O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? – Parte 4: top 10 brasileiro

As dez principais modalidades olímpicas, que prometem carregar o Brasil ao topo do quadro de medalhas em Paris 2024


Por Cassio Bagnoli

24 de julho de 2024

Parceria Editorial

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Créditos: Nathalia Teixeira

Finalmente, chegamos às modalidades em que o Brasil não só tem boas chances de medalha, mas também de figurar entre os melhores do mundo. Na quarta parte desta série, destacaremos os esportes e atletas que se estabeleceram como elite global, com chances reais de alcançar posições de destaque em Paris 2024. Analisaremos as trajetórias desses atletas, seus desempenhos recentes e as expectativas para os Jogos. Veremos como o suporte das confederações e o investimento estratégico do COB têm sido fundamentais para esses resultados, mostrando como o Brasil pode consolidar sua posição como uma potência olímpica emergente.

Atletismo

Investimento: R$ 8,188 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) (Atletismo Brasil)

Número de atletas em Paris: 43 (24 Homens e 19 Mulheres)

Provas:

100m rasos, 200m rasos, 400m rasos, Revezamento 4x100m rasos, 110m com Barreiras, 400m com Barreiras, Revezamento 4x400m rasos, 20km Marcha Atlética, Salto em Altura, Salto em Distância, Salto Triplo, Arremesso de Peso, Lançamento de Dardo e Decatlo Masculino

100m rasos, 200m rasos, 400m rasos, 800m rasos, 400m com Barreiras, 3000m com Obstáculos, Salto em Altura, Salto com Vara, Salto em Distância, Salto Triplo, Arremesso de Peso, 20km Marcha Atlética, Lançamento de Disco e Lançamento de Dardo Feminino

Revezamento Misto da Marcha Atlética

Medalhas em Tóquio: 2 Bronzes (Alison dos Santos – 400m com Barreiras e Thiago Braz – Salto com Vara)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas?

É impossível pensar em Olimpíadas sem nos recordarmos de uma imagem do Atletismo. O esporte inaugural dos Jogos e o mais antigo do programa olímpico; e que também serve de base para as outras modalidades. Além disso, o Atletismo é o esporte que mais oferece medalhas durante uma edição olímpica, fazendo com que os resultados obtidos nele, interfira diretamente nas pretensões das grandes potências olímpicas.

Desde Helsinque 1952 – quando o Brasil conquistou as suas primeiras medalhas no esporte – o país sempre viveu de esporádicos sucessos. Normalmente, alguns atletas de exceção que conseguem se destacar no competitivo mundo do Atletismo. Por isso, a CBAt trabalha para mudar de vez este cenário, e colocar a bandeira brasileira no topo das mais diversas provas.

A confederação conta com uma equipe considerável, e profissional, de gestão; tal como outras entidades, também possui um planejamento estratégico que compreende o ciclo de 2021-2025. No entanto, no caso da CBAt, este planejamento é mais detalhado, abrangendo um número maior de pilares de desenvolvimento. Um dos principais pilares desse plano é o projeto de centros de formação.

O programa Centros de Formação do Atletismo (CFAs), foi criado em 2018 com o intuito de identificar os projetos já existentes do esporte no país, fomentando a prática do Atletismo e a consequente peneira de talentos. Os centros recebem um auxílio mensal da confederação, além de cursos e clínicas para melhoramento das metodologias de treinamento. Atualmente, são cerca de 60 centros espalhados pelas regiões brasileiras, mas a entidade tem planos de dobrar esse número nos próximos anos.

A CBAt consegue fazer esse tipo de investimento por causa do alto montante que a organização acumula entre recursos públicos e privados. No ano passado, a confederação arrecadou mais de quarenta e um milhões de reais, a maior parte dividida entre repasse do COB (R$10.000.000,00) e seus principais patrocinadores Puma, NewOn e Caixa (R$ 20.000.000,00). Além disso, a entidade conseguiu arrecadar mais de quinze milhões de reais em leis de incentivo. Grande parte destes recursos é direcionada às participações internacionais, na preparação técnica das equipes, e no desenvolvimento dos centros de formação.

Apesar dos grandes resultados financeiros da CBAt, os esportivos ainda não refletem todo este investimento. O Brasil ainda continua dependente de poucos atletas na obtenção de conquistas esportivas relevantes. Ainda neste ciclo, o Atletismo brasileiro sofreu com casos de doping, e a falta de uma testagem ideal para os nossos representantes nacionalmente. Um desses casos foi o responsável por tirar o campeão olímpico na Rio 2016, e bronze em Tóquio, Thiago Braz, desta edição. E acabou por afetar a participação de alguns outros atletas, dos quais obtiveram a vaga pelo ranking classificatório, mas não poderão estar em Paris por causa da falta de testagem adequada, imposta pela World Athletics ao nosso país.

Campo – Nas provas de campo, apenas três atletas atingiram as marcas classificatórias para os Jogos de Paris: Izabela Silva (Lançamento de Disco); Darlan Romani (Arremesso de Peso) e Almir dos Santos (Salto Triplo). Izabela e Almir conquistaram as suas marcas na reta final de classificação; a arremessadora foi finalista da edição japonesa, mas precisará melhorar se quiser repetir a atuação. Almir, chegou a saltar 17m31, a sexta melhor marca do ano, e se aproximou de uma possível briga por pódio.

Por outro lado, Darlan, continua sendo a grande esperança das provas de campo. O atleta de Concórdia, Santa Catarina, se manteve entre os melhores do mundo durante o ciclo, conquistando o título do mundial indoor em 2022. Porém, a sua prova está sendo uma das mais disputadas do esporte há algum tempo, com adversários de “peso” no seu caminho, como o americano, Ryan Crouser, e o neozelandês, Tom Walsh. O Brasil ainda teve uma outra atleta se destacando no ciclo, a saltadora Letícia Oro Melo, que faturou a medalha de bronze, no salto em distância, no mundial outdoor de 2022. Contudo, ela não deu sequência nos bons resultados, e acabou de fora dos Jogos, após uma lesão.

