Peru e Brasil mantêm relações comerciais e diplomáticas desde a era da independência; no entanto, essas relações foram limitadas em âmbito, concepção e propósito até à virada do século passado. Com a ascensão do Brasil como uma potência regional cada vez mais influente, o Peru viu uma oportunidade de expandir e aprofundar seu relacionamento com o Brasil no contexto mais amplo da política peruana na região amazônica e na participação na Iniciativa para Integração da Infraestrutura Regional na América do Sul.
Panorama político
Tal como a maioria dos seus vizinhos, as fronteiras do Peru no momento da independência em 1824 estavam em disputa e assim permaneceram durante grande parte do século seguinte. Na Bacia Amazônica, a base das reivindicações territoriais do Peru e do Brasil centrou-se na aplicabilidade dos tratados negociados por Espanha e Portugal no século XVIII.
Num esforço para resolver interpretações conflitantes desses acordos iniciais, o Peru e o Brasil, num tratado de 1841, aceitaram uma doutrina entendida como que cada novo estado tinha direito ao território anteriormente sob a jurisdição do colonialismo. No entanto, o acordo nunca foi ratificado. Depois que o Peru e os EUA concluíram um tratado comercial em 1851, um pacto que o Brasil via como uma ameaça aos seus interesses, o Peru e o Brasil concordaram em 1851 que a navegação no rio Amazonas pertencia exclusivamente aos próprios governos.
Em 1902, os peruanos começaram a desafiar a ocupação de longa data da maior parte do território disputado pelos brasileiros, estabelecendo sistematicamente postos avançados na região contestada. Quando a guerra ameaçava começar, Peru e Brasil concluíram acordos que restauraram a paz, embora em grande parte nos termos brasileiros. Ansioso por resolver todas as disputas fronteiriças, o presidente peruano Augusto B. Leguía posteriormente abriu negociações que levaram em 1909 a um Tratado de Limites, Comércio e Navegação no Rio Amazonas, concedendo ao Brasil a maior parte do território disputado.
Ao longo do século XX, as relações bilaterais entre o Peru e o Brasil eram de natureza cordial. Foram concluídos 35 acordos internacionais antes de 1950, à medida que os contatos oficiais aumentaram. Dada a relativa escassez de acordos bilaterais, o envolvimento brasileiro em diversas disputas sul-americanas, muitas vezes em cooperação com os EUA, teve o maior impacto na política externa peruana neste período.
Como resultado, os vínculos entre Lima e Brasília em áreas como imigração, investimento, comércio e segurança expandiram-se consideravelmente ao longo da última década e parecem destinados a continuar a crescer no futuro. A resposta peruana à ascensão do Brasil foi profundamente enraizada e oportunista, uma vez que um interesse peruano de longo prazo num relacionamento mais amplo com o Brasil levou à conclusão de uma aliança estratégica já em 2003.
Histórico no futebol
No futebol, a relação entre os países também é amistosa. O primeiro confronto entre as seleções foi em dezembro de 1937, em Buenos Aires, na Copa América daquele ano, com vitória brasileira por 3 a 2.
Apesar da vantagem sobre o Peru no histórico de partidas, a Seleção canarinha já enfrentou dificuldades diante do rival em Copas Américas, onde a maioria das vitórias peruanas aconteceram. A primeira foi em 1953, a equipe rojiblanca aproveitando-se do fato de ser a sede da competição, e bateu o time canarinho em Lima por 1 a 0 e impediu o rival de conquistar o título na primeira fase, de turno único.
Em 2016, o gol de mão marcado por Raúl Ruidíaz, eliminou os brasileiros ainda na primeira fase da Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos. Apesar da reclamação dos brasileiros, o árbitro validou o lance. A derrota foi fundamental para o fim da era Dunga, posteriormente sendo substituído por Tite. Recentemente, os países decidiram a Copa América de 2019, resultando no nono título continental do Brasil, em pleno Maracanã.
Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002, o Morumbi foi palco de um jogo tenso. O Brasil corria risco de ficar fora do Mundial pela primeira vez e apenas empatou com o Peru. A campanha resultou no pentacampeonato, mas após aquela partida o time foi vaiado e durante criticado pelo jogo burocrático e difícil contra os peruanos
O último encontro entre ambos se deu em setembro de 2021, em Recife, onde o Brasil venceu por 2 a 0, pelas eliminatórias do Mundial do Qatar. Na oportunidade, Neymar e Everton Ribeiro marcaram os gols. O jogo desta terça marca o processo de renovação da seleção brasileira que ainda busca confiança, diante de um Peru envelhecido mas com bons valores dentro de campo.