O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? – Parte 3: modalidades com boas chances

Confira quais são as modalidades nas quais os atletas brasileiros prometem surpreender nestes Jogos Olímpicos


Por Cassio Bagnoli

12 de julho de 2024

Parceria Editorial

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O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances (Créditos: Nathália Teixeira)

Enquanto algumas modalidades apresentam desafios quase intransponíveis, outras oferecem boas perspectivas de medalha para o Brasil. Na terceira parte, focaremos nas áreas onde os atletas brasileiros têm demonstrado um desempenho promissor, com resultados expressivos no último ciclo olímpico e nas competições recentes. Veremos como as confederações, com o apoio do COB, têm investido em infraestrutura e formação de atletas. Detalharemos as estratégias de treinamento e os principais nomes que prometem brilhar em Paris, elevando o nome do Brasil no cenário esportivo mundial.

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– O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? – Parte 2: lutas árduas por medalhas
– O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? – Parte 1: ausências e participações modestas

Esgrima

Investimento: R$ 5,271 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Esgrima (CBE)

Número de atletas em Paris: 3 (1 Homem e 2 Mulheres)

Provas: Espada Individual Feminino; Florete Individual Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 0

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

A CBE foi fundada em 1927 e é, portanto, uma das organizações esportivas mais antigas ainda atuante no país. Não é necessariamente um trabalho fácil, tendo em vista que a entidade conta com cerca de somente 800 atletas federados em todo o cenário nacional. Em geral, a Esgrima é praticada em projetos exclusivos da modalidade, ou em alguns poucos clubes esportivos e, por este motivo, a esgrima brasileira encontra bastante dificuldade em conquistar resultados internacionais contra as diversas grandes potências da modalidade, como os Estados Unidos, França, Hungria, Itália e Coreia do Sul.

Apesar dos problemas, a confederação não depende exclusivamente do repasse do COB para o seu funcionamento. A CBE consegue arrecadar um montante considerável, e que vem crescendo a cada ano, através de mensalidades e anuidades pagas pelos atletas e federações, inscrições em competições e patrocínios pontuais, como os mais de R$ 180.000,00 recebidos no ano passado por conta da realização de uma etapa da Copa do Mundo de Florete no território brasileiro.

Normalmente, a entidade destina 50% dos recursos oriundos do COB para a organização dos eventos nacionais e internacionais, além da participação em etapas de Copa do Mundo no exterior. Outra grande parte da verba é utilizada na preparação técnica dos esgrimistas e na manutenção da confederação. Enquanto isso, a arrecadação privada costuma ser designada, em partes, para os projetos de fomento ao esporte promovidos pela entidade.

O IBE (Instituto Brasileiro de Esgrima) é o principal deles. A iniciativa tem o intuito de formar e capacitar pessoas através de cursos, além de disseminar a esgrima no Brasil. A entidade já atuou em parceria no desenvolvimento de outros projetos, como o Projeto Engajar, Esgrima para Todos e o Esgrima Para a Vida, mas essas ações não recebem uma divulgação adequada e, por isso, não é possível ter conhecimento do andamento dos projetos. Ainda no ano passado, um novo projeto foi iniciado pela confederação, o projeto Esquiva ao Toque, que segue os ideais do instituto.

No campo esportivo, o Brasil possui um bom nível técnico dentro das Américas, conquistando medalhas em todas as categorias. Em 2023, o país conquistou ótimos resultados nos Jogos Pan-americanos, medalhando em diferentes armas, garantindo o ouro na disputa por equipes feminina da espada, e voltou a levar um homem ao pódio após um hiato de 56 anos.

Em Paris, o grande nome da equipe brasileira será a brilhante Nathalie Moellhausen, que teve um ótimo desempenho na última temporada, garantindo pódios em Grand Prixs e etapas de Copa do Mundo; além de se firmar entre as melhores esgrimistas da espada. A ítalo-brasileira e campeã mundial em 2019 é cotada como a grande chance de uma medalha inédita para o Brasil na capital francesa. O time ainda conta a novata Mariana Pistoia, que vem se destacando no cenário internacional, e o experientíssimo Guilherme Toldo, que já ficou entre os oito melhores nas Olimpíadas do Rio em 2016.

