O planejamento olímpico do Brasil para brilhar em Paris

Confira os detalhes da preparação olímpica do Time Brasil para realizar uma grande campanha nos Jogos Olímpicos de Paris 2024


Por Cassio Bagnoli

21 de junho de 2024

Parceria Editorial

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Uma arte que destaca os atletas olímpicos de Paris 2024. Créditos: Nathalia Teixeira

A preparação olímpica do Brasil para os Jogos de Paris está a pleno vapor, com uma complexa teia de atividades de marketing e logística, refletindo o enfoque e a seriedade que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) vem tratando a participação brasileira nos últimos anos. Esse esforço conjunto, e cada vez mais profissional do comitê olímpico brasileiro, fortalece a imagem do Brasil como uma potência esportiva global.

Enquanto os atletas aspiram a glória, a entidade máxima do esporte brasileiro trabalha para garantir que o caminho ao pódio seja o mais seguro possível para os protagonistas do evento. Veja abaixo algumas ações que foram realizadas durante o último ciclo olímpico, e outras que estão prestes a acontecer, no crescimento do Time Brasil.

Logística

Desde a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, o Time Brasil entrou numa nova era de preparações olímpicas. A oportunidade de sediar o maior evento esportivo global, colocou o nosso país no mapa do esporte, e criou novas ligações perante o público brasileiro e com as marcas interessadas em investir nesse mundo. Com isso, a exigência por uma gestão profissional e os requisitos de uma preparação adequada aos atletas aumentaram.

Em Paris, a delegação brasileira será composta por cerca de 250 a 300 atletas, e quase mil profissionais de diversas áreas de atuação. Eles estarão trabalhando na montagem das estruturas de apoio, e cuidarão do suporte físico e psicológico aos atletas que, pela primeira vez na história, contará com os serviços de um psiquiatra no local dos Jogos.

O COB é responsável pelo planejamento logístico do Time Brasil e, neste ano, fará o envio de diversos materiais esportivos de competição e treinamento, equipamentos de tecnologia, mobiliários, peças de marketing, entre outros artigos que serão utilizados por toda a equipe durante o evento. Ao todo, serão dez containers que irão até a capital francesa através de vias marítimas, terrestres e aéreas; saindo de vários países, como Portugal, Holanda, Paquistão, República Tcheca, China e o próprio Brasil. Há ainda um cuidado específico com o translado dos cavalos que participarão das competições de Hipismo. Com o auxílio de veterinários e tratadores que viajarão em conjunto, espera-se manter o estresse e o desgaste no menor nível possível para os animais.

Sedes

O comitê olímpico brasileiro montou um “quartel-general” na cidade de Saint-Ouen, que está localizada a cerca de seis quilômetros de Paris, e tem aproximadamente 50 mil habitantes. O lugar foi estrategicamente escolhido pelo COB, e contará com três locais de suporte aos atletas: o Château Saint-Ouen que será um ponto de apoio operacional do COB com serviços médicos, atendimento nutricional e mental, além de outras atividades; a Serra Wangari que será utilizada, prioritariamente, para a montagem de uniformes e malas da delegação brasileira; e o Ginásio das Docas, que oferecerá um local de treinamento irrestrito para as mais diversas modalidades esportivas, além de um centro de condicionamento físico.

O trabalho do COB não se restringe apenas às modalidades que acontecerão na grande Paris. A entidade planejou o envio de pessoal de apoio aos atletas, e montagem de infraestruturas em outros locais de competição, tais como Vaires Sur Marne (Canoagem e Remo), Marselha (Vela), Châteauroux (Tiro Esportivo), Lille (Handebol) e até mesmo no Taiti (Surfe).

Investimento

Se faz necessária uma grande verba para garantir o funcionamento de todas essas áreas, e o trabalho no desenvolvimento esportivo dos esportes olímpicos. Neste ano, o COB bateu recordes de arrecadação de recursos públicos e privados. O principal montante da organização veio através da Lei das Loterias (Lei 13.756) que ficou em torno de R$ 571 milhões. Porém, nem todo esse investimento é direcionado ao COB, que recebe uma parte da arrecadação bruta da loteria federal. A entidade ainda conta com outros recursos oriundos do comitê olímpico internacional (COI), como a Solidariedade Olímpica, e investimentos privados que ajudam no custeio de programas desenvolvidos pelo comitê brasileiro, e na manutenção da organização. Em 2024, o total arrecadado pelo COB será em torno de R$ 486 milhões – contando os recursos públicos e privados –. Destes, R$225 milhões foram destinados às confederações olímpicas, um aumento de 12% em relação ao repasse feito em 2023. Contudo, o valor final não leva em conta alguns programas de preparação, desenvolvimento e suporte que elevam o montante para perto dos R$ 300 milhões.

