No último sábado (9), ocorreu, no Estádio do Maracanã, a despedida de um dos maiores ídolos da história do Fluminense Football Club e do futebol brasileiro, Frederico Chaves Guedes, o Fred. A grande festa presenciada no Estádio Mário Filho nos fez questionar como é o tratamento de diversos ídolos em diferentes esportes e instituições.
Futebol
Começando pelo próprio Fred, o jogo contra o Ceará levou mais de 63 mil torcedores às arquibancadas, sendo o segundo maior público do Fluminense após a reforma do estádio em 2014 e gerando uma renda de aproximadamente R$2,2 milhões ao clube. Tudo isso para reverenciar um jogador que começou a sua história no clube sendo fundamental para evitar o rebaixamento, que parecia ser inevitável, em 2009, e, em seguida, ganhou diversos títulos que sacramentaram a sua idolatria no Fluminense.
Entretanto, segundo o próprio jogador, os momentos mais marcantes de sua passagem não foram as glórias, mas sim como as derrotas foram manejadas. Como por exemplo, em 2014, quando a torcida do Fluminense reergueu o atacante após a trágica eliminação da Copa do Mundo, em que ele saiu taxado como “Cone”, e também em 2019, quando ele foi rebaixado à Serie B do Campeonato Brasileiro pelo Cruzeiro e pensava em largar a carreira, o Fluminense abriu as portas e proporcionou a merecida despedida do craque com sua torcida.
Aproveitando o gancho da aposentadoria do ídolo, o Fluminense lançou o programa “Flu Legends”, que tem como primeiro membro o próprio Fred. O projeto busca reunir ex-jogadores do clube para rodarem o país com uma equipe masters que participará de eventos e jogos festivos. Além disso, o Flu Legends exercerá um papel de suporte financeiro aos ex-atletas, com planos de saúde e contratos de direitos de imagem para a criação de produtos licenciados. Também será criado um fundo de assistência, em que os jogadores do atual elenco do futebol profissional concordaram de forma unânime em contribuir mensalmente com 0,5% do valor bruto do salário em CLT para o programa de solidariedade tricolor. A adesão é facultativa. Ex-jogadores com melhores condições financeiras também poderão participar do projeto e apadrinhar outros ex-atletas, repassando para eles a receita a que teriam direito, como contratos de direito de imagem e royalties de produtos licenciados.
A partir da aposentadoria de um grande ídolo, foi criado um movimento dentro do clube de valorização de todos os seus ídolos, que pode inspirar mais clubes para que também valorizem seus ídolos.
Outro exemplo de um clube de futebol exaltando a imagem de seus ídolos é o do Corinthians. O clube homenageia seus ídolos históricos, como Basílio, Zé Maria, Marcelinho Carioca e Sócrates, tanto no Memorial do clube quanto em seu estádio. Sócrates, por exemplo, possui duas estátuas na Neo Quimica Arena: uma do lado de fora do estádio e outra em uma das entradas do setor Oeste do estádio. Além disso, o Corinthians também possui coleções de camisas comemorativas, que são vendidas aos torcedores que desejam homenagear o ídolo alvinegro. Outra homenagem ao eterno Doutor Sócrates foi feita no Campeonato Paulista de 2021, no jogo entre Corinthians e Botafogo (SP), no qual os times usaram camisas especiais em homenagem aos 10 anos da morte do ídolo corinthiano, que foi revelado nas categorias de base do Botafogo (SP), em Ribeirão preto.
O Corinthians também tem o costume de homenagear os seus ídolos mais recentes, principalmente os jogadores que estavam presentes na conquista do título inédito da Libertadores de 2012, por meio de coleções de camisas comemorativas, filmes, documentários e exposições no Memorial do clube. O goleiro Cássio, que atua até hoje pela equipe, é um bom exemplo dessas homenagens. Além das citadas acima, existe, no setor Oeste da Neo Química Arena, o “Desafio do Gigante”, que consiste em bater um pênalti e tentar fazer o gol contra um robô que imita o goleiro alvinegro. Recentemente, o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, disse em entrevista que o clube já planeja fazer uma estátua do Cássio e deixá-la exposta no estádio do clube.
