A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) surgiu como uma ideia em 2021, através dos presidentes do Palmeiras, Flamengo e Bahia, com o objetivo de dar mais controle aos times de Série A e B em relação ao regulamento, captação de receitas, divisão de calendários, entre outros aspectos. Resultando assim em um menor poder político das federações.
Mesmo o movimento tendo sido estimulado graças a insatisfação com ex-mandatário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, a Liga reforça que o movimento não tem como objetivo uma rescisão com a CBF e até o atual presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, já se mostrou a favor das intenções dos clubes.
Atualmente, o grupo favorável à Libra conta com 19 times: ABC, Atlético-MG, Bahia, Brusque, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Paysandu, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória. Porém, o acordo é válido apenas para sete destes times destacados, que são os que estão atualmente na Série A, com exceção do Corinthians.
Isso acontece pois a diretoria do Corinthians optou por negociar seus diretos de transmissão por fora do grupo, acreditando ser mais vantajoso para os cofres do clube, tendo em vista que o time paulista receberia menos que o Flamengo, devido ao fato de que uma porcentagem do lucro que os clubes da Libra irão receber dependem da quantidades de espectadores.
No dia 8 de março, a Libra anunciou um novo contrato no valor de 6 bilhões com a emissora Globo para os direitos de transmissão dos jogos como mandante no Campeonato Brasileiro série A no período de 2025 até 2029.
O acordo financiado pelo Fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, que fechou um acordo de exclusividade com o grupo em julho de 2023 e é assessorado pelo BTG Pactual, coloca a emissora Globo em posição vantajosa com exclusividade para transmitir os jogos do Campeonato Brasileiro que tiverem os seguintes clubes como mandantes: Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos, Atlético Mineiro, Grêmio, Vitória, Bahia e Red Bull Bragantino.
Em relação ao contrato, o grupo receberá anualmente 1,3 bilhões de reais por esses direitos de transmissão. No entanto, esse valor pode flutuar com a chegada de novos clubes na Libra, o que causaria um aumento nesse valor, assim como uma redução no caso de algum dos clubes do grupo cair de divisão. Mesmo estando na Série B, o Santos faz parte do grupo e, caso consiga subir para a Série A no ano que vem, terá as transmissões regidas pelo mesmo contrato.
Referente ao valor de recebimento anual, todo esse montante será dividido entre os clubes do grupo, sendo 40% igualmente, 30% via performance no campeonato e outros 30% por desempenho de audiência. Além disso, 3% do valor podem ser destinados para os clubes da série B pertencentes a Libra, a fim de incentivar os clubes a atingirem a elite do campeonato.
Entretanto, uma parte desse acordo ainda está em aberta, tendo em vista que, caso o Corinthians decida deixar o grupo, o valor da negociação irá reduzir 11%, influenciando fortemente nos valores recebidos pelos outros times do grupo.
Todas essas modificações só aconteceram por conta da Lei do Mandante, que se tornará vigente em 2025, que garante que cada clube pode negociar individualmente os direitos de transmissão das partidas em que for mandante. Até então, o veículo interessado em transmitir a partida necessitava ter um acordo com os dois times em campo para poder transmitir o jogo. Essa lei faz com que os clubes necessitem de uma gestora desses direitos que represente os seus interesses através dos contratos de exclusividade. Dessa forma, surgem os grupos como a Libra.
Em suma, o contrato firmado pela Libra representa uma união dos clubes em prol de melhorias e mais entendimento dos principais atuantes tanto da competição quanto da transmissão. A tendência é que esses grupos ganhem cada vez mais força e contem com a entrada de novos clubes.
Por Fábio Neto e Pietro Bettega
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