A Premier League pode estar caminhando para uma revolução na forma como distribui seus direitos de transmissão. Em declaração recente, Todd Boehly, co-proprietário do Chelsea, sugeriu que a liga inglesa poderia consolidar seus direitos de mídia em um único pacote global, potencialmente negociando um acordo exclusivo com uma plataforma de streaming. A proposta, embora visionária, ainda esbarra em desafios e incertezas sobre o futuro do modelo de transmissão da competição.
O caminho para a centralização global
Atualmente, a Premier League negocia seus direitos de transmissão de forma fragmentada, com acordos distintos para cada mercado. Essa abordagem tem se mostrado lucrativa, garantindo contratos bilionários com redes de televisão tradicionais e plataformas digitais. No entanto, Boehly acredita que a tendência aponta para uma unificação dos direitos em um único contrato global, o que poderia atrair gigantes do streaming como Netflix e Amazon.
“Não estou dizendo que [um único serviço de streaming] é a solução imediata, mas acho que é para onde estamos indo”, afirmou Boehly durante o Financial Times Business of Football Summit. Segundo ele, o apelo global da Premier League a tornaria um produto ideal para qualquer plataforma que deseje expandir sua presença internacionalmente.
A referência mais próxima desse modelo é a Major League Soccer (MLS), que em 2022 fechou um contrato exclusivo com a Apple para a transmissão global de seus jogos. No entanto, um acordo semelhante para a Premier League só poderia ocorrer após a temporada 2028/29, quando expiram os contratos atuais de transmissão no Reino Unido.
Os desafios de uma mudança radical
Embora a ideia de um acordo único de streaming pareça atraente, a transição para esse modelo enfrenta diversos desafios. Richard Masters, CEO da Premier League, destacou que a liga ainda está avaliando suas opções e não pretende abandonar completamente o modelo atual de transmissão.
“Nunca haverá um momento em que um modelo termina e outro começa”, explicou Masters. “Haverá uma economia mista em algum momento. Estamos entrando em um novo ciclo de direitos e temos tempo para analisar todas as opções.”
Uma das preocupações centrais é o impacto que essa mudança teria nos acordos já estabelecidos com grandes emissoras como Sky, TNT Sports e NBC. A Premier League mantém contratos altamente lucrativos com esses parceiros, garantindo uma distribuição ampla e consolidada do seu produto em diferentes mercados.
Além disso, a liga já manifestou interesse em explorar sua própria plataforma de streaming direto ao consumidor (DTC). O encerramento da parceria com a agência IMG após a temporada 2025/26 reforça essa possibilidade, uma vez que a Premier League passará a ter controle total sobre sua produção de mídia.
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Uma revolução possível, mas ainda distante
Apesar do entusiasmo de Boehly, a transição para um modelo exclusivo de streaming global ainda parece uma realidade distante. A Premier League tem conseguido aumentar continuamente o valor de seus direitos de transmissão internacionais, registrando um crescimento de 27% no último ciclo, o que demonstra que o modelo atual segue sendo extremamente eficiente e rentável.
O mais provável, pelo menos no curto prazo, é que a liga continue experimentando diferentes formatos de distribuição em mercados específicos. Segundo Masters, a Premier League já possui uma opção em um país asiático para testar um serviço DTC, o que pode fornecer insights valiosos sobre os desafios e oportunidades desse modelo.
Enquanto isso, o interesse das plataformas de streaming no esporte continua crescendo. Empresas como Netflix, Amazon e Apple vêm investindo cada vez mais em conteúdos esportivos, e um eventual acordo global com a Premier League poderia redefinir completamente o mercado de transmissões esportivas.
Por ora, a liga inglesa segue avaliando suas opções, mantendo-se como a principal referência mundial em termos de valorização de direitos de mídia. Se a Premier League de fato se tornar um produto exclusivo de uma plataforma de streaming global, será uma das mudanças mais impactantes da história recente do esporte. O futuro, no entanto, ainda está em aberto.