É importante, também, ficarmos de olho na participação do time de lançamento de dardo. Jucilene de Lima, Luiz Maurício da Silva e Pedro Henrique Rodrigues vêm colocando o país no mapa da modalidade, e alcançando recordes em competições recentes. Existe uma expectativa de que eles possam chegar à uma final olímpica.

Pista – A grande referência do Atletismo do Brasil tem sido o corredor dos 400m com barreiras, Alison dos Santos. Medalhista de bronze na mesma prova em Tóquio, Alison, teve um ciclo olímpico de conquistas, e lesão, que o afastou das competições por um longo tempo. No entanto, resultados recentes em etapas da Diamond League, mostraram que ele chegará em Paris como a maior esperança brasileira no esporte.

Lucas Carvalho e Matheus Lima são outras duas apostas na prova dos 400m rasos. Os atletas atingiram as marcas necessárias para garantir os seus lugares nos Jogos, demonstrando a evolução do país na distância. Resultados que ajudaram a classificar o time de revezamento no 4x400m, e criam uma expectativa para a participação de Alison, numa possível final. Outro grande resultado do Brasil no ciclo, foram as marcas atingidas por Erik Cardoso e Felipe Bardi nos 100m rasos. Ambos correram para baixo dos dez segundos, tornando-se os primeiros brasileiros, e sul-americanos, a atingirem tal tempo.

Vale destacar a participação da dupla brasileira dos 110m com barreiras, Rafael Pereira e Eduardo Rodrigues. Além da promessa dos 200m rasos e revezamento 4x100m, Renan Gallina, que podem surpreender em suas provas.

Maratona e Marcha Atlética – Danielzinho, vem sendo o principal nome do Brasil nas provas de maratona. O atleta que treina no Quênia, consegue bater de frente com grandes nomes da modalidade. Porém, ainda lhe falta um pouco de resistência para atingir as expressivas marcas dos atletas de elite e, até por isso, ele já tem buscado competir nas provas do 10.000m. Entretanto, Danielzinho, foi mais um caso de doping brasileiro recente, e perdeu a sua vaga nos Jogos. Ele chegou a ter um problema de relacionamento com o COB, após ter perdido o ônibus que o levaria para esta prova, sem conseguir participar nela durante os Jogos Pan-americanos do ano passado; além de ter cogitado a mudança de nacionalidade para competir sob a bandeira chinesa. Agora, mais uma situação que abala o seu relacionamento com a CBAt, e com o comitê olímpico brasileiro.

Enquanto isso, a marcha atlética tem demonstrado um imenso potencial esportivo para o Brasil. Três atletas têm sido os responsáveis por colocar o país no cenário da modalidade: Érica de Sena, Caio Bonfim e Viviane Lyra. Érica chegou muito perto da medalha nos Jogos japoneses, mas acabou fora do pódio após uma punição na reta final da prova. Neste ciclo, ela ficou afastada por bastante tempo por causa da gravidez, voltando às competições somente no ano passado.

Viviane Lyra é uma das grandes novidades da prova dos 20km. Ela vem melhorando os seus tempos e chegando cada vez mais perto do pódio nas principais competições. A atleta carioca, será parceira de Caio Bonfim na novíssima prova do revezamento da marcha atlética. Ambos competirem pela primeira, e única vez, durante o mundial deste ano, e por pouco não saíram como campeões. Caio também terá a sua participação individual para conquistar uma medalha. Ele chegou perto nas Olimpíadas do Rio, e mais recentemente vem subindo nos pódios das principais provas dos 20km.

Boxe

Investimento: R$ 9,958 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe)

Número de atletas em Paris: 10 (5 Homens e 5 Mulheres)

Provas: Categorias até 50kg, até 54kg, até 57kg, até 60kg e até 66kg Feminino; Categorias até 51kg, até 57kg, até 80kg, até 92kg e acima de 92kg Masculino

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Herbert Conceição – Até 75kg) 1 Prata (Beatriz Ferreira – Até 60kg) e 1 Bronze (Abner Teixeira – Até 91kg)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas?

Após a volta da conquista de medalhas pelos boxeadores brasileiros em Londres 2012, o esporte começou a trilhar um novo caminho de glórias olímpicas. A modalidade entrou de vez no grupo de principais esportes do país, e se tornou o carro-chefe da delegação do Brasil na última edição dos Jogos.

Muito dessa evolução passa pelo trabalho da atual comissão técnica, liderada por Mateus Alves. O gaúcho chegou à confederação anos antes da edição britânica dos Jogos, e foi crescendo dentro da entidade. Desde então, o Boxe brasileiro tomou um novo rumo através da sua visão de treinamentos, capacitação e identificação de talentos.

Apesar das constantes conquistas do esporte, o Boxe no Brasil ainda é extremamente dependente dos projetos sociais espalhados pelo país. Muitos deles são custeados, por conta própria, através de treinadores de Boxe que utilizam da modalidade como forma de apoio aos jovens de periferias. A partir daí os atletas de destaque são encaminhados às federações estaduais e, consequentemente, às seleções brasileiras. Outro fator decisivo na evolução do Boxe, foi a construção de um centro de treinamento em São Paulo, e a criação de uma equipe olímpica permanente, permitindo que os boxeadores convivam juntos e possam melhorar tecnicamente.

Nos Jogos Pan-americanos de Santiago, no Chile, o Boxe conquistou um resultado histórico, subindo ao pódio por doze ocasiões nas difíceis disputas entre as nações do continente; e classificando uma grande parte dos boxeadores para as Olimpíadas. Ao todo, o Brasil contará com dez atletas nos ringues de Paris, ficando de fora de apenas três categorias, uma no feminino e duas no masculino.

