Falta pouco para a temporada europeia começar. Diferente de outros anos, o Paris Saint-Germain segue bem longe dos holofotes e dos nomes consagrados do futebol. Sob o comando de Luis Enrique, os parisienses vêm priorizando as contratações de jovens talentos que possam levar o clube ao tão sonhado título da Liga dos Campeões em um futuro próximo, como é o caso de João Neves.
Destaque do Benfica e segundo colocado na parcial do Golden Boy de 2024, Neves custou 70 milhões de euros (R$ 437,2 milhões) aos cofres do PSG. E não, ele não é o substituto de Kylian Mbappé, que se transferiu para o Real Madrid, mas apenas uma peça da engrenagem que o clube francês vem montando há mais de um ano. Desde a venda do Paris Saint-Germain para o fundo árabe em 2011, a diretoria nunca investiu tanto dinheiro em reforços como fez em 2023/24.
Ao todo, foram gastos 450,5 milhões de euros na contratação de 10 jogadores: Kolo Muani, Gonçalo Ramos, Ugarte, Dembélé, Barcola, Lucas Hernández, Ekitiké, Kang-in Lee, Gabriel Moscardo e Lucas Beraldo. O único que não se encontra mais no PSG é Ekitiké, que está emprestado ao Eintracht Frankfurt. O restante segue nos planos da nova era orquestrada pela diretoria do Paris Saint-Germain.
Corrigindo os erros do passado
Obcecado pela Liga dos Campeões, o PSG tinha um modus operandi para contratações: jogadores de renome. Na temporada 2012/13, tivemos as chegadas de Ibrahimovic e Beckham. Em 2017/18, foi a vez de Neymar Jr. e Mbappé. Mas em 2021/22, o clube francês se superou com as contratações de Lionel Messi, Sergio Ramos e Donnarumma. Mesmo com todas essas estrelas reunidas, o objetivo principal não foi alcançado, e o motivo para isso é bem simples.
Para ser campeão europeu, é preciso muito mais do que um time de “Master League”. É necessário ter um coletivo, um modo de jogo, um comandante e, sobretudo, gana de vencer. A diretoria do PSG compreendeu isso após vários fracassos e, dessa vez, reuniu bons nomes para o técnico Luis Enrique. Não há uma estrela onde todas as jogadas de ataque serão passadas pelos seus pés, mas sim uma equipe jovem e talentosa que deve evoluir conforme o tempo vai passando.
Na defesa, por exemplo, temos Donnarumma, Hakimi, Marquinhos, Beraldo e Lucas Hernández, jogadores que são experientes e acostumados a decisões. Enquanto o meio formado por Zaire-Emery, Fabian Ruiz e João Neves destaca-se pelo improviso e jovialidade, o trio de ataque composto por Dembélé, Barcola e Kolo Muani tem como trunfo o entrosamento adquirido na seleção francesa. Lembrando que no banco de reservas ainda há nomes como Vitinha, Nuno Mendes e Ugarte, que podem ser úteis no decorrer da temporada. Algo que fez falta em temporadas anteriores.
O projeto do PSG fracassou?
Bom, a palavra fracasso é muito forte. O que seria fracassar? Não ser campeão da Liga dos Campeões, talvez? Se for, podemos dizer que o projeto fracassou, sim. Entretanto, se levarmos em conta a relevância nacional e o impacto global que foi adquirido após a compra do fundo árabe, a resposta para essa pergunta é não. Nos últimos 12 anos, o PSG conquistou 33 títulos, sendo 10 campeonatos franceses. Além disso, os parisienses colecionam inúmeros fãs ao redor do mundo, aparecendo na quarta colocação de clubes com mais seguidores nas redes sociais.
A “orelhuda” pode não ter vindo, mas isso não assusta mais a diretoria do PSG. O torneio continua sendo uma obsessão, sim, no entanto, para um outro momento. Fazendo uma rápida comparação, é tipo aquele vilão que você não consegue derrotar no videogame. Mas, com o tempo, após fazer muitos upgrades em seu personagem, a tão sonhada vitória aparece. Dito isso, o foco do Paris Saint-Germain é montar um time vitorioso a longo prazo. Se vão conseguir, não sabemos. Mas vai ser interessante acompanhar essa saga.