Como a saída de grandes marcas automobilísticas reformulou a Fórmula E

Entenda como a saída de três das maiores fabricantes de automóveis do mundo ajudou na evolução da Fórmula E


Por Redação

25 de abril de 2022

Entenda como a saída de três das maiores fabricantes de automóveis do mundo ajudou na evolução do campeonato internacional de carros elétricos

Em agosto de 2021, a Mercedes anunciou publicamente que estava deixando a série de corridas da Fórmula E, campeonato automobilístico mundial exclusivo para carros elétricos. Em entrevista ao Front Office Sports, o CEO da Fórmula E, Jamie Reigle, abordou como a péssima notícia acabou se transformando no ponto de partida para uma evolução significativa para o campeonato. “Na verdade, essa decisão forçou um acerto de contas: o que há em nosso produto que não está atendendo às necessidades deles?”, relatou Reigle.  

A fabricante de automóveis alemã não foi a única grande marca a deixar o campeonato, se juntando à Audi e à BMW, que anunciaram suas saídas em dezembro de 2020. Em teoria, a Fórmula E está perfeitamente posicionada para capitalizar as tendências da crescente popularidade do automobilismo e da crescente centralidade dos carros elétricos nos planos das montadoras – somente a Mercedes, a Audi e a BMW anunciaram mais de US$ 100 bilhões em gastos com modelos elétricos no final do ano passado.  

Porém, na prática, as montadoras se demonstraram desinteressadas na ideia de exibir seus veículos na Fórmula E e o motivo disso já está bem claro para Reigle: os padrões automobilísticos exigidos pela competição foram ultrapassados, tornando a pesquisa e o desenvolvimento envolvidos na série de corridas cada vez menos relevantes para o presente e o futuro dos veículos elétricos. “Nosso carro atual tem quatro anos. Ainda estamos tentando vender o iPhone 7, enquanto o iPhone 14 já foi lançado. A progressão na mobilidade elétrica nos últimos quatro ou cinco anos foi dramática”, constatou o CEO do torneio.  

No comunicado de imprensa em que anunciou a sua saída da Fórmula E, a BMW declarou que “quando se trata do desenvolvimento de e-drivetrains, o BMW Group essencialmente esgotou as oportunidades para essa forma de transferência de tecnologia no ambiente competitivo da Fórmula E.” Um alerta que, somado às saídas da Audi e da Mercedes, obrigou a organização do campeonato a buscar novas alternativas para superar as suas limitações e não ficar para trás na corrida por um papel central na era dos carros elétricos.  

Correndo atrás do prejuízo 

No dia 28 de abril, a Fórmula E apresentará seu novo carro Gen3 em uma demonstração antes da corrida do dia 30 de abril em Mônaco, em resposta ao envelhecimento do modelo Gen2, que motivou a saída das grandes marcas. As escolhas de design não foram apenas para trazer a Fórmula E aos padrões atuais, elas também introduzem questões sobre o formato esportivo que a organização pretende adotar em seus futuros torneios. 

“Decidimos diminuir a bateria, para que o carro fique menor e possa andar mais rápido. Há um debate de alcance versus desempenho. Queríamos reduzir o tamanho do carro. Achamos que é melhor para corridas de rua, o que leva a mais ultrapassagens, mais passes e um esporte mais emocionante”, declarou Reigle.  

A temporada de 2023 também implementará um limite de custo de US$ 14,1 milhões por equipe, destinado a conter despesas e focar a diferenciação da equipe em elementos como software, powertrain e drivers. Além disso, a Fórmula E também ajustou suas regras para tornar a corrida mais “meritocrática” e motivar os pilotos que não desempenharam tão bem nos últimos campeonatos.  

Em contramão às saídas recentes, a fabricante de automóveis italiana Maserati está programada para ingressar na próxima temporada, comprovando que a Fórmula E ainda é um atrativo para marcas automobilísticas. A Maserati será a primeira marca italiana da série quando se juntar a Nissan, Porsche, Jaguar, DS, Mahindra e NIO, que se comprometeram com a edição de 2023. Reigle ainda declarou que o torneio está “razoavelmente perto” de trazer outra marca de automobilismo conhecida. 

Reigle estima que as equipes de ponta geram mais de US$ 30 milhões em receita, principalmente de patrocínios, enquanto as equipes menores chegam perto de US$ 10 milhões. “Uma equipe razoavelmente bem administrada deve ser lucrativa no segundo ou terceiro ano”, disse Reigle, considerando o limite de custos que está por vir. 

Era dos carros elétricos 

O mercado se torna cada vez mais propício para a expansão da Fórmula E, tendo em vista a iminência de uma nova tendência no automobilismo: a era dos carros elétricos. Enquanto a União Europeia planeja banir os motores de combustão interna até 2035, o Reino Unido já declarou que fará isso em 2030. O estado norte-americano da Califórnia também determinou que todos os carros e caminhões de passageiros vendidos no estado devem ser veículos de emissão zero até 2035.  

Mesmo abalada pela saída de grandes marcas, a Fórmula E está pisando firme no acelerador para fazer parte da solução, tanto como laboratório técnico quanto como plataforma de marketing. A série de corridas, que tem como alvo ambientes urbanos modernos, está adicionando Vancouver, Seul e Jacarta a um calendário que inclui Nova York, Londres, Roma e Cidade do México. Enquanto estiver em Mônaco, a Fórmula E também sediará uma oficina na qual as montadoras podem oferecer ideias para ajudar a moldar as especificações do próximo modelo, Gen4, para o final desta década. 

Sport Insider
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