Todos eles têm capacidade de disputar uma medalha olímpica, sendo que alguns deles tentarão garantir as suas segundas medalhas em Jogos. Este é o caso da boxeadora Beatriz Ferreira, que se tornou o grande nome desta equipe. Bia foi prata na edição de Tóquio, onde ela já era considerada uma das favoritas. Neste ciclo, ela vem ainda mais forte, após decidir competir, conjuntamente, no chamado Boxe Profissional, onde sagrou-se campeã mundial. Outros boxeadores que também deve brigar pelo pódio olímpico são, Wanderley Pereira, Abner Teixeira, Keno Marley, Bárbara dos Santos e Jucielen Romeu.

Canoagem

Investimento: R$ 8,522 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) (Canoagem Brasileira)

Número de atletas em Paris: 8 (5 Homens e 3 Mulheres)

Provas:

Velocidade – C1 1000m, C2 500m e K1 1000m Masculino; C1 200m e K1 500m Feminino

Slalom – C1, K1 e Caiaque Cross Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Isaquias Queiroz – C1 1000m)

Oitenta milhões de reais. Esta é a dívida anunciada pela CBCa, logo após o fim dos Jogos de Tóquio. Valor que seria o sonho de vários clubes de Futebol, mas que afundou a entidade em uma profunda crise, fazendo com que ela demitisse todos os seus funcionários da parte administrativa. Desde então, as atividades da confederação passaram a ser administradas pelo COB, que busca alternativas de recuperação financeira para a organização, enquanto alguns antigos colaboradores se dispuseram a trabalhar voluntariamente.

A maior parte destas dívidas são oriundas de recolhimento de impostos não feitos na década de 90. Na época, as confederações tinham permissões para operarem os jogos de azar. A CBCa tinha a posse de duas operações de bingos, mas que deixaram de recolher os impostos, levando-os a este imenso acúmulo de passivo.

A grande cartada da Canoagem brasileira para superar esta crise, são os centros de treinamento espalhados pelo país. O principal deles é o de Lagoa Santa, em Minas Gerais, que costuma sediar etapas nacionais e o treinamento das principais seleções. O país ainda conta com ótimos locais em São Paulo, no Rio de Janeiro e, principalmente, no Paraná. Todos os locais possuem projetos sociais que ajudam na captação de talentos. Um dos principais projetos está localizado em José de Freitas, no Piauí, e já ajudou a alçar alguns canoístas para as equipes brasileiras.

Canoagem Slalom – Mesmo com os problemas enfrentados pela confederação, a parte esportiva da canoagem continua sendo uma forte esperança de medalhas para o Brasil, e até aumentou as chances de conquistas para estes Jogos.  Mesmo classificado para todas as provas da modalidade, o Brasil só contará com dois atletas nas águas olímpicas das provas de Slalom. No masculino, o selecionado para representar as cores do país foi o experiente Pepê Gonçalves. O canoísta de Ipaussu, no interior de São Paulo, chegou a ser sexto colocado na prova do K1 nos Jogos do Rio 2016; multimedalhista pan-americano, Pepê, não está na sua melhor fase; porém, ele costuma ter excelentes resultados na prova do caiaque cross, que fará a sua estreia nesta edição dos Jogos. Ele foi terceiro colocado nesta prova no mundial de 2019, conquistando a primeira posição do ranking mundial.

No entanto, as maiores esperanças para o Brasil residem no feminino, com a canoísta Ana Sátila. Natural de Iturama, Minas Gerais, ela está na melhor fase da carreira, e recentemente, vem conquistando pódios nas etapas de Copa do Mundo, mostrando que pode brigar pela medalha olímpica em todas as provas da modalidade. Tal como o seu compatriota, Ana, chegará forte pela briga na prova do caiaque cross, da qual já foi campeã mundial.

Canoagem Velocidade – Isaquias Queiroz é a cara da modalidade no país. O baiano continua sendo a maior, e única, oportunidade de vermos o Brasil no pódio parisiense. Este ciclo olímpico foi bastante diferente para Isaquias; ele tirou um período sabático para se dedicar à família, trazendo questionamentos de como poderia ser a sua performance nas Olimpíadas. Dúvidas que foram resolvidas depois de conseguir vitórias em recentes etapas de Copas do Mundo, mostrando que ele ainda é um atleta de alto nível, e está na elite de suas provas.

O Brasil conseguiu aumentar o número de representantes nesta modalidade, em comparação com a última edição. Porém, nenhum dos outros atletas demonstrou desempenho capaz de surpreender e brigar por uma medalha. Ainda assim, vale ressaltar os canoístas Jacky Godmann e Mateus Nunes. Jacky será, novamente, parceiro de Isaquias na prova do C2. Eles foram quarto colocados em Tóquio, e com certeza, pretendem mudar isso nesta nova chance. Mateus, é uma das grandes promessas do esporte; no entanto, a sua convocação foi uma surpresa, uma vez que o Brasil conta com um atleta campeão mundial sub23, Felipe Vieira, na prova do C1. O país vem acumulando conquistas importantes em categorias de base, e podemos ter uma boa sucessão nos próximos anos.

Ginástica

Investimento: R$ 12,025 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Ginástica (CBG)

Número de atletas em Paris: 15 (3 Homens e 12 Mulheres)

Provas:

Artística – Disputa por Equipes, Individual Geral e Aparelhos Feminino; Individual Geral e Aparelhos Masculino

Rítmica – Disputa por Equipes e Individual Geral Feminino

Trampolim – Individual Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Rebeca Andrade – Salto) e 1 Prata (Rebeca Andrade – Individual Geral)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas?

Quem acompanha a Ginástica, sabe que o esporte está em plena evolução no Brasil há mais de duas décadas. Os primeiros grandes resultados surgidos no começo dos anos 2000, eram apenas o início da grande fase vivida pela modalidade. Atualmente, a Ginástica possui uma relevância gigantesca para as pretensões olímpicas brasileiras.

A CBG é a segunda confederação que mais recebe recursos do COB, muito graças aos resultados esportivos alcançados. Ainda assim, a entidade consegue elevar bastante o montante final por causa do patrocínio máster da Caixa. No ano passado, a instituição financeira investiu mais de sete milhões de reais na organização. Recentemente, a CBG, angariou novos patrocinadores, como a Vivo, Gelol, Piracanjuba e NewOn, que prometem aumentar as receitas para este ano.

