Durante a última semana, o atacante Kyllian Mbappé se recusou a participar de sessões de fotos e atividades de patrocínio pela seleção da França, questionando o contrato dos direitos de imagem dos jogadores franceses. Além de gerar tensão no ambiente de uma das seleções favoritas para a Copa do Mundo Qatar 2022 faltando pouco mais de dois meses para o início da competição, a atitude do craque do PSG também gerou revolta para a rede de fast food e patrocinadora da seleção francesa KFC, que cogita tomar medidas judiciais caso episódio semelhante aconteça.
Recusa de Mbappé: disputa por direitos de imagem
As tensões de Mbappé com a Federação Francesa de Futebol (FFF) por conta de direitos de imagem não são nenhuma novidade. Em março deste ano, o atacante já havia se recusado a participar de um evento dos patrocinadores da seleção francesa. De acordo com o jornal francês L’Équipe, um dos principais motivos para o conflito é o fato de o jogador querer escolher a quais eventos e patrocinadores ele associa a sua imagem.
Para Mbappé, além da FFF explorar de “maneira desigual” a imagem individual de cada atleta, cada profissional deveria ter o poder de escolher quais marcas quer se associar. De acordo com a estafe do astro francês, ele não quer estar relacionado a empresas de casas de apostas e fast food, por exemplo, que estão entre os patrocinadores da seleção da França.
De acordo com o atacante, essa posição não é apenas dele. “Desde o início, foi um movimento coletivo. É que não tenho problema nenhum de subir ao palco para lutar pelos meus companheiros. Não é grande coisa receber críticas. Estou acostumado”, afirmou. “Isso não vai mudar minha maneira de viver e, conseguir ajudar os meus companheiros a conseguir o que querem, é o principal”, completou Mbappé.
Resposta do KFC
Em entrevista ao portal Sport Business Club, o vice-presidente do KFC na França, Alain Beral, informou que a empresa estuda tomar medidas legais em caso de uma nova recusa em participar de compromissos de patrocínio da seleção francesa. Contudo, Beral não especificou se a medida seria para o atleta do PSG ou à entidade responsável pelo futebol francês. “Nós pagamos por algo. Se necessário, reivindicaremos nossos direitos”, declarou.
“É um problema entre a Federação e Mbappé, que está com um capricho próprio da revolta da juventude. Não temos nada a ver com isso. O que eu sei é que nós pagamos por algo que foi negociado de forma muita clara e vamos fazer valer os nossos direitos. Se os jogadores se vão recusar, então temo que as empresas privadas deixem de financiar os campeonatos e Federações”, completou o executivo do KFC.
No entanto, o KFC França posteriormente se distanciou dos comentários de Beral. Em declaração à agência de notícias britânica Reuters, o KFC França lamentou as palavras de seu vice-presidente, que seriam somente “opiniões pessoais, que de forma alguma refletem a posição da empresa.” Segundo a empresa, Alain Beral não falou em nome do KFC, mas no contexto de uma conversa privada durante um evento relacionado às suas funções como presidente da Liga Nacional de Basquete.
“A parceria entre o KFC e a Federação Francesa de Futebol sempre foi motivo de orgulho para a empresa. O KFC França tem toda a confiança na capacidade da FFF de encontrar soluções satisfatórias para todos os seus parceiros e jogadores, incluindo Kylian Mbappé”, completou o KFC França.
Federação Francesa promove acordo
Em nota publicada no dia 19 de setembro, a Federação Francesa de Futebol anunciou que havia chegado a um acordo para melhorar os direitos de imagem dos jogadores da seleção francesa.
“Após várias conversas na presença dos capitães da seleção francesa, do presidente, do treinador e de um gestor de marketing, a Federação Francesa de Futebol comprometeu-se a rever, a curto prazo, a convenção inerente ao direito de imagem que vincula os jogadores da seleção francesa. A FFF junta-se à ideia de trabalhar num novo acordo que garanta os seus interesses tendo em conta as legítimas preocupações e convicções expressas apenas pelos seus jogadores”, informou a nota da FFF.