Não é de hoje que a NBA (National Basketball Association) deseja expandir seus domínios para outros continentes. Desde 2021, a liga norte-americana já organiza a Basketball Africa League (BAL) com a ajuda da FIBA (Federação Internacional de Basquetebol) e, agora, pretende fazer o mesmo na Europa.
Durante uma recente coletiva de imprensa, o comissário da NBA, Adam Silver, confirmou que o mercado europeu está pronto para receber uma expansão da liga. Inclusive, durante os Jogos Olímpicos de Paris, Silver se reuniu com a FIBA e também com alguns clubes, empresas de mídia e patrocinadores para estudar o melhor cenário.
“Tudo ainda está na mesa. Há uma enorme história e tradição no basquete europeu e queremos respeitar essas tradições. Estamos acostumados com ligas fechadas, já a Europa está acostumada com ligas abertas com promoção e rebaixamento. Então estamos olhando para todas essas facetas. Mas vendo o que acontece na Europa, não apenas no basquete, mas também no futebol, isso nos dá a oportunidade de dizer: ‘Tudo bem, vamos dar uma nova olhada, quais são as práticas mais eficazes para criar uma liga comercialmente viável?’ E esse é o processo pelo qual estamos passando agora” afirmou Silver.
Seguindo os mesmos passos da BAL, a NBA Europa deve ser lançada em parceria com a FIBA e pode contar com times estabelecidos do basquete, incluindo o Real Madrid da Euro League. Ainda não há um cronograma para quando o torneio será lançado, mas novidades devem surgir ainda neste mês, quando Silver se reunirá com os donos das franquias da NBA para debater o assunto.
NBA Europa “não faz sentido”, diz CEO da Euro League

Durante entrevista para o SportsPro, o presidente-executivo da Euro League Basketball, Paulius Motiejunas, questionou a lógica dos planos para uma nova liga europeia de basquete. De acordo com Motiejunas, ler comentários sobre outro torneio na Europa “não faz sentido algum” no momento.
“Já temos quatro ligas diferentes. Nós, como EuroLeague, temos o melhor produto possível. Não acho que seja algo que não deva ser valorizado, compreendido e apreciado, porque o que os clubes e a liga conquistaram em 25 anos é incrível. Eu entendo a abordagem da NBA e aprecio o quão grande eles são – é a liga de basquete número um do mundo. Mas não gosto da mentalidade de ‘ah, vamos lá e ensinaremos a todos como se faz’”, afirmou Motiejunas.
Além da EuroLeague e da EuroCup – ambas operadas pela Euroleague Basketball –, a Europa conta com a Basketball Champions League, administrada pela FIBA, e a FIBA Europe Cup, além das ligas nacionais de cada país. Para Motiejunas, a criação de outra competição fragmentaria ainda mais o esporte no continente, impactando tanto os fãs quanto os patrocinadores.
“Obviamente, todo mundo quer ver NBA e o que eles podem oferecer. Mas ter cinco ligas significaria que estamos esquecendo dos fãs. Você liga a TV e não sabe qual time está jogando contra qual competição. Não faz sentido, não só para os fãs, mas também para todas as receitas que podemos obter indo para patrocinadores e oferecendo o mesmo investimento. Mais uma vez, é difícil de entender. Eu entendo a vontade de expandir e fazer jogos da temporada regular. Mas nós, juntos, precisamos proteger o basquete e se competimos uns com os outros, os outros esportes ganham força; eles ficam melhores do que nós e estamos aqui para proteger o basquete”, salientou Motiejunas.
Vale lembrar que no início deste ano, a Euroleague Basketball assinou uma extensão de longo prazo com a empresa IMG , o que pode dificultar o envolvimento de equipes do torneio em qualquer possível empreendimento europeu da NBA. Questionado se a liga norte-americana o consultou antes de elaborar essa proposta de expansão, Motiejunas disse que reuniões já haviam ocorrido anteriormente, e que sua organização permanece aberta a novas conversas, em parte para garantir que os melhores interesses do basquete como um todo estejam sendo considerados.