Essa junção de recursos públicos e patrocínios, geraram quase vinte milhões de reais para a entidade em 2023. Investimento que na sua maior parte (cerca de 60%) é destinado para a preparação técnica das equipes brasileiras, e nas participações em competições internacionais. Contudo, a confederação não deixa de investir nas bases, e através da parceira com a Caixa, criou o projeto centros de excelência que ajudam a desenvolver o esporte nas federações filiadas, e captam jovens promessas para as seleções e clubes esportivos.

Por falar em clubes, a CBG registrou um aumento de cerca de 30% no número de clubes esportivos e projetos sociais voltados para a Ginástica, no ano passado. Isso representa quase oito mil novos praticantes cadastrados nos programas da confederação. Números que ajudam na manutenção do esporte, e no surgimento de novos talentos.

Ginástica Artística – Quando se fala de Ginástica Artística no Brasil, não tem como deixar de citar a superestrela Rebeca Andrade. A ginasta de Guarulhos é a grande referência do esporte no país, e uma das principais atletas a nível mundial. Para se ter uma ideia da importância dela para a delegação brasileira, podemos dizer que cerca de 20% a 30% das medalhas que o Brasil conquistará em Paris, deverão passar pelo talento dela. Rebeca é candidata a subir no pódio em todas as provas, com destaque para as provas do salto e o individual geral. Flávia Saraiva é o segundo nome da equipe que também pode medalhar. Ela tem apresentações de alto nível nas provas da trave e solo.

No masculino, o Brasil não conseguiu a classificação por equipes. Caio Souza, um dos principais ginastas no momento, teve um ciclo com muitas lesões e cirurgias, tirando-o do mundial – que servia de classificatório – e diminuindo as suas chances de ser escolhido para uma das duas vagas que o país tem direito. Os selecionados foram Diogo Soares, que garantiu um dos lugares através dos Jogos Pan-americanos, e Arthur Nory, que foi medalhista olímpico na Rio 2016, e campeão mundial na prova da barra fixa durante o ciclo.

Ginástica Rítmica – As proibições de participação de atletas de Belarus e Rússia, transformou o cenário da Ginástica Rítmica no último ciclo, e permitiu que países emergentes pudessem ter espaço de crescimento nas competições. Esse foi o caso do Brasil, que já vinha evoluindo há alguns anos e está na sua melhor fase da história do esporte.

O Brasil terá a participação da Bárbara Domingos nas disputas individuais, e do conjunto na competição de equipes. A ginasta paranaense teve um excelente desempenho no mundial da modalidade, garantindo o seu lugar nos Jogos. Vale destacar uma outra atleta, Maria Eduarda Alexandre, que não teve a chance de competir no mundial, mas já está se destacando em etapas de Copa do Mundo.

A equipe brasileira sonha com uma possível medalha. Não será fácil para o time brasileiro, uma vez que elas precisarão fazer a série perfeita e torcer para algum tropeço das adversárias para subir no pódio em Paris. Porém, elas já alcançaram ótimas marcas em algumas Copas do Mundo, batendo inclusive o recorde de maior nota de um conjunto do país.

Ginástica de Trampolim – Pela primeira vez, o Brasil levará atletas nesta modalidade para as disputas das provas olímpicas.  A classificação no Trampolim não é nada fácil, e apenas 16 ginastas por gênero conseguem carimbar as vagas. Desta vez, o Brasil terá um representante em ambos, uma marca fantástica para o país.

No masculino, Rayan Dutra, teve um ciclo olímpico de clara evolução; o atleta se manteve constantemente nas posições intermediárias das etapas de Copa do Mundo classificatórias e, com isso, conquistou com tranquilidade a sua vaga. No feminino, Camila Gomes, foi a selecionada. O seu ciclo olímpico foi melhor ainda, ela garantiu participação na final do mundial da modalidade; além de ter medalhado em algumas Copas do Mundo.

A escolha por Camila não foi fácil, uma vez que a segunda melhor atleta brasileira, Alice Gomes, foi a melhor colocada no mundial, garantindo a vaga para o país. No entanto, Camila está há mais tempo representando o país, e possui uma série de apresentação melhor do que a sua compatriota. Camila não chega como uma grande chance de medalha, mas caso acerte a sua série, será uma forte candidata ao pódio.

Judô

Investimento: R$ 9,159 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Judô (CBJ)

Número de atletas em Paris: 13 (7 Homens e 6 Mulheres)

Provas: Categorias até 60kg, até 66kg, até 73kg, até 81kg, até 90kg, até 100kg e acima de 100kg Masculino; Categorias até 48kg, até 52kg, até 57kg, até 63kg, até 78kg e acima de 78kg Feminino; Disputa por Equipes Mista

Medalhas em Tóquio: 2 Bronzes (Mayra Aguiar – até 78kg e Daniel Cargnin – até 66kg)

A modalidades mais vitoriosa do esporte olímpico brasileiro. É assim, que o Judô é conhecido dentro do COB. Ao todo, o esporte já trouxe vinte e quatro medalhas para o Brasil, representando um sexto de todas as conquistas do país em Olimpíadas na história. Outro dado impressionante, é o fato de que o Judô brasileiro não passa uma edição dos Jogos em branco, desde Los Angeles 1984.

Mesmo com a importância histórica do esporte, a CBJ não possui uma arrecadação condizente com os resultados esportivos do esporte, ou seja, ainda é bastante dependente do repasse do comitê. A entidade tem dificuldades de rentabilizar com patrocínios, e busca leis de incentivo e outros tipos de receitas para melhorar a parte financeira da organização. Para este ano, a previsão é de que a CBJ consiga quase vinte dois milhões de reais que, normalmente, são destinados para o alto custeio de manutenção da própria confederação, e nos projetos para as equipes de alto rendimento

Nos tatames, o ciclo olímpico do Brasil não foi ruim. Nós conquistamos medalhas em todas as categorias nos eventos Grand Prix e Grand Slam, os principais do circuito da federação internacional. Esses resultados renovaram o ânimo dos judocas brasileiros, que não haviam tido um desempenho tão bom nos Jogos do Japão. Muito se falava que o Brasil necessitava de uma renovação de nomes em suas equipes, após o fim do evento.