Golfe
Assim como no futebol, o mundo do esporte coleciona ídolos nas mais diversas modalidades. Como o jogador profissional de golfe norte-americano, Tiger Woods. Em 1996, depois de sua passagem pelo golfe universitário, ele decidiu se profissionalizar e, logo no início de sua carreira, já assinou dois grandes contratos com a Nike e a Titleist, que, na época, foram classificados como os contratos de patrocínio mais lucrativos da história do golfe. Como jogador, ele carrega títulos em uma quantidade expressiva: são 15 títulos em majors.
Além disso, Woods entrou para a lista de bilionários da Forb, se juntando a Michael Jordan e LeBron James. Segundo a revista, o patrimônio do jogador é de 1 bilhão de dólares e sabe-se que, no auge de sua carreira, ele recebia, em média, 100 mil dólares por ano. É importante ressaltar que a maior parte de seu patrimônio vem dos títulos que ele conquistou durante a carreira, dos acordos fechados com seus patrocinadores, como por exemplo, a Nike, Gatorade, Rolex e TaylorMade, e apenas 10% do que ele recebeu durante sua carreira foi fruto das suas vitórias em campeonatos.
A Nike patrocina Woods desde o começo de sua carreira e o acompanhou durante toda a sua trajetória. No ano de 2019, segundo a consultoria Apex Marketing, a marca faturou 22 milhões de dólares, a partir da exposição de sua logomarca nos itens utilizados pelo jogador durante a rodada final do torneio americano e com a venda de artigos da coleção Woods feita pela empresa.
Tênis
Ao falar sobre Tênis, esporte que, em 2019, atingiu a marca de 1 bilhão de telespectadores ao redor do mundo, pode-se citar alguns nomes que entraram para história, acumulando fãs de diversas nacionalidades e conquistando feitos antes vistos como impossíveis. A discussão sobre quem é o melhor tenista de todos os tempos ainda gera bastante divergência, no entanto, Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic estão no topo dessa lista para muitas pessoas. Mesmo para os que não conhecem tanto do esporte, esses nomes certamente vêm à cabeça quando se pensa em torneios de tênis. Somados, os três atletas possuem 63 Grand Slams – torneios internacionais mais importantes do circuito – e acumulam um patrimônio combinado de mais de 400 milhões de dólares por meio de suas vitórias no esporte. No último domingo, Djokovic conquistou seu 21º Grand Slam ao vencer o torneio de Wimbledon na Inglaterra, quase alcançando Rafael Nadal, que carrega 22 títulos em sua carreira. Durante anos, os três tenistas movimentaram as quadras de tênis mais importantes do mundo, marcando gerações e movimentando milhões em premiações, patrocínios e contratos.
Tenistas e valores em premiações (em dólares)
1. Novak Djokovic – 158.996.253
2. Rafael Nadal – 131.338.131
3. Roger Federer – 130.594.339
Diante das preocupações sobre a aposentadoria da tríade, surgem alguns tenistas que prometem entregar o mesmo nível de seus companheiros de quadra. Carlos Alcaraz, Stefanos Tsitsipas e Alexander Zverev são alguns dos atletas novatos que já estão conseguindo seu espaço dentro dos torneios e conquistando fãs ao redor do mundo, ocupando o lugar de vitória de Nadal, Djokovic e Federer em diversas competições da ATP nos últimos anos e se empenhando cada vez mais para ganharem seus primeiros Grand Slams.
Futebol americano
No futebol americano, mais precisamente na NFL, a relação entre clubes, torcida e seus ídolos é muito estreita e isso pode ser visto em diversos casos históricos e atuais.
O primeiro exemplo é o New York Giants e seu ídolo Eli Manning, o atleta foi draftado pela franquia em 2004 e jogou nela até se aposentar em 2019. Eli é indiscutivelmente o maior ídolo da história da franquia, conquistando 2 Super Bowls, além de diversos outros recordes quebrados. O eterno camisa 10 teve seu número aposentado ao fim de sua última temporada.
Após a aposentadoria, Eli Manning voltou ao clube como membro de operação de negócios e engajamento ao fãs da franquia, se tornando o rosto da comunicação do New York Giants, apresentando programas, indo em diversos eventos e se consagrando como a figura mais próxima dos torcedores constantemente.
Por Ana Clara Torres, Isabella Defeo, Eduardo Teixeira, Gabriel Contó e Pedro Chadad