Esportes Aquáticos

Investimento: R$ 11,299 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA)

Número de atletas em Paris: 22 (12 Homens e 10 Mulheres)

Provas:

Águas Abertas – Maratona Aquática 10km Feminino; (Poderemos ter a participação brasileira também na prova masculina)

Natação – 200m, 400m e 1500m Estilo-Livre Feminino; Revezamento 4x100m Estilo-Livre Feminino e Revezamento 4x200m Estilo-Livre Feminino; 50m, 100m, 200m, 400m e 800m Estilo-Livre Masculino; 100m e 200m Borboleta Masculino; Revezamento 4x100m Estilo-Livre Masculino e Revezamento 4x200m Estilo-Livre Masculino; Revezamento 4x100m Medley Misto

Saltos Ornamentais – Plataforma de 10m Individual Masculino e Feminino

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Ana Marcela Cunha – Maratona Aquática 10km) e 2 Bronzes (Fernando Scheffer – 200m Estilo-Livre e Bruno Fratus – 50m Estilo-Livre)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

A CBDA é uma das principais e maiores confederações do COB. A entidade possui uma enorme equipe de gestão, entre diversas áreas, como a jurídica, financeira e desempenho esportivo. Não é por menos, haja vista que a confederação precisa cuidar de cinco modalidades olímpicas.

Quem acompanha de perto a CBDA e o mundo dos Esportes Aquáticos, sabe que a confederação vive em pé de guerra, com vários escândalos que marcaram a imagem da entidade. No entanto, neste ciclo a CBDA conseguiu amenizar as divergências e focar na parte esportiva. No Brasil, são milhares de praticantes de todas as modalidades sob o guarda-chuva da organização, tornando o trabalho de desenvolvimento de alta complexidade.

A entidade possui um patrocínio longevo com a marca Yakult, e consegue uma arrecadação interessante a partir das inscrições para competições. Porém, ainda é bastante dependente do repasse do COB para aplicar nos campeonatos e nas ações de fomento das modalidades. Recentemente, a CBDA vem investindo na organização de torneios de águas abertas, atraindo a atenção de um público diverso em várias localidades do país.

Porém, ainda falta um planejamento mais eficiente para o desenvolvimento das modalidades aquáticas, e principalmente, da Natação. Muitos dos atletas que chegam às seleções brasileiras são frutos do trabalho de clubes esportivos ou projetos sociais. Normalmente, os nadadores de destaque buscam bolsas de estudos em universidades dos Estados Unidos, para que possam treinar e melhorar a parte técnica.

Natação – Há algum tempo que a equipe brasileira de natação não era tão pequena em uma edição de Jogos Olímpicos, e com tão baixas perspectivas de resultados. O último ciclo olímpico da seleção brasileira ficou marcado pelo fim de carreira de alguns grandes nomes, como Nicholas Santos, enquanto algumas promessas, que surgiram nos últimos anos, não comprovaram as expectativas.

A única evolução significativa, nesse período, foi do time feminino de Natação, com o aparecimento de nadadoras brasileiras, como Beatriz Dizotti e Stephanie Balduccini, conseguindo boas atuações na elite do esporte. Porém, tal como a equipe masculina, ainda são algumas poucas exceções que obtiveram essa melhora.

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

A CBDA estabeleceu critérios rígidos de classificação para o esporte, colocando apenas aqueles nadadores que conquistassem índices olímpicos na seletiva para compor o time brasileiro. Essa medida precisou ser revista pela entidade após os fracos resultados gerais dos atletas brasileiros, dos quais fariam com que a equipe de Natação nesses Jogos fosse ainda menor.

Ao todo, o time brasileiro de nadadores será composto por 18 atletas. Porém, dez deles estarão em Paris apenas para participar das provas de revezamento. Atualmente, somente três nadadores estão se destacando, e podem sonhar com medalhas nas piscinas, são eles: Guilherme Caribé (100m, 50m e 4x100m); Maria Fernanda Costa (200m e 400m); e Guilherme “Cachorrão” Costa (200m, 400m, 800m e 4x200m). Cachorrão, tem sido o grande nome do último ciclo olímpico. Ele levou a medalha de bronze no mundial de 2022 nos 400m, mas bateu na trave por duas vezes nos mundiais de Esportes Aquáticos de 2023 e 2024, terminando no quarto lugar.