De certo modo, a renovação aconteceu; porém, a equipe brasileira para estes Jogos ainda conta com muitas figurinhas repetidas. O Brasil só não estará representado na categoria até 70kg no feminino, mas chegará às Olimpíadas com algumas boas apostas de medalhas. Rafaela Silva, Mayra Aguiar, Daniel Cargnin, Beatriz Souza e Guilherme Schimidt são os principais nomes. Eles foram os judocas que melhor desempenharam no ciclo, se mantendo no topo dos rankings mundiais, e com conquistas importantes.

Contudo, não podemos deixar de lado alguns outros atletas, como Larissa Pimenta, Leonardo Gonçalves, Rafael Silva e Willian Lima, que chegarão aos Jogos como candidatos a uma surpreendente medalha. O Brasil ainda terá a difícil disputa por equipes para tentar subir ao pódio, mantendo a tradição do esporte na história.

Skate

Investimento: R$ 10,534 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk)

Número de atletas em Paris: 12 (6 Homens e 6 Mulheres)

Provas: Street Masculino e Feminino; Park Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 3 Pratas (Raissa Leal – Street Feminino; Kelvin Hoefler – Street Masculino e Pedro Barros – Park Masculino)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas?

Prestes a iniciar a sua segunda participação olímpica, o Skate, vive uma grande indecisão quanto ao seu futuro. Não só no Brasil, mas também em outros países, como os Estados Unidos e o Canadá; um verdadeiro imbróglio jurídico e político que ameaça a presença das grandes estrelas para o próximo ciclo olímpico.

Desde o anúncio de que o Skate seria um esporte olímpico, uma briga política se iniciou pela gerência da modalidade. O comitê olímpico internacional reconhece a World Skate como federação internacional filiada e, portanto, a responsável pela organização dos eventos da modalidade. No entanto, em muitos países, existem duas ou mais confederações que se denominam como oficiais. No nosso caso, a CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação) e a CBSk (Confederação Brasileira de Skateboarding).

A CBHP foi fundada em 1988, e pretendia regulamentar as competições esportivas de esportes sobre rodas, o que incluía o Skate. Porém, a confederação sempre deu uma maior atenção aos esportes de patinação. Onze anos depois, surgiu a CBSk, voltada exclusivamente para o Skate, e que sempre apoiou os skatistas brasileiros.

Recentemente, o COI, definiu que somente uma entidade poderá ser a responsável pelo esporte, e por isso, apenas uma das confederações será filiada à World Skate. Esta ordem, fez com que o conflito entre as entidades voltasse à tona. A solução inicial seria uma fusão entre as duas confederações, algo totalmente rechaçado pelo presidente da CBSk, Eduardo Musa, que se tornou um grande desafeto da atual presidência do COB. Caso a CBSk perca a chancela, os grandes astros do Skate brasileiro deixarão de competir nos eventos internacionais, uma vez que eles não pretendem defender a outra organização. Se a CBHP for desfiliada, os esportes de patinação do Brasil perderão espaço, e representatividade, no cenário internacional.

Enquanto não há uma conclusão para este problema, a CBSk tenta desenvolver um campeonato nacional, através dos eventos da STU. Ainda há uma parceria com a Adidas, que auxilia na rentabilidade da confederação, mas continua muito dependente do repasse do COB; sendo um outro motivo para que a entidade lute pela permanência na gestão da modalidade. No ano passado, foram apenas um milhão de reais em arrecadação entre recursos privados e patrocínios, um valor distante do potencial do esporte e daquilo que é recebido na forma de recursos públicos.

Ainda neste ciclo, a CBSk elaborou um projeto de construção de um centro de treinamento olímpico para as seleções brasileiras de Skate Street, Park e Vert. Houve uma disputa pela concessão desse espaço entre as cidades de Curitiba, no Paraná, e Guarulhos, São Paulo. Contudo, a vencedora foi a cidade de Campinas, em São Paulo. Entretanto, o complexo ainda não saiu do papel, e teve o seu orçamento dobrado de oito, para dezesseis milhões de reais na última revisão. A expectativa é de que o local seja inaugurado no próximo ano, com um ciclo olímpico inteiro de atraso na construção.

Street – É impossível falar do Skate Street do Brasil, sem citar a Rayssa Leal; uma das maiores estrelas da delegação brasileira em Paris, e uma das poucas atletas que estouraram a bolha do esporte, tornando-se uma celebridade nacional. A “Fadinha” vive uma fase incrível em termos de resultados, vencendo diversas etapas do circuito da Street League Skateboarding (SLS) e dos torneios classificatórios da World Skate para as Olimpíadas. Além de ter se sagrado campeã mundial em ambos circuitos durante o ciclo olímpico

A skatista maranhense irá em busca da tão sonhada medalha de ouro na capital francesa, mas não terá vida fácil. Ela precisará superar a jovem australiana, Chloe Clovell, que apareceu nos últimos anos incomodando bastante a brasileira nos campeonatos internacionais. Além do esquadrão japonês, que contou com uma intensa disputa interna, fazendo com que a atual campeã olímpica, Momiji Nishiya, ficasse de fora dos Jogos Olímpicos. Gabriela Mazetto e Pâmela Rosa completam o time. Mazetto é veterana no skate, e terá a sua primeira oportunidade de competir nas Olimpíadas, após descobrir uma gravidez que atrapalhou as suas chances de classificação para Tóquio. Ela nunca esteve entre as principais candidatas ao pódio olímpico, e o seu ciclo não teve resultados expressivos, por isso, uma final já seria uma conquista. O mesmo vale para Pâmela, que foi campeã mundial em 2019, mas desde então amarga resultados fracos para o seu potencial.

