NWSL: venda de clubes e direitos de transmissão evidenciam valor da liga

Entenda como a NWSL está em ascensão financeira e de popularidade, caminhando para se colocar na vanguarda do futebol feminino mundial


Por Guilherme Calafate

29 de março de 2024

NWSL: venda de clubes e direitos de transmissão evidenciam valor (Foto: Reprodução/Washington Spirit)

Durante a última semana, o Sportico noticiou que mais uma equipe da National Women’s Soccer League (NWSL) havia sido negociada após um grupo liderado pela empresa norte-americana de private equity, The Carlyle Group, chegarem a um acordo com o Seattle Sounders para a aquisição da equipe feminina Seattle Reign FC, em uma negociação que avalia o clube da NWSL em US$ 58 milhões.

Os antigos proprietários do Reign, OL Groupe, que é controlado principalmente pela Eagle Football de John Textor, anunciaram o acordo de venda de todos os seus 97% de patrimônio na equipe da NWSL (anteriormente intitulada OL Reign). No entanto, a equipe confirmou que a aquisição continua sujeita à aprovação do conselho de governadores da NWSL e da Major League Soccer (MLS) e deve ser concluída ainda no início de 2024.

A venda mais recente de uma equipe da NWSL se soma a uma série de outros fatores e negociações, de propriedades de clubes a direitos de transmissão, que evidenciam o valor crescente da principal liga de futebol feminino dos Estados Unidos.

  • Aquisição do Washington Spirit por US$ 35 milhões por Y. Michele Kang em 2022.
  • Em agosto de 2023, um grupo liderado pela coproprietária do Chicago Cubs, Laura Ricketts, comprou o Chicago Red Stars por US$ 35,5 milhões.
  • Anúncio de duas novas franquias, Bay Area FC e um futuro time em Boston, cada uma com taxas de expansão de US$ 53 milhões.
  • Em outubro de 2023, a NWSL fechou novos acordos de transmissão com valor recorde, garantindo um total combinado de US$ 240 milhões nos próximos quatro anos.
  • A NWSL encerrou a temporada de 2023 com público recorde e aumento na audiência de streaming nos Estados Unidos.
  • Em janeiro, o Portland Thorns foi vendido por US$ 63 milhões – até então o preço mais alto já pago pela aquisição de uma equipe da NWSL.
  • Menos de dois meses depois, a venda da franquia San Diego Wave definiu o novo recorde, quando o bilionário Ron Burkle concordou em vender a equipe por cerca de US$ 120 milhões.

Há muito o que ressaltar na evolução da liga, como os novos acordos de direitos televisivos e a crescente lista de parceiros comerciais. Também é interessante observar que o capital privado está se tornando cada vez mais um financiador significativo da liga, com Carlyle Group se juntando a empresas como Sixth Street, Monarch Collective e Arctos Partners na realização de investimentos em franquias da NWSL.

Para a NWSL, a venda do Reign é mais um reforço de que a liga é uma oportunidade de investimento atraente do ponto de vista da propriedade de equipes, como enfatizou a comissária da liga, Jessica Berman, em uma entrevista recente ao SportsPro.

Novo recorde à vista para a NWSL

Além da venda do Seattle Reign, o Sportico também noticiou durante a última semana que a franquia mais valiosa da NWSL, Angel City FC, poderá em breve ter um novo proprietário e, possivelmente, estabelecer um novo recorde para a liga. De acordo com o portal, a diretoria do Angel City contratou a Moelis & Company para explorar uma venda de controle acionário da franquia.

O banco de investimento teria a aprovação dos quatro principais proprietários da equipe para vender uma participação que concederia ao comprador o controle do conselho. Segundo o Sportico, o banco já conversou com vários pretendentes, incluindo o ex-coproprietário do Milwaukee Bucks, Marc Lasry, que está entre os interessados ​​em investir por meio do novo fundo esportivo da Avenue Capital.

O maior acionista do clube da NWSL é Alexis Ohanian, que investiu tanto individualmente quanto por meio de sua empresa de capital de risco Seven Seven Six. Entretanto, a sua participação não inclui o controle do conselho ou a maioria das ações, o que é uma estrutura de propriedade incomum para equipes esportivas. Em vez disso, o empresário tem voz igual na tomada de decisões com as outras três coproprietárias do clube, Kara Nortman, Julie Uhrman e Natalie Portman. Além disso, a franquia também conta com vários investidores minoritários, incluindo as lendas do futebol feminino americano Mia Hamm, o ícone do tênis Billie Jean King e a atriz Jessica Chastain.

De acordo com o Los Angeles (LA) Times, Ohanian defendeu a venda do controle acionário devido à sua insatisfação as decisões do time. Ele confirmou que não venderá seu patrimônio por e-mail para vários meios de comunicação, mas se recusou a comentar mais. Não está claro exatamente o que levou à discórdia. Parte do atrito, de acordo com o Sportico, envolve operações e finanças da equipe. O Angel City tem de longe a maior receita na NWSL, mas também gasta mais, e o clube não é lucrativo.

No entanto, a receita da franquia, estimada em US$ 31 milhões, é considerada significativamente à frente de qualquer outra equipe da NWSL. O que pode ter ajudado a financiar os seus grandes gastos, tal como uma ronda de financiamento realizada em 2022. Antes da temporada de 2024, o Sportico avaliou o Angel City FC em US$ 180 milhões, sendo o time mais valioso da NWSL.

Além disso, desde a sua estreia em 2022, o Angel City chamou a atenção do mundo do futebol feminino, graças ao seu modelo de negócio único e orientado para um propósito. O clube devolve dez por cento da sua receita de patrocínio à comunidade local, o que o ajudou a atrair um número considerável de parceiros comerciais.

Novas mídias, novos lucros

A Amazon é um dos três novos parceiros de mídia da NWSL, incluindo ESPN e Scripps Sports, que pagarão à liga de futebol feminino um total combinado de US$ 240 milhões nos próximos quatro anos, juntamente com a atual emissora CBS Sports.

Os acordos inovadores visam dar à NWSL uma exposição sem precedentes para os esportes coletivos femininos profissionais: 72 jogos da temporada regular serão transmitidos em redes gratuitas e 26 serão transmitidos em canais a cabo com distribuição em massa. O restante será transmitido na Amazon e na NWSL+, a nova plataforma digital gratuita da liga. Entenda melhor:

  • ABC: abertura da temporada / ESPN: 7 partidas / ESPN2: 9 partidas
  • CBS: 11 partidas / CBS Sports Network: 10 partidas
  • Ion de propriedade da Scripps: 50 partidas
  • Prime Video: 26 partidas
  • NWSL+: 69 partidas

Além do enorme aumento nas receitas de TV, no valor de 60 milhões de dólares anuais e superando acordos anteriores, a NWSL terá agora quatro emissoras, em vez de uma, promovendo a liga todas as semanas. A Scripps está até lançando programas semanais de estúdio – outra novidade para a NWSL – antes e depois das partidas, assim como entre os jogos duplos de sábado. Dependendo do sucesso dos jogos na NWSL +, a liga pode começar a cobrar por esse serviço ou vender parte desse inventário para novos parceiros no futuro.

Expectativas futuras

Tendo em vista todos esses fatores, não é nenhum exagero dizer que a NWSL, fortalecida por novos investidores, acordos de direitos de transmissão e patrocínios, está numa posição forte para se colocar na vanguarda do futebol feminino mundial.