Se os Jogos Olímpicos nos encheu de orgulho com o recorde de 21 medalhas, nos Jogos Paralímpicos não foi diferente. Foram nada menos que 72 e sendo 22 de ouro, superando a edição de Londres no início da década passada. Ostentamos então uma gloriosa sétima colocação.
A participação de destaque se deve a um plano de investimento forte nas últimas décadas no desporto paralímpico até atingirmos a marca histórica de 100 medalhas de ouro nestes Jogos.
Mas demorou quase 50 anos para chegarmos até aqui. A primeira participação do Brasil, em 1972, contou com apenas 20 atletas das seguintes modalidades: basquete em cadeira de rodas, natação, atletismo e tiro com arco.
Quatro anos mais tarde, vieram as primeiras conquistas em Toronto, no Canadá. Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa foram prata no “Lawn bowls”, modalidade parecida com a Bocha, disputada na grama e disseminada em países de origem Britânica.
As mulheres representaram o Brasil pela primeira vez em solo canadense e trouxeram resultado na edição seguinte, em 1984, realizada nas cidades de Nova York e Stoke Madeville, na Inglaterra. Foi no atletismo paralímpico que Marcia Malsar fez história ao conquistar três medalhas, sendo um ouro, uma prata e um bronze.
O desenvolvimento do desporto paralímpico, passa pela criação da Lei Agnelo Piva, na qual desde 2001 já previa repasse de 2% da arrecadação bruta oriunda das loterias federais, sendo 85% do investimento era destinado ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) e 15% ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).
A virada de chave para chegarmos aos resultados recentes foi a aprovação da Lei da Inclusão (13.146/2015) que proporcionou aumento no repasse das loterias para 2.7% e o CPB passou receber 37,04% e o COB 62,96%. Desde os Jogos Paralímpicos Rio 2016 até Tokyo foram investidos R$ 75 milhões por parte do Governo Federal, através de programas como Bolsa Atleta e Bolsa Pódio.
O Comitê Paralímpico Brasileiro, a entidade responsável por fomentar e gerir o desporto em nível nacional com o suporte do Governo Federal, vem executando com mestria a gestão dos recursos e possui uma infra estrutura de excelência em São Paulo. O comitê também possui uma parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, além de suporte de marcas como Loterias Caixa, Brasken, Toyota, EY, Estácio e Havaianas.
Em nível internacional, o IPC (Comitê Paralímpico Internacional), passou a exibir recentemente seus patrocinadores em propriedades de quadra, o que não acontece nas Olimpíadas, com objetivo de aumentar visibilidade de seus parceiros como forma também de incentivo a grandes marcas em investir também nas paralimpíadas.
O Brasil caminha para se tornar em nação paralímpica, rumo ao Top 5 no quadro de medalhas. O momento para se discutir novas propostas e investimentos é bastante oportuno, uma vez que a mídia cada vez mais pauta temas como diversidade e inclusão em grande destaque na sociedade e grandes empresas que têm discutido boas práticas interna e externamente.
Comemoramos o resultado esportivo nas quadras, tatames, piscinas ou quadras. Mas a maior vitória está na valorização do ser humano. Neste caso, o esporte vira apenas um meio para mostrar a dignidade de cada ser, muito além do quadro de medalhas a cada quatro anos.
Vivemos a melhor era de todos os tempos com a fragmentação do conteúdo nas redes sociais, nos quais os próprios atletas são protagonistas das suas histórias e podem produzir conteúdo original para marcas, right holders, até a lançarem suas próprias grifes.
Mas no final do dia não é, ou deveria ser, só para mover ponteiro da empresa ou por um novo salto no quadro de medalhas.
E sim por uma sociedade mais justa e com oportunidades.
Dom todo mundo tem. Qual é o seu?
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