O time masculino será exatamente o mesmo que esteve em Tóquio, porém, vivendo momentos diferentes. Kelvin Hoefler, medalhista de prata, e Felipe Gustavo, eram os principais nomes da equipe no Japão. Neste ciclo, ambos estiveram numa gangorra de resultados. Felipe chegou a vencer uma etapa da SLS, em Sydney, no ano passado; mas não obteve boas notas nas etapas classificatórias da World Skate. Kelvin, conseguiu se manter entre os melhores do mundo, porém não alcançou grandes conquistas no ciclo.

Atualmente, as grandes chances brasileiras estão em cima do skatista Giovanni Vianna. Giovanni, teve os melhores resultados do ciclo. A sua evolução foi a mais evidente entre os atletas brasileiros, batendo de frente com os principais nomes da modalidade. Ele também garantiu o título do Super Crown da SLS em 2023, demonstrando a sua ótima fase.

Park – As competições do Skate Park também reservam boas possibilidades para o Brasil. A equipe feminina será formada por Isadora Pacheco, Dora Varella e Raícca Ventura. As “Isadoras” estiveram na estreia do esporte no Japão. Ambas mostraram uma melhora técnica nas suas voltas no ciclo, mas ainda abaixo do que seria necessário para brigarem pelas medalhas. A grande revelação veio com a performance de Raícca, que surgiu para o cenário nacional após os últimos Jogos. Ela tem mostrado ser o principal nome do país na modalidade, e terá que se superar para vencer as fortes rivais do Japão, Espanha, Austrália e Reino Unido.

No masculino, as competições costumam ter apenas três países representados nos pódios (Brasil, Austrália e Estados Unidos). O time masculino será extremamente forte, com a participação do medalhista de prata nos Jogos do Japão, Pedro Barros. Além dos novatos, Luigi Cini e Augusto Akio. Todos se mantiveram no topo da modalidade durante o ciclo olímpico, e conquistaram pódios nos dois últimos mundiais da World Skate. Resultados que os colocam como ótimos candidatos ao pódio na competição parisiense.

Surfe

Investimento: R$ 9.006 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Surf (CBSurf)

Número de atletas em Paris: 6 (3 Homens e 3 Mulheres)

Provas: Individual Feminino e Masculino

Medalhas em Tóquio: 1 ouro (Ítalo Ferreira – Individual Masculino)

De acordo com a International Surfing Association (ISA), o Brasil possui mais de 45 milhões de fãs de surfe, e cerca de 3 milhões de praticantes. Tais números demonstram um pouco do crescimento da modalidade nos últimos anos, e os grandes negócios que surgiram após a popularização do esporte; que já era visto com bons olhos pelo público brasileiro. No Brasil, a CBSurf é a responsável pela organização e desenvolvimento do esporte e, apesar de ser uma entidade recente dentro do comitê olímpico brasileiro, ela já está entre as que mais recebem investimento.

O ciclo da CBSurf foi um pouco conturbado. A entidade passava por diversas disputas internas entre grupos políticos, uma briga que começou antes mesmo dos Jogos de Tóquio, e que perdurou por um tempo após a realização do evento. Por incrível que pareça, a confederação não conta com nenhum grande patrocinador para aporte de capital privado. Isso se deve aos problemas administrativos da entidade, que afastam os patrocinadores, e optam por patrocinar os próprios surfistas, ou as competições da World Surf League (WSL). Somente quando o lendário surfista, Teco Padaratz, assumiu a presidência em 2022, as coisas entraram no eixo.

Atualmente, a entidade arrecada através do repasse do COB, inscrições de atletas em competições, pagamentos das filiações estaduais associadas e, principalmente, por meio de projetos incentivados, que dobraram as receitas da CBSurf no ano passado. Toda essa verba é destinada, em sua maior parte, para dois projetos da entidade: a organização do Dream Tour, a principal competição de surfe nacional, e no fomento de atletas e competições de base. No último ano, a confederação conseguiu trazer o mundial de surfe júnior para o Brasil, e também desenvolveu um programa de treinamento para a seleção júnior, apoiando alguns surfistas de destaque nas categorias juniores.

Nos mares, o Brasil vai muito bem! Foi o único país a conseguir a cota máxima para os Jogos de Paris, e será um dos grandes candidatos ao pódio, no Taiti, local de competição do surfe. A equipe feminina contará com a experiente Tatiana Weston-Webb, e as novatas Tainá Hinckel e Luana Silva. Tainá teve um excelente desempenho durante os ISA Games deste ano, garantindo a sua vaga. Enquanto, Luana, participou de etapas do circuito mundial. Tatiana teve um excelente desempenho na etapa de Teahupoo do circuito mundial deste ano, chegando a tirar uma nota dez.

Já no masculino, a equipe será formada por Gabriel Medina, Filipe Toledo e João Chianca. Há uma dúvida de como Chianca e Toledo chegarão aos jogos; o atual bicampeão mundial, Toledo, decidiu se poupar na temporada, e não está competindo no circuito. E, Chianca, se recupera de um grave acidente no início do ano, deixando-o de fora das etapas. Medina, por outro lado, precisou batalhar muito para conquistar a sua vaga, mas chegará como um dos favoritos ao pódio. Além dos três títulos mundiais, o surfista de Maresias, conhece muito bem as ondas do Taiti, e chegou a vencer a etapa de Teahupoo, por algumas vezes.

Tênis

Investimento: R$ 7,142 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Tênis (CBT)

Número de atletas em Paris: 5 (2 Homens e 3 Mulheres)

Provas: Simples Masculino e Feminino; Duplas Masculino e Feminino (As duplas mistas ainda serão confirmadas)

Medalhas em Tóquio: 1 Bronze (Laura Pigossi e Luísa Stefani – Duplas Femininas)

A CBT vive um excelente período administrativo e de conquistas esportivas. Após a inédita medalha de bronze na disputa das duplas femininas em Tóquio, o esporte voltou a ter uma grande visibilidade por parte da mídia e do público. Isso foi fundamental para estabelecer o Tênis, e a confederação, entre os principais do cenário esportivo brasileiro.

