O mundo das lutas sempre atraiu a atenção do público, e quando se trata de embates entre celebridades, a emoção e a curiosidade atingem níveis ainda mais altos. As lutas de exibições se iniciaram em 2018 nos Estados Unidos com os irmãos de criadores de conteúdo para o YouTube, Jake e Logan Paul, que desafiaram KSI e DEJI, também irmãos com carreira no YouTube. Essa iniciativa dos irmãos youtubers americanos criou uma “nova modalidade” nos ringues.
A intensa repercussão fez com que, quatro anos depois (2022), os ringues brasileiros recebessem esse tipo de evento. O início foi marcado pela luta entre o humorista Whindersson Nunes e o tetracampeão mundial Popó Freitas na primeira edição do Fight Music Show. Segundo o próprio idealizador, o empresário Mamá Brito, o FMS não se trata de um evento esportivo de luta, mas sim de um meio gerador de conteúdo e marketing que utiliza do boxe para se promover. Na última edição, a luta entre Popó e Bambam gerou 5 e 6 milhões de reais para cada, respectivamente.
Dessa forma, um dos principais fatores por trás desses valores astronômicos nos lucros é o marketing. Os duelos são sempre divulgados de formas intensivas, utilizando estratégias de publicidade que geram grande interesse e expectativa. O trash talk e as polêmicas geradas entre os competidores são sempre alvos de muitas visualizações nas redes sociais. Além disso, vale citar a receita feita com venda de ingressos e pay-per-view. A combinação de uma grande base de fãs e o desejo de testemunhar um confronto épico entre suas celebridades favoritas resulta em uma demanda altíssima por esses serviços, além de mostrar o esporte para um novo público.
Outra fonte de receita relevante são os patrocinadores. A grande visibilidade proporcionada por esse evento (vídeo do nocaute sofrido por Bambam gerou mais de 23 milhões de visualizações), gera um interesse por parte das empresas de associar suas marcas a esses eventos. Assim, são investidas quantias significantes em troca da exposição da marca durante o evento.
O próximo grande evento destas lutas acontecerá dia 20 de julho, no estádio do Dallas Cowboys com a expectativa de 111 mil pagantes para ver a luta entre o youtuber Jake Paul e o lendário pugilista Mike Tyson. Os valores envolvidos neste evento ainda não foram divulgados, entretanto a Netflix adquiriu os direitos de transmissão, gerando uma expectativa de aumento de assinaturas afim de acompanhar o espetáculo.
Apesar de toda a repercussão, nem todo mundo é a favor desse tipo de evento. Uma das preocupações envolvendo as lutas entre celebridades é a distorção da imagem do esporte. O fato de qualquer celebridade poder colocar seus pés nos ringues pode fazer com que o público em geral subestime a habilidade, técnica e disciplina necessárias para ser um boxeador. O resultado disso é a percepção do esporte como um espetáculo e não uma disciplina atlética. Além disso, existe um anseio em relação a monopolização do espaço midiático e a receita disponível para o esporte. Tal fato criaria um ambiente menos favorável para o desenvolvimento de talentos devido ao não direcionamento dos recursos. Por fim vale ressaltar que a maioria dos participantes não são profissionais, portanto as lutas representam um risco a saúde.
Portanto, as lutas entre celebridades tem sido um fenômeno de grande interesse do público, desde seu início nos Estados Unidos com os irmãos Paul até sua chegada nos ringues brasileiros com eventos como o Fight Music Show. Esses embates geram lucros astronômicos, no entanto há preocupações quanto a distorção da imagem do esporte e sua monopolização. Diante disso, encontrar o equilíbrio entre o entretenimento e a seriedade do esporte é essencial para garantir que eventos assim continuem sendo um sucesso.
Por Gustavo Morin, Thiago Leitão e Vitor Bernardini
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