Caribé e Mafê são duas jovens promessas. Ele já alcançou boas marcas nas duas provas em que irá participar, mas precisará de mais se quiser sair com uma medalha. Mafê, é outro potencial de medalha para o Brasil. Ela cresceu bastante, a ponto de ser finalista do mundial em Doha; e tal como Guilherme Costa, chegou muito perto da medalha, com a quarta colocação na prova dos 400m, a sua especialidade.

Maratona Aquática – A grande chance de medalha para o Brasil vem da Maratona Aquática. Ana Marcela Cunha, a atual campeã olímpica, irá tentar defender o título no emblemático rio Sena. A baiana não teve um ciclo olímpico fácil, com cirurgias, troca de técnico e mudança para a Itália com o objetivo de melhorar os treinamentos com a sua nova equipe técnica. Mesmo com tudo isso, Ana, mostrou que ainda é uma das melhores do mundo, conquistando ótimos resultados nas últimas etapas de Copa do Mundo.

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

O Brasil terá, também, a participação da gaúcha Viviane Jungblut, que garantiu uma das últimas vagas olímpicas no mundial de Esportes Aquáticos deste ano. Ela não chega como uma grande candidata ao pódio, mas tal como a sua parceira de competições, conseguiu um incrível segundo lugar na etapa de Copa do Mundo que aconteceu no final de maio, na Itália. No masculino, o país não conseguiu nenhuma vaga; porém, o nadador Guilherme Costa já disse que pretende participar da prova olímpica. Por ter conquistado o índice olímpico na prova dos 800m, ele pode entrar na competição.

Polo Aquático – Esta talvez seja a modalidade que a World Aquatics tem a maior dificuldade para desenvolver. As competições da entidade, ou até mesmo nas Olimpíadas, se resumem quase sempre aos mesmos países; Hungria, Croácia, Estados Unidos; Sérvia; Itália; Espanha, entre outros que acabam por dominar o esporte, sem serem incomodados.

Atualmente o Brasil é a terceira força das Américas no feminino, ficando atrás do Canadá e Estados Unidos, e disputando o segundo lugar com o Canadá e Argentina, no masculino; mas, não sendo suficiente para conquistar uma vaga olímpica. No mundial de 2024, por exemplo, as duas equipes brasileiras não conseguiram nenhuma vitória na fase de grupos. Contudo, existe uma evolução perceptível no time masculino, demonstrado na vitória sobre o Canadá, na semifinal dos Jogos Pan-americanos do ano passado.

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

No feminino, a tarefa parece ser um pouco mais complicada, uma vez que problemas externos estão interferindo diretamente na seleção. O atual campeão do campeonato brasileiro, Esporte Clube Pinheiros, não teve nenhuma de suas atletas convocadas para a seleção que disputou o mundial neste ano; acusando o técnico, Paulo Rogério de Moraes Rocha, de boicote. Paulo era o comandante da ABDA, equipe que ficou na terceira colocação, e optou por dividir a convocação entre atletas das vice-campeãs, Flamengo, e da sua equipe.

Nado Artístico – Outra modalidade que não terá a presença brasileira, será o Nado Artístico. O esporte teve grandes mudanças nas suas competições. A primeira delas foi na forma de atribuição de notas e penalizações das apresentações; pequenos erros começaram a pesar na nota final, permitindo que outros países possam sonhar pelas medalhas, e fazendo com que o favoritismo inicial de algumas nações não interfira diretamente na pontuação.

O segundo ponto foi a introdução de homens nas apresentações por equipes. O esporte já contava há algum tempo com a participação masculina, mas apenas em apresentações individuais e duetos mistos. Apesar de ainda serem minoria, é possível vermos alguns países trazendo integrantes homens.

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

No último mundial de Esportes Aquáticos, disputado neste ano, o Brasil contou com a presença da equipe brasileira nas provas de conjunto, dueto feminino e misto. O país brigava pela classificação, mas era uma tarefa árdua pelo nível atual do Brasil na modalidade, e acabou terminando nas posições intermediárias nas competições.

Saltos Ornamentais – A delegação brasileira terá dois saltadores nas provas olímpicas em Paris, Ingrid Oliveira e Isaac Souza. Havia uma expectativa que o país conseguisse outras vagas através da classificação no mundial de Esportes Aquáticos de Doha, mas o desempenho ficou bastante abaixo, refletindo o que já tinha acontecido nas disputas durante os Jogos Pan-americanos de Santiago.

