Quem são os verdadeiros Libertadores da América?

Um dos campeonatos mais importantes do mundo é a Copa Libertadores da América, mas pouco se fala de onde surgiu o nome do campeonato


Por Esportes em Debate

31 de outubro de 2023

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Quem são os verdadeiros Libertadores da América? (Foto: Luis Andrés Villalón Vega / Unsplash)

Em 1808, a França liderada por Napoleão Bonaparte, domina a Espanha e coloca José Bonaparte no poder. Com essa ruptura, as colônias espanholas na América percebem que é o momento ideal para conquistar a independência. No começo do século XIX, apenas Suriname, Guiana, Guiana Francesa e a maior parte do Brasil não eram dominados por Madri. Todo esse território estava repleto de nativos, espanhóis que viviam na América (chapetones) e seus descendentes (criollos). No entanto, mesmo os criollos com boa condição financeira eram deixados de fora da política local, o que instigou camadas populares a combater os colonizadores. As independências na América Espanhola foram marcadas por guerras e violência, mas os sul-americanos contavam com grandes lideranças, principalmente militares, que conseguiram derrotar os espanhóis sendo conhecidos como “os libertadores”.

Simón Bolívar

Um dos libertadores mais famosos é Simón Bolívar. Nascido em uma família rica na atual Venezuela, teve uma educação privilegiada, onde teve contato com as ideias iluministas, ingressou na carreira militar ainda adolescente e viajou pela Europa e pela América. Ao mesmo tempo em que viu o luxo europeu, também conheceu a miséria americana. Bolivar era contra a escravidão e fez juramentos dizendo que dedicaria a sua vida à libertação venezuelana. Foi participativo nos processos de independência dos atuais Peru, Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia. Esse último sendo fundado com o nome de República Bolívar, até a mudança em 1825 quando recebeu o nome atual.

O sonho de Bolívar era uma América Latina unida, de modo que seria mais fácil combater a pobreza no continente e evitar a interferência estrangeira. Vitorioso em batalhas importantes, mas por conta de ataques espanhóis, precisou fugir para outros países da América, onde recrutava novos aliados e voltava para combater os colonizadores. Esteve à frente da formação da República da Grã-Colômbia (1821-1831), formada a partir do Vice-Reino da Nova Granada. Englobava as atuais Venezuela, Panamá, Colômbia e Equador, mas por conta de conflitos de interesses o país acabou sendo dividido da forma que conhecemos hoje.

Brasil

O processo de independência do Brasil foi um pouco diferente das outras que aconteceram na América do Sul. A independência foi declarada em 1822, mas só foi reconhecida em 1825, com o Tratado de Paz, amizade e aliança, nesse meio tempo, grandes batalhas aconteceram em território brasileiro, entre defensores da independência e tropas portuguesas que visavam retomar o controle da política brasileira. O considerado libertador brasileiro, é o único da lista que não é um sul-americano, Dom Pedro I era filho do rei de Portugal. Também foi diferente de outros processos de libertação porque o Brasil não se tornou uma república, mas sim um império que não tinha como objetivo a abolição da escravidão, como tinha acontecido na maioria dos outros países da América. O Império do Brasil enfrentou vários conflitos internos e disputas territoriais com outros países. Uma das questões mais famosas foi com a Cisplatina, atual Uruguai.

Argentina

O processo de independência da Argentina começou um pouco antes, em 1810, com a Revolução de Maio, quando em Buenos Aires, capital do Vice-Reino do Rio da Prata, o governador Baltasar Cisneros é deposto sob a justificativa de que o rei espanhol que o nomeou já não era mais rei. Quem passou a governar foi a Primeira Junta, formada por cidadãos locais, principalmente criollos, que estabeleceram um governo independente da Espanha. Obviamente não foi aceito e iniciou um processo de luta pela libertação argentina, onde havia de um lado os patriotas, que defendiam a independência, e do outro os realistas, que defendiam a permanência da administração espanhola. Em 1816, a independência é proclamada e tem início a República das Províncias Unidas do Rio da Prata, que dez anos mais tarde veio a se tornar a república argentina. José de San Martin talvez seja o segundo libertador mais atuante, que não se limitou apenas ao território argentino , sendo figura importante para a independência do Chile e Peru. Os libertadores atuaram em vários países e alguns países tiveram mais de um libertador.

Bernardo O´Higgins

Outro importante líder entre os libertadores foi Bernardo O´Higgins, pai da pátria chilena. Militar que também pegou em armas para combater os espanhóis durante as guerras da independência chilena, sendo o primeiro presidente do país. Na época, o Chile fazia parte do Vice-Reino do Peru e seu processo de independência foi marcado por uma série de batalhas entre os que eram leais à coroa e os chamados patriotas, que eram comandados pela elite criolla. O líder dos patriotas na época era O´Higgins, que assim como Bolívar, teve vitórias importantes no começo, mas depois de contra ataques espanhóis, precisou fugir do país. Conhece San Martin quando chega na Argentina, e junto com seus homens passa também a apoiar os patriotas chilenos. O´Higgins se consagra como libertador e é escolhido como Diretor Supremo do Chile, dando início a uma melhora na estrutura física do país.

Antonio Sucre

Outro herói sul-americano é o venezuelano Antonio Sucre, um dos libertadores e dos principais aliados de Simón Bolívar. Também foi atuante na independência de vários países sul-americanos. Sucre é considerado o segundo presidente da Bolívia. Liderou a última batalha em solo sul-americano entre espanhóis e defensores da independência, na Batalha de Ayacucho. Esse embate colocou fim aos vice-reinos espanhóis, consolidando as independências na América do Sul.