O que é o Fair Play Financeiro?

Entenda as regras que buscam equilibrar as finanças e a competitividade entre os clubes de futebol


Por SBL Mackenzie

29 de abril de 2025

Parceria Editorial

Logo Parceiro Escolha o parceiro

Você já se perguntou como alguns clubes conseguem gastar centenas de milhões de euros em contratações, enquanto outros mal conseguem pagar salários em dia? É aí que entra o Fair Play Financeiro (FFP), um conjunto de regras criado pela UEFA em 2009 para garantir que os clubes europeus não gastem mais do que arrecadam

A ideia é simples: promover uma gestão mais saudável, equilibrar o poder econômico entre os clubes e evitar que o futebol vire uma bolha insustentável. Os clubes são monitorados pela UEFA, e se violarem as regras — como gastar mais do que ganham em três anos consecutivos — podem ser punidos com multas, bloqueios de contratações ou até mesmo exclusão de torneios como a Champions League.

Essa medida surgiu como resposta aos inúmeros casos de times endividados até o pescoço, com folhas salariais irreais e dependentes de mecenas bilionários ou contratos de patrocínio “supervalorizados”. Em 2022, a UEFA reformulou as regras e lançou o chamado Regulamento de Sustentabilidade Financeira, que, entre outras medidas, limita os gastos com o elenco a 70% da receita até 2025 (UEFA.com, 2022).

Contextualizando

O Fair Play Financeiro (em inglês, Financial Fair Play – FFP) é um conjunto de normas estabelecido pela UEFA em 2009 com o objetivo de promover a sustentabilidade financeira dos clubes de futebol europeus. A principal diretriz do regulamento é simples: os clubes não devem gastar mais do que arrecadam. Isso significa que as equipes precisam equilibrar suas receitas operacionais com suas despesas, especialmente aquelas relacionadas a salários e transferências de jogadores

Segundo a própria UEFA, o FFP foi implementado em resposta a uma crescente preocupação com o endividamento excessivo de clubes e a possibilidade de colapsos financeiros que poderiam comprometer a integridade das competições. O então presidente da entidade, Michel Platini, afirmou à época que o objetivo era “salvar o futebol dos próprios clubes” (UEFA.com, 2009). Um dos principais pilares do regulamento é o conceito de “break-even”, ou seja, a obrigação de que os clubes não apresentem déficits superiores a um determinado limite ao longo de um ciclo de avaliação — normalmente de três anos.

Além disso, o FFP busca coibir práticas inflacionárias e artificialmente sustentadas por mecenas bilionários ou por contratos de patrocínio supervalorizados, que não correspondem ao valor real de mercado. A UEFA, inclusive, prevê sanções para os clubes que descumprirem as regras, tais como multas, restrições no número de atletas inscritos em competições europeias, proibição de registrar novos jogadores e, em casos extremos, a exclusão de torneios como a Liga dos Campeões e a Liga Europa.

As regras foram reforçadas e atualizadas ao longo do tempo, principalmente diante de desafios recentes como os impactos econômicos da pandemia da Covid-19 e os altos investimentos feitos por fundos estatais, como nos casos do Manchester City e do Paris Saint-Germain. Em 2022, a UEFA anunciou um novo conjunto de normas conhecido como “Regulamento de Sustentabilidade Financeira”, que reformulou o FFP tradicional. As novas diretrizes impõem limites percentuais para o gasto com elenco (incluindo salários, transferências e comissões), que deverão ser reduzidos progressivamente de 90% da receita (em 2023) para 70% até 2025 (UEFA.com, 2022).

A Premier League gastou mais de £ 200 milhões em custas judiciais em 2023/24, em uma tentativa de manter suas regras financeiras (Foto: Getty Images)

Portanto, o Fair Play Financeiro representa uma tentativa de equilibrar o poder econômico no futebol europeu e garantir uma gestão responsável, embora seu impacto prático seja frequentemente alvo de críticas por supostas falhas na aplicação uniforme das sanções e na fiscalização de contratos.

+ Leia também:

Fair Play Financeiro: equilibrando as finanças e a competição no futebol

A crise financeira e administrativa do Manchester United

E o que isso tem a ver com o futebol brasileiro?

No futebol brasileiro, ainda não temos uma regra oficial como o FFP europeu, mas essa discussão está mais atual do que nunca. Com a chegada das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), o foco em responsabilidade financeira tem aumentado. Clubes como o Cruzeiro e o Botafogo, por exemplo, passaram por reestruturações profundas após anos de crise e agora buscam estabilidade com novos modelos de gestão.

Além disso, a CBF já estuda um modelo de Fair Play Financeiro nacional, inspirado no europeu, com o objetivo de incentivar a transparência e a responsabilidade dos clubes. A proposta ainda está em fase inicial, mas pode ser um divisor de águas para o futebol no país — especialmente quando vemos clubes com folhas salariais milionárias convivendo com dívidas gigantescas e atrasos de pagamentos.

O futebol precisa ser paixão, sim — mas também planejamento. Sem organização fora de campo, não há vitória que resista dentro dele.

Sport Insider
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.