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

Ingrid é a mais experiente, e atualmente a maior esperança de uma medalha complicada. Ela possui séries de saltos capazes de a colocarem no pódio, mas precisará de um dia perfeito para alcançá-lo. Isaac tentará chegar à final olímpica, numa prova extremamente disputada, sendo a única a não ter um chinês no topo do mundial de Esportes Aquáticos de Fukuoka.

Futebol

Investimento: R$ 0 (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Número de atletas em Paris: 18 (18 Mulheres)

Provas: Torneio Feminino

Medalhas em Tóquio: 1 Ouro (Equipe Masculina)

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

O esporte mais brasileiro dos Jogos Olímpicos não recebe nenhum repasse do Comitê Olímpico Brasileiro. Apesar da incredulidade inicial dessa informação, é fácil entender o motivo. Os repasses do COB são feitos com contrapartidas, que obrigam as entidades a abrirem as contas e estejam à disposição para investigações, referente aos recursos recebidos. Por este motivo, a confederação opta por não receber nenhum investimento público do COB.

De fato, a entidade mais rica do esporte brasileiro não necessita desse investimento, haja vista que a CBF consegue arrecadar algumas vezes mais do que o próprio COB, apenas com os patrocínios e recursos privados. Tudo isso, causa um conflito entre as maiores organizações do esporte no Brasil, que pôde ser visto durante a entrega das medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na ocasião, a seleção masculina não usou o uniforme de pódio, preferindo por utilizar a própria camisa de jogo onde aparece o fornecedor oficial da CBF, a Nike, evitando divulgar a marca Peak, parceira do COB.

De modo geral, a relação entre Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Futebol, representado pela FIFA, não é muito bom. O COI tem interesse em ter o esporte mais popular do mundo em seu programa, além dos sempre ótimos número de retorno em audiência, ingressos vendidos e público nos estádios. No entanto, a FIFA, não possui nenhuma pretensão de valorizar os torneios olímpicos e opta por prestigiar as suas próprias competições. Até por isso, o torneio masculino é disputado com uma limitação de idade (23 anos), com a exceção de no máximo três convocados. Ao mesmo tempo, o crescimento global do futebol para as mulheres e os investimentos nas últimas Copas do Mundo, tendem a diminuir a importância do evento olímpico também para o feminino.

Por causa disso, o trabalho voltado às Olimpíadas é praticamente inexistente. No caso do masculino, normalmente, a CBF começa a pensar em desenvolver uma equipe um ano antes do evento pré-olímpico que serve de classificatório para os Jogos. Dessa vez, mesmo com alguns grandes nomes no elenco, como o atacante do Fluminense, John Kennedy, e a nova estrela do Real Madrid, Endrick, a seleção brasileira não conseguiu performar e perdeu a vaga olímpica para as equipes da Argentina e Paraguai.

O ciclo olímpico da seleção feminina também não foi bom. Desde a eliminação nos pênaltis para a equipe canadense nos Jogos de Tóquio – que viria a ser campeã olímpica –, o desempenho brasileiro deixou a desejar. Mesmo com a conquista da Copa América da modalidade em 2022, a equipe brasileira teve bastante dificuldade para desempenhar e foi incomodada pela seleção colombiana, que conseguiu diminuir a diferença técnica e até pleitear a vitória e a vaga olímpica. No mundial, a seleção não avançou nem da fase de grupos, um dos piores resultados na história das participações brasileiras na Copa do Mundo Feminina.

Contudo, o novo comando técnico do prestigiado Arthur Elias, e a recente confirmação da Copa do Mundo Feminina de 2027 no Brasil, podem ser o gás necessário para impulsionar a seleção feminina nos Jogos Olímpicos de Paris. O caminho não será fácil, e a equipe brasileira terá um caminho árduo para superar as fortes seleções da Nigéria e Japão, e a atual campeã mundial, a Espanha, na fase de grupos do torneio olímpico.

