Assim como qualquer segmento, a indústria esportiva não funciona sem todo um aparato jurídico. E por se tratar de um mercado em amplo crescimento, são muitas as oportunidades para quem é da área. Graduada em Direito pela PUC-RJ e pós-graduada em Direito Empresarial pelo IBMEC-RJ, Katherine Kahn é um exemplo de uma profissional que encontrou no esporte os caminhos para crescer e se estabelecer na carreira. Atual Diretora Jurídica e das áreas centrais da SISU Venture Partners, ela bateu um papo com o Sport Insider para contar um pouco da sua história.
O começo numa grande empresa
Katherine começou sua carreira no mundo corporativo logo numa empresa gigante: a Shell Brasil, multinacional petrolífera anglo-holandesa e uma das líderes no segmento de energia no Brasil e no mundo. Em seguida, migrou para a joint venture formada pela Cosan e a Shell, a Raízen Combustíveis S.A., responsável pelos operações de distribuição de combustíveis, açúcar e etanol no território nacional. E foi por lá que começou a flertar com a indústria esportiva.
“Durante a atuação no Departamento jurídico da Raízen, tive meus primeiros contatos profissionais com o mundo do esporte, especialmente pela forte convergência dos produtos distribuídos pela empresa com o automobilismo. Ao optar por deixar a Raízen, tive uma passagem pelo mercado financeiro, até que recebi o convite para atuar na Golden Goal, nas licitações e operações realizadas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Naquele momento, eu, que sempre tive o esporte como parte da minha educação e da vida pessoal, tive certeza de que atuar diretamente neste mercado era a trajetória que eu queria traçar na minha carreira”, conta Katherine.
Entrando para o time da Golden Goal
A trajetória na Golden Goal, uma das empresas do Grupo SISU, começou no início de 2016, quando Katherine foi contratada para prestar consultoria jurídica às operações de alimentos e bebidas de sedes dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Durante o projeto, ela participou de licitações junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, desenvolveu diversas minutas contratuais e mapeou riscos à operação, de modo a resguardar juridicamente as atividades realizadas pela licitante vencedora, além de prevenir e mitigar potenciais passivos.
Ao longo do Jogos, Katherine Kahn passou a ampliar sua área de atuação na empresa ao participar do Centro de Comando de Operações jurídico, que era responsável pelo suporte e finalização de projetos como a área de hospitalidade PyeongChang, a Heineken Holland House, EY House, entre outros.
“Após os Jogos, tive a oportunidade de liderar projetos bastante diversificados e de grande impacto não só à minha carreira, como ao mercado, entre eles estão o licenciamento da imagem dos atletas da Seleção Brasileira de futebol e dos clubes nacionais a uma das principais desenvolvedoras de jogos eletrônicos mundiais, a assunção de toda a operação de gestão de patrocínios, camarotes e propriedades comerciais do Complexo Maracanã, em parceria com o Flamengo e Fluminense e a exitosa operação de hospitalidade corporativa realizada nos principais estádios do país durante a Copa América 2019”, elenca a Diretora Jurídica.
Papel de liderança
Como ápice do crescimento profissional na empresa, Katherine assumiu a função de Diretora Jurídica e das áreas centrais, compostas pelos departamentos de Recursos Humanos, Financeiro, T.I. Administrativo e Departamento Pessoal. Nessa função, desenvolve um papel de liderança operacional e estratégica e mentoria.
“Meu dia a dia é bastante intenso e conta com um certo nível de imprevisibilidade, justamente pela diversidade de áreas geridas por mim e pela dinamicidade da negociações. Como atividades que desenvolvo com maior frequência, certamente destacam-se as negociações contratuais, desenvolvimento de estratégias jurídicas para nortear e respaldar modelos de negócio, criação, revisão e negociação de contratos e questões jurídicas, mapeamento de riscos e soluções de contorno, não só jurídicas, como às demais áreas centrais da empresa”, explica Katherine Kahn.
Oportunidades jurídicas no mercado esportivo
O mercado esportivo hoje, especialmente sob o ponto de vista jurídico, têm evoluído a passos largos, de acordo com a executiva. No entanto, segundo ela, ainda conta com um certo nível de amadorismo em algumas áreas, o que proporciona oportunidades interessantes de destaque a profissionais que buscam especialização no segmento e às empresas que investem em modelos estruturados de operação e em inovação. Katherine considera que a atuação na área jurídica está longe de estar saturada dentro da indústria esportiva, pela enorme gama de negociações e diversidade de contratos das mais distintas naturezas dentro do universo do esporte.
“O mercado esportivo tem demandado, cada vez mais, profissionais capacitados para áreas como licenciamento de direitos de propriedade intelectual, planejamento tributário e negociação de contratos internacionais, sejam estes relativos a transferências de atletas profissionais de futebol ou a parcerias comerciais entre empresas privadas e as principais entidades do esporte. Dessa forma, os profissionais interessados em atuar neste segmento, devem estar atentos aos principais acontecimentos do esporte e buscar constante especialização nos ramos, nos quais pretendem atuar, além de investirem intensamente no desenvolvimento de networking no mercado esportivo, uma vez que estes são alguns dos fatores de maior relevância ao ingresso na área e a uma trajetória de sucesso”, finaliza Katherine Kahn.