Unrivaled: como a nova liga 3×3 pode transformar o basquete feminino

Em meio a uma crescente insatisfação com a WNBA, a nova liga pode ser o estopim para mudanças estruturais profundas no basquete feminino


Por Guilherme Calafate

3 de março de 2025

O cenário do basquete feminino nos Estados Unidos está passando por uma revolução potencialmente transformadora. A Unrivaled, nova liga de basquete 3×3 criada pelas estrelas Napheesa Collier e Breanna Stewart, surge não apenas como uma opção inovadora de competição, mas também como uma ferramenta de pressão sobre a WNBA. Em meio a uma crescente insatisfação com salários, condições de trabalho e o modelo de negócios da liga, a Unrivaled pode ser o estopim para mudanças estruturais profundas no basquete feminino.

Uma alternativa viável e estratégica

A Unrivaled promete oferecer um formato dinâmico e financeiramente atrativo para as jogadoras. Com apenas seis equipes e um calendário reduzido, a liga permitirá que as atletas joguem nos Estados Unidos durante a offseason da WNBA, evitando longas viagens internacionais para complementar a renda. Além disso, os salários competitivos da Unrivaled podem se tornar um fator decisivo nas negociações do novo Acordo Coletivo de Trabalho (CBA) da WNBA, pressionando as franquias a reverem suas estruturas de pagamento e benefícios.

Foto: Getty Images

A liga também chega em um momento estratégico, já que a WNBA tem enfrentado críticas pelo tratamento dispensado às jogadoras, especialmente no que diz respeito às discrepâncias salariais e às condições de voo. As viagens comerciais impostas pela liga contrastam fortemente com a experiência oferecida por outras ligas femininas ao redor do mundo, um ponto de insatisfação recorrente entre as atletas.

Caitlin Clark e a valorização das jogadoras

O caso de Caitlin Clark é um dos maiores indicativos de que as jogadoras da WNBA estão subvalorizadas economicamente. A projeção da estrela universitária para a liga profissional reacendeu o debate sobre os limites salariais impostos pelo CBA da WNBA, que restringem o quanto as atletas podem ganhar diretamente das franquias. O impacto da Unrivaled pode ser ainda maior nesse contexto, já que a nova liga poderia fornecer uma plataforma alternativa para que jogadoras como Clark monetizem sua popularidade e influência.

Foto: Getty Images

Pressão sobre a WNBA

O lançamento da Unrivaled ocorre em um momento de crescimento sem precedentes do basquete feminino. Com recordes de audiência e engajamento, a WNBA está sob pressão para adaptar seu modelo de negócios e evitar que talentos de elite busquem outras alternativas. A introdução da Unrivaled pode forçar a liga a acelerar mudanças estruturais, como a flexibilização das regras salariais e melhorias nas condições de trabalho.

Além disso, a Unrivaled pode impactar a negociação do próximo CBA da WNBA, já que as jogadoras terão mais influência ao contar com uma liga alternativa financeiramente estável. O resultado pode ser uma transformação significativa na maneira como o basquete feminino é estruturado nos Estados Unidos, promovendo maior equilíbrio e oportunidades para as atletas.

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O futuro do basquete feminino

A Unrivaled pode ser um divisor de águas para o basquete feminino, fornecendo às jogadoras uma alternativa viável e fortalecendo sua posição em negociações futuras com a WNBA. Em um cenário onde o esporte feminino cresce em visibilidade e impacto, a nova liga pode ser a peça que faltava para consolidar um modelo mais justo e sustentável para as atletas. Resta saber se a WNBA conseguirá acompanhar essa evolução ou se verá um êxodo de talentos para uma liga que promete dar às jogadoras o que elas sempre buscaram: valorização e reconhecimento.