Hipismo

Investimento: R$ 9,052 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Hipismo (CBH)

Número de atletas em Paris: 7

Provas: Adestramento Individual; Concurso Completo de Equitação Individual e Equipes; Saltos Individual e Equipes

Medalhas em Tóquio: 0

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

A CBH é uma das mais antigas entidades esportivas do Brasil. Fundada em 1941, a confederação cuida de todas as modalidades equestres no país, com exceção do Turfe, que não possui uma confederação ou associação responsável pelo esporte, sendo coordenada pelos principais Jockey Clubes do país. Atualmente, são 20 federações estaduais ligadas à entidade, além de centenas de hípicas, clubes e escolas de equitação por todo território brasileiro.

De modo geral, a CBH possui uma gestão eficiente, mesmo com algumas brigas políticas que ocorreram no início do ciclo olímpico dos Jogos franceses. A entidade conta com vários patrocinadores que, em 2023, resultaram em quase 2 milhões de reais para a organização. A confederação também consegue uma grande arrecadação com a negociação de cavalos e éguas de competição, além das taxas de concursos. Porém, grande parte desta verba é destinada para as estruturas de competições esportivas, e nas participações dos cavaleiros e amazonas brasileiros em eventos promovidos pela federação internacional. Nos últimos anos, a CBH diminuiu o investimento no fomento do esporte, a partir do repasse do COB, preferindo por utilizá-lo nas preparações técnicas dos conjuntos do país.

O Brasil tem uma extrema relevância esportiva no cenário internacional do Hipismo. Conquistas em eventos internacionais, torneios de nações e até mesmo nos Jogos Olímpicos, já deixaram claras as capacidades dos atletas brasileiros. A nível continental, o país já rivaliza, e até supera, os Estados Unidos em competições como os Jogos Pan-americanos.

Adestramento – Apesar de ter garantido a vaga por equipes no Adestramento, o Brasil perdeu o direito de enviar um time completo para as Olimpíadas, pela segunda vez seguida. O país não conseguiu cumprir os critérios mínimos de classificação impostos pela federação internacional, e teve a sua vaga retirada.

Por isso, o Brasil terá apenas João Victor Marcari na prova individual da modalidade. João é conhecido por ser o filho da lenda do Basquete brasileiro, a Rainha Hortência; ele teve um ciclo olímpico de clara evolução técnica, conquistando boas notas e posições finais em importantes campeonatos internacionais. Além das duas medalhas de prata nos Jogos Pan-americanos no ano passado.

CCE – O CCE é a prova do concurso completo de equitação. Também conhecido como Evento (Eventing, no inglês), têm como principal objetivo premiar o conjunto mais completo do esporte. Os cavaleiros/amazonas disputam as provas do Adestramento, Saltos e um circuito de Cross Country para definir os vencedores. Tal como as outras duas modalidades olímpicas dos Hipismo, o Brasil também vem evoluindo no CCE. Porém, ainda estamos longe de brigar por um pódio. Em Paris, os principais nomes serão os cavaleiros Carlos Parro e Márcio Jorge.

Saltos – As provas dos Saltos reservam as melhores chances de medalha para o Brasil. Tanto na disputa por equipes, quanto no individual. Os cavaleiros brasileiros tiveram excelentes temporadas e resultados nos últimos anos, dificultando a seleção dos quatro representantes do país. Os escolhidos para voltarem a pôr o Brasil no pódio olímpico do Hipismo foram: o medalhista de ouro dos Jogos Pan-americanos de Santiago, Stephan Barcha; o medalhista olímpico, Rodrigo Pessoa; e os ótimos cavaleiros Yuri Mansur e Pedro Veniss. A confederação ainda definirá qual deles será o reserva da equipe.

Taekwondo

Investimento: R$ 6,229 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd)

Número de atletas em Paris: 4 (2 Homens e 2 Mulheres)

Provas: Categorias até 57kg e até 67kg Feminino; Categorias até 68kg e até 80kg

Medalhas em Tóquio: 0

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas? - Parte 3: modalidades com boas chances
(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

O Taekwondo tem uma história recente dentro do cenário olímpico e brasileiro. Essa arte marcial de origem sul-coreana, esteve presente nos Jogos de Seul 1988 e Barcelona 1992 como demonstração. A participação oficial veio apenas em Sydney 2000 e, desde então, carimbou o seu lugar no hall de esportes do programa olímpico.

No Brasil, a modalidade já está presente há algum tempo. As primeiras aparições do Taekwondo remetem ao final dos anos 60. Porém, foi apenas em 1987 quando o esporte começou a se estruturar com a Associação Brasileira de Taekwondo (ABT), que viria a se tornar a CBTkd alguns anos depois.