Financeiramente, a confederação está num ótimo momento, e consegue uma boa arrecadação através de filiações, cursos, taxas de competições, ingressos e patrocínios. No orçamento da entidade para este ano, estão planejados cerca de R$34.000.000,00 de receitas, sendo quase treze milhões de reais somente de patrocínios. O principal deles do BRB, que é o maior entre os oito patrocinadores e apoiadores da CBT.

Muito do aumento da receita da confederação nos últimos anos, veio do crescimento do Beach Tennis no país. Com isso, o interesse e a prática aumentaram, e oportunizaram a criação e desenvolvimento dos campeonatos da modalidade, e a chance de sediar eventos internacionais, gerando uma receita maior. Para se ter uma ideia, o valor arrecadado com inscrições, cursos e ingressos praticamente dobrou entre os anos de 2021 e 2022, saindo dos R$2.500.000,00 e chegando a quase cinco milhões de reais, muito puxado pelo aumento de interesse no esporte, e a consequente popularização em todo território nacional.

Tudo isso, permite que a CBT, financeiramente, possa auxiliar os seus atletas de forma direta. No ano passado a confederação distribuiu mais de um milhão e meio de reais aos seus principais atletas de Tênis, Beach Tennis e Tênis em Cadeira de Rodas. Um aumento de 12% em relação ao que havia sido distribuído no ano anterior. A entidade ainda conta com um projeto de fomento do esporte em Florianópolis, o Fundação Tênis, onde há a oportunidade de jovens em situação de vulnerabilidade de terem contato com o esporte, e de realizarem cursos educacionais.

O Tênis brasileiro contará com cinco atletas nas disputas olímpicas. Número que ainda pode crescer até dias antes do início do evento, por causa das comuns desistências do esporte. No feminino, as maiores chances são com as já medalhistas olímpicas Laura Pigossi e Luisa Stefani; além da melhor brasileira no ranking mundial, Beatriz Haddad.

Bia já demonstrou que sabe, e gosta, de atuar no saibro de Roland Garros. Ela chegou a conquistar uma semifinal no Grand Slam parisiense durante o ciclo. Porém, as suas participações têm sido de altos e baixos nos torneios mais recentes. Desta vez, Bia, será a parceria nas competições de duplas com Luisa Stefani, na tentativa de repetir o feito dos Jogos de Tóquio, quando Luisa conquistou a medalha de bronze ao lado de Laura Pigossi. Por falar na Laura, inicialmente, ela irá competir apenas no torneio de simples em Paris.

No masculino, o Brasil deu sorte e garantiu uma vaga das realocações dos Jogos Pan-americanos, para o tenista Thiago Monteiro. A segunda vaga veio pelo ranking para Thiago Wild, que garantiu o seu lugar na competição olímpica por causa do crescimento técnico apresentado na reta final. Ambos disputarão o torneio de simples, e estarão juntos para a competição de duplas.

Vela

Investimento: R$ 7,413 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Vela (CBVela)

Número de atletas em Paris: 12 (7 Homens e 5 Mulheres)

Provas: ILCA 6, 49erFx Feminino;  ILCA 7, 49er, Classe Fórmula Kite, iQFOIL Masculino; 470 e Nacra 17 Misto

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Martine Grael e Kahena Kunze – 49erFx)

Há um dado bastante curioso sobre as participações brasileiras da Vela em Jogos Olímpicos. O esporte já rendeu 19 medalhas olímpicas para o país e é, ao lado do atletismo, o segundo colocado no ranking de maiores contribuições. E o mais dourado, conquistando oito ouros na história, muito à frente do Vôlei e do Atletismo, que possuem cinco cada. Porém, o dado mais interessante não é esse, e sim, o fato de que a família Grael e a lenda Robert Scheidt, são responsáveis por 14 dessas conquistas. Portanto, apenas por cinco vezes, os pódios olímpicos da Vela, não tiveram a presença deles.

Por isso, a CBVela trabalha para continuar desenvolvendo o esporte com o maior número possível de pessoas. A entidade possui a Academia Brasileira de Vela, um projeto que visa aumentar a capacidade técnica daqueles que já atuam no esporte. A confederação ainda conta com os trabalhos de projetos sociais, das federações filiadas e das marinas na captação de jovens talentos. A própria CBVela possui um projeto, chamado de Velejando para o Futuro, que pretende introduzir crianças em situação de vulnerabilidade ao esporte.

Na parte financeira, a entidade consegue arrecadar uma quantia considerável com leis de incentivo e patrocínios. No ano passado, a CBV contou com seis patrocinadores oficiais, que renderam dois milhões e quinhentos mil reais em recursos privados. Mesmo assim, o repasse do COB é fundamental para a manutenção da confederação, que investe bastante na preparação técnica, e tem um alto custo com a organização de eventos, e no envio de equipamentos e atletas para as participações internacionais das seleções brasileiras.

Nas águas de Marselha, o Brasil estará presente em quase todas as classes da Vela. As exceções serão o Kitesurfe e o IQ Foil femininos. No entanto, esse número poderia ser ainda menor, se a confederação não tivesse revisto os seus próprios critérios de classificação, que estabeleciam posições mínimas das embarcações em importantes competições para garantir os seus lugares nos eventos olímpicos.

Durante todo o ciclo, os resultados gerais dos barcos brasileiros foram muito abaixo do que se esperava. Até mesmo as atuais bicampeãs olímpicas, Martine Grael e Kahena Kunze, não tiveram um bom desempenho nas maiores competições do ciclo olímpico de Paris. Contudo, o resultado obtido na Semana Olímpica francesa de Vela, que serviu de evento-teste para os velejadores, dá uma esperança de que elas possam ter uma boa performance no local de competições. Bruno Lobo (Kitesurf) e Mateus Isaac (IQ Foil) são as outras apostas da equipe brasileira. Ambos não chegarão como favoritos às medalhas, mas tiveram um desempenho de alto nível nas regatas internacionais, das quais estavam presentes os melhores atletas.