As confederações olímpicas, em sua maioria, sobrevivem por meio do investimento feito pelo comitê brasileiro. Em geral, o repasse do COB se torna fundamental para que as entidades possam garantir a manutenção de suas gestões e possam trabalhar no desenvolvimento e fomento de suas modalidades. Tendo em vista que a pouca de visibilidade de muitos esportes olímpicos, dificulta a aquisição de patrocínios e parcerias.

A descentralização dos recursos destinados às confederações é feita por meio de critérios estabelecidos pelo COB. As entidades precisam respeitar processos de prestação de contas quanto ao uso da verba recebida, e demonstrar ética e transparência em suas gestões; isso, representa cerca de 17% do montante, enquanto os 83% restantes são definidos por meio de diversos resultados esportivos que englobam participações, pódios e medalhas conquistadas em mundiais (sênior e base), Jogos Pan-americanos e Olimpíadas.

Quantos aos atletas, eles possuem diversas vias de arrecadação que partem desde programas governamentais, como o Bolsa Atleta e o Bolsa Pódio, e vão até patrocínios pessoais e premiações em torneios. Algumas confederações costumam separar uma parte do repasse do comitê olímpico brasileiro para um auxílio financeiro mensal aos seus protagonistas. Por falar em premiação, o COB divulgou as quantias que serão entregues aos medalhistas olímpicos em Paris. Os valores vão desde R$ 140 mil para a medalha de bronze, até mais de R$ 1 milhão para quem subir no lugar mais alto do pódio.

Marketing

A área em que o COB mais evoluiu nos últimos anos, foi no recém-criado departamento de marketing. Anteriormente, os setores de marketing e comunicação eram um só dentro do comitê olímpico brasileiro. Desde maio de 2022, com a entrada do novo diretor de marketing, Gustavo Herbetta, se deu início a uma revolução mercadológica na entidade.

Antes da sua chegada, o COB possuía apenas seis patrocinadores oficiais. Número que foi triplicado durante os dois anos de sua gestão, e chegou aos incríveis vinte patrocinadores neste ano. O aumento de recursos privados da entidade era um desejo e, especialmente, um pedido do presidente do COB, Paulo Wanderley, para que a entidade conseguisse rentabilizar de outras formas. Além de não permitir que a organização ficasse à mercê dos recursos públicos oriundos das loterias federais.

Outra principal medida foi a rejuvenescimento e atração do público ao mundo olímpico, engajando novas gerações com os esportes e demonstrando o trabalho do COB durante os anos que antecedem os Jogos. Com isso em mente, a ideia da realização inédita da COB Expo levou mais de 60 mil pessoas, entre elas 40 mil crianças, no evento presencial em São Paulo que ocorreu no ano passado. Houve também o lançamento da primeira campanha institucional da entidade, denominada Manda Brasa, gerando um buzz no mundo esportivo e ativando a imagem da organização nas plataformas digitais.

Por fim, outras duas ações estão prestes a serem iniciadas pelo COB durante a realização dos Jogos Olímpicos de Paris. A primeira delas é a construção da Casa Brasil, que será instalada no Parc de la Villette, na região norte da capital francesa, e será vizinha da casa dos anfitriões. O projeto – que já é bastante tradicional entre os comitês olímpicos – pretende divulgar o país e a sua cultura através do esporte, aproveitando o clamor olímpico e a grande movimentação na cidade-sede durante as competições esportivas. O segundo projeto é inédito; será implementada uma espécie de “Fan Fest” olímpica no Parque Villa-Lobos, na capital paulista. Apelidado de Parque Time Brasil, o evento contará com diversas atividades culturais, gastronômicas e, é claro, esportivas. Além de megashows, ativações de patrocinadores e telões à disposição para que o público possa acompanhar as disputas na França. O evento ainda terá a participação dos atletas medalhistas nos Jogos, que serão recebidos e aclamados no local, poucos dias após as suas conquistas olímpicas.

Premiação aos brasileiros medalhistas de Paris

OuroPrataBronze
IndividuaisR$ 350 milR$ 210 milR$ 140 mil
GruposR$ 700 milR$ 420 milR$ 280 mil
ColetivosR$ 1,05 milhãoR$ 630 milR$ 420 mil