Atualmente, a entidade está presente em todo o território nacional, fator essencial na captação de talentos pelo país. Além de ser bem organizada, com uma equipe considerável entre diretoria, analistas e técnicos. No entanto, a confederação tem dificuldades em captar recursos de patrocínios, e possui uma certa dependência do repasse do COB. A outra grande fonte de recursos da CBTKD vem das taxas de filiações, que no ano passado geraram mais de dois milhões e seiscentos mil reais de investimento. Receita conquistada graças a grande presença da entidade, e do esporte, no Brasil.

Recentemente, o presidente da confederação, Alberto Maciel Júnior, renunciou ao cargo no conselho de administração do COB. A medida tem como objetivo claro de se colocar à disposição para a candidatura à presidência do comitê olímpico brasileiro. É provável que Alberto, se junte ao atual comandante, Paulo Wanderley, e passe a ser nomeado o vice-presidente na próxima eleição.

Na parte esportiva, o Brasil sempre aparece com destaque no cenário internacional. No entanto, a palavra-chave para descrever a competitividade no esporte é: imprevisibilidade. Facilmente, podemos encontrar atletas de elite em todos os continentes, e nos mais variados países. Afeganistão, Níger, Macedônia do Norte, entre outros, são países que possuem resultados olímpicos melhores do que o Brasil até este momento.

Na capital francesa, o Brasil terá quatro representantes, em uma equipe extremamente jovem. Maria Clara Pacheco e Caroline Gomes são ótimos nomes do time feminino. Maria Clara foi medalhista de bronze no mundial de Baku, no Azerbaijão, e medalhou nos Jogos Pan-americanos de Santiago, no Chile. Caroline, cresceu bastante no ciclo olímpico e chegou a ser medalha de prata no mundial do ano passado. Ela foi a única a garantir a vaga através do difícil ranking olímpico.

No masculino, Edival Pontes será o mais experiente da equipe brasileira. Ele chegou a ser suspenso no ano passado por doping, mas pôde competir no importante Grand Prix de Paris, onde foi medalha de prata, e no pré-olímpico para garantir a sua vaga. Henrique Marques é o último integrante e uma das maiores apostas da confederação. A sua escolha para a disputa do pré-olímpico em Santo Domingo, na República Dominicana, foi bastante contestada. O Brasil possuía atletas mais bem ranqueados em outras categorias, e a sua vaga foi obtida numa péssima luta final que terminou num empate sem pontos. Contudo, ele é muito talentoso e superou várias dificuldades para poder se dedicar ao esporte.

Vale destacar o evento extra que acontecerá durante os Jogos. A federação internacional planeja a introdução das provas por equipes nas próximas edições, e por isso organizará uma prova de demonstração que contará com a participação da equipe brasileira.

Tiro com Arco

Investimento: R$ 5,477 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) (Brasil Arco)

Número de atletas em Paris: 2 (1 Homem e 1 Mulher)

Provas: Individual Masculino e Feminino; Disputa por Equipes Mista

Medalhas em Tóquio: 0

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

Definitivamente, o Tiro com Arco foi uma das modalidades em que o Brasil mais obteve evolução técnica nos últimos anos. Mesmo com uma equipe pequena de trabalho, e bastante focada na preparação técnica dos atletas; a confederação consegue, pouco a pouco, desenvolver o esporte no país.

A entidade foi fundada em 1991, a partir de uma junção de forças das federações estaduais do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que viam a possibilidade de criação de uma confederação nacional, auxiliando no crescimento do esporte. Atualmente, a CBTARCO conta com quase vinte federações estaduais filiadas, e dezenas de clubes de prática do Tiro com Arco.

