fãs 44% mais propensos a se envolver com os comerciais da liga até agora nesta temporada em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse crescimento não apenas reflete a potência do basquete feminino, mas também sinaliza uma mudança cultural significativa na forma como o esporte feminino é percebido e valorizado. A WNBA está no centro dessa transformação e pode abrir caminho para um futuro mais inclusivo e próspero para o esporte feminino em geral.
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