Vôlei

Investimento: R$ 12,246 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) (Vôlei Brasil)

Número de atletas em Paris: 32 (16 Homens e 16 Mulheres)

Provas: Torneio de Quadra Masculino e Feminino; Torneio de Praia Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 1 Prata (Torneio de Quadra Feminino)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas?

Não é por acaso que a CBV é a confederação que recebe o maior repasse do COB. Além do esporte ser um dos preferidos dos brasileiros e com grande destaque nos Jogos, ele também conta com uma excelente estrutura e gestão interna por parte da entidade. Uma das grandes provas desta estrutura esportiva, é o Centro de Desenvolvimento do Vôlei (CDV), localizado na cidade de Saquarema, Rio de Janeiro, sendo um projeto inédito para a modalidade. O CDV foi inaugurado há mais de 20 anos, e continua se atualizando para oferecer os melhores serviços e aspectos técnicos para as seleções brasileiras de vôlei, sejam elas de quadra, praia, ou até mesmo as equipes de base.

Financeiramente, a entidade é facilmente a mais rentável entre as filiadas ao comitê olímpico brasileiro (com exceção da CBF). O repasse acaba sendo apenas uma pequena parte dos recursos obtidos pela confederação, que consegue arrecadar de diversas formas. Premiações, ingressos, anuidades e taxas de inscrição são apenas algumas das formas que ajudam a CBV a projetar mais de R$ 150.000.000,00 de orçamento para este ano. Grande parte desta arrecadação é feita através dos contratos de patrocínio. A confederação possui diversos parceiros, que estão aplicando cerca de oitenta milhões de reais na entidade, o principal deles é o Banco do Brasil, que possui uma longeva parceria com a CBV. Outra importante parte deste montante são os convênios e leis de incentivos, que geram cerca de quarenta milhões de reais.

Mesmo com toda essa força financeira e esportiva, após os Jogos Olímpicos de Tóquio, a CBV precisou reestruturar o seu trabalho para os Jogos de Paris.  A entidade trouxe a lenda Bernadinho, e o atual técnico da seleção feminina de Vôlei, para serem os supervisores das modalidades masculinas e femininas de quadra; auxiliando, principalmente, no trabalho desenvolvimento de jovens atletas, e das seleções de base. O Brasil, que era extremamente dominante nessas categorias, viu essa superioridade ser quebrada nos últimos anos, exigindo uma renovação dos projetos voltados à base. O mesmo ocorreu com as competições de praia, que renovaram todo o circuito brasileiro. Agora, há um sistema de competição completamente novo, com disputas regionais que vão alçando os campeões até os torneios principais, com uma ajuda de custo da própria CBV.

O grande projeto da confederação neste ciclo foi a parceria com a região de La Moselle, no norte da França, transformando a cidade de Metz na casa do vôlei brasileiro na Europa. A CBV firmou um acordo com o governo local, permitindo o uso de uma base de treinamentos na cidade, com uma estrutura digna das conquistas do Vôlei brasileiro. O local serviu, estrategicamente, de base operacional para o deslocamento das equipes brasileiras nos mais diversos campeonatos internacionais durante o período até os Jogos franceses. A ideia é de que o local continue sendo utilizado após as Olimpíadas, e sirva como um centro de treinamento extra para os atletas brasileiros que estiverem viajando para eventos fora do país.

No geral, os resultados obtidos pelas equipes de vôlei, e vôlei de praia, do Brasil nos Jogos de Tóquio não foram bons. Ambas as seleções passaram por períodos de renovação, com a introdução de novos talentos e a despedida de veteranos importantes. A preparação para Paris 2024 envolveu ajustes táticos e a busca por consistência nas competições internacionais. Na quadra, o país conquistou a sua única medalha, com a prata da equipe feminina. Enquanto o time masculino perdeu a disputa do bronze para os rivais argentinos. Na praia, um péssimo desempenho das quatro duplas brasileiras, fez com que o Brasil não levasse nenhuma medalha na modalidade, pela primeira vez na história desde a estreia das competições de praia em Atlanta 1996.

Desde então, as novas caras da seleção feminina, como Julia Kudiess, Julia Bergmann, Helena e Ana Cristina, deram uma renovada nas esperanças de um bom desempenho em Paris. Até por isso, a seleção feminina se manteve no topo do competitivo cenário atual, conquistando o vice-campeonato do mundial, e com ótimas performances na VNL. Tudo isso, faz com que a equipe chegue à Paris como uma forte candidata ao pódio.

No masculino, a renovação desejada não aconteceu. Alguns nomes novos surgiram, como o atleta Darlan, que se tornou um dos principais jogadores da seleção masculina. Porém, no geral, os resultados foram fracos. As fortes críticas ao, até então, técnico da equipe, Renan Dal Zotto, também não ajudaram, e fizeram o técnico pedir demissão do cargo após conquistar a classificação para os Jogos durante o pré-olímpico disputado no Rio de Janeiro. A partir daí, Bernardinho, retornou ao comando do time, e só contou com uma competição para poder ajustar os jogadores e resolver os defeitos apresentados pela seleção. O cenário competitivo do masculino também está muito acirrado, e o Brasil não terá um caminho fácil se quiser voltar a conquistar uma medalha.

Vôlei de Praia – Em comparação com os resultados obtidos em Tóquio, podemos dizer que as performances das duplas brasileiras da modalidade foram excelentes. No feminino, Ana Patrícia e Duda se destacaram no circuito mundial, alcançando o primeiro lugar do ranking, e levando a medalha de prata no mundial disputado no México. Mesmo com alguns resultados muito abaixo do esperado em competições recentes, elas prometem brigar pelo lugar mais alto do pódio.

Bárbara e Carol será a segunda dupla do país, elas cresceram na reta final de classificação, e conquistaram bons resultados em torneios de elite. Não chegam como favoritas, mas podem surpreender e brigar por uma medalha. No masculino, a briga foi longa para saber quais duplas representariam as cores do Brasil. André e George, e Arthur e Evandro, conseguiram se destacar na parte final da classificação, e foram selecionados. Ambas as duplas estão num ótimo momento, e podem incomodar os favoritos