O grande trunfo da entidade tem sido o centro de treinamento em Maricá, no Rio de Janeiro. O local que faz parte do projeto Maricá Cidade Olímpica, em uma parceira feita com a prefeitura da cidade há cerca de 14 anos. O lugar conta com outras modalidades no seu cardápio, e possui o objetivo claro de captar e aprimorar jovens talentos para o alto rendimento e as suas respectivas seleções nacionais. No entanto, o projeto do Tiro com Arco tem sido o de maior destaque até o momento, sendo a grande referência para a cidade

Marcus Vinícius D’Almeida e Ana Luiza Caetano foram os selecionados para representar o Time Brasil. D’Almeida é o principal responsável por colocar o esporte na prateleira das grandes chances brasileiras para estes Jogos. O arqueiro carioca, que irá para a sua terceira edição das Olimpíadas, é o atual líder do ranking mundial, foi campeão das etapas de Copa do Mundo, e medalhista nos dois últimos mundiais. Chegará em Paris como uma das principais apostas para a delegação brasileira. Enquanto isso, Ana Luiza fará a sua estreia, e busca conquistar a melhor participação olímpica do feminino. Ela está crescendo no esporte, com medalhas em Jogos Sul-americanos e posições intermediárias em algumas etapas de Copa do Mundo.

Triatlo

Investimento: R$ 5,968 milhões (2024)

Entidade: Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri) (Brasil Triathlon)

Número de atletas em Paris: 4 (2 Homens e 2 Mulheres)

Provas: Individual Masculino e Feminino; Revezamento Misto

Medalhas em Tóquio: 0

(Foto: Reprodução / Paris 2024 Olympics)

O Triatlo está entre as modalidades que mais cresceram no país em termos de resultados esportivos. Antes mesmo da participação brasileira nos Jogos de Tóquio, já se via uma renovação em curso e com conquistas, como as quatro medalhas da equipe brasileira nos Jogos Pan-americanos de Lima, em 2019. Desde então, a performance dos atletas melhorou e vieram os pódios em etapas de copa do mundo, e do circuito mundial, durante este ciclo olímpico.

Tais resultados são frutos da gestão da entidade, que apresenta dois grandes projetos para o seu esporte – O Plano estratégico e o Programa de Desenvolvimento da Modalidade no Brasil. O primeiro deles se trata de um plano da confederação de estruturação da sua própria organização, e que pretende ser aplicado até os Jogos de Los Angeles, em 2028. O plano conta com oito pilares principais, que passam desde a governança e transparência da entidade, até a utilização de práticas de ESG, marketing e tecnologia. Já o segundo projeto é destinado à formação de indivíduos, aplicando o esporte como a base de desenvolvimento, e o possível surgimento de atletas para a modalidade. Com altos níveis de detalhes, o projeto pretende capacitar atletas desde os primeiros anos de idade, até a parte adulta, integrados no esporte.

Enquanto a confederação trabalha no desenvolvimento desses projetos, ela também atua no suporte aos atletas que se destacam nas competições de base e elite. Muito do investimento recebido, é destinado à organização de “camps” de treinamento, custeio de viagens para competições internacionais, e na organização do circuito brasileiro de triatlo. Há ainda uma parte da verba que é destinada diretamente aos atletas. Um auxílio que fica em torno de R$ 5.000,00 para os atletas de elite.

Contudo, a confederação não esteve totalmente longe de polêmicas no último ciclo. Marco La Porta, ex-presidente da entidade, é um dos principais candidatos à próxima eleição da presidência e gestão do comitê olímpico brasileiro (COB). La Porta foi vice-presidente da atual gestão, de Paulo Wanderley, e fez parte da equipe nas Olimpíadas do Japão. Porém, um desentendimento pela sucessão da entidade máxima do esporte brasileiro, fez com que Marco fosse retirado do cargo. Agora, juntamente com a pentatleta, e medalhista olímpica, Yane Marques, Marco será candidato da oposição no pleito para a presidência do comitê.

Como dito anteriormente, o Brasil tem evoluído bastante nas competições. Em Paris, a equipe brasileira será representada pelos excelentes Miguel Hidalgo, Manoel Messias, Djenyfer Arnold e Vittoria Lopes. Miguel e Manoel já figuram há algum tempo entre os top mundiais, e são boas chances de uma medalha inédita para o país no esporte. Vittoria também já é figura conhecida no cenário mundial, e possui ótimas marcas. O momento dela não é o melhor, mas pode surpreender nos Jogos. Djenyfer é a novata da equipe, e vem crescendo muito dentro do ranking mundial. Existia uma dúvida se ela iria participar das Olimpíadas, mas acabou ficando com a última vaga da equipe brasileira, após o terrível acidente sofrido por Luisa Baptista nesse ano, e que segue um longo período de recuperação.