De onde vem o dinheiro da Copa do Mundo de Clubes da FIFA?

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA, agora com um novo formato que contará com 32 equipes e será realizada de 15 de junho a 13 de julho de 2025 nos Estados Unidos, promete transformar o cenário do futebol mundial. No entanto, a principal questão levantada pelos clubes e investidores é: de onde virá o dinheiro para financiar este ambicioso projeto?

Segundo levantamento da Football Benchmark, a FIFA tinha a expectativa de gerar US$ 4 bilhões com o torneio, inicialmente acreditando que ele teria um potencial comercial similar ao da Copa do Mundo de seleções. Uma oferta da Apple no valor de US$ 1 bilhão pelos direitos de transmissão global foi recusada, já que a entidade avalia transmitir o evento em sua própria plataforma de streaming, amparada por um investimento de US$ 2 bilhões.

Direitos de transmissão

De acordo com Andrea Sartori, fundador e CEO da Football Benchmark, o valor estimado por jogo na nova Copa do Mundo de Clubes pode variar entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões, totalizando uma receita potencial entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,5 bilhão ao longo dos 63 jogos. Essa projeção é baseada na comparação com outras competições internacionais de sucesso, como a UEFA Champions League e o Mundial de seleções, que atraem público global e grandes patrocinadores.

A título de comparação, a Copa do Mundo da FIFA gerou, na edição de 2022, cerca de €41,7 milhões por jogo apenas em direitos de transmissão. A Champions League, com o aumento no número de partidas no novo formato, viu a média cair para €16,8 milhões por jogo, mas ainda se mantém como um dos eventos mais lucrativos do futebol mundial.

Desafios e incertezas

Apesar do potencial financeiro, a FIFA enfrenta desafios consideráveis para consolidar a Copa do Mundo de Clubes como um produto atrativo. Sartori destaca a saturação do mercado de futebol, com um calendário já congestionado e a diminuição do valor marginal de novos torneios. “Se você tem caviar cinco noites seguidas, na sexta, vai querer algo diferente”, compara Sartori, ressaltando que o excesso de competições pode reduzir o apelo para o público e, consequentemente, para os investidores.

Outro ponto crucial é a competição por atenção no mercado de entretenimento. Além do futebol, eventos esportivos, redes sociais, jogos e séries disputam o tempo livre dos espectadores. Isso obriga a FIFA a repensar a estratégia de comercialização e promoção do torneio, considerando a necessidade de inovação e diferenciação para atrair audiências e patrocinadores.

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Aposta na globalização

A Copa do Mundo de Clubes reunirá as principais equipes europeias, sul-americanas e representantes de mercados emergentes, como Egito, Marrocos e Arábia Saudita. O apelo internacional é evidente, mas a competição ainda carece do prestígio e reconhecimento de torneios consagrados como a própria Champions League.

Para Sartori, o futuro do futebol está na globalização. Grandes clubes como Real Madrid, Manchester City e PSG já dependem menos de receitas domésticas e apostam em sua presença global. Na temporada 2022/23, a receita comercial representou 45% da renda do Real Madrid e até 60% da do PSG, mostrando que a expansão internacional é uma prioridade estratégica.

Grandes oportunidades e riscos

Um dos grandes desafios para a FIFA é evitar a canibalização dos direitos de transmissão entre suas próprias competições e as organizadas pela UEFA. “Cada detentor de direitos vê seu produto como um centro de lucro independente do ecossistema mais amplo”, observa Sartori. A ausência de uma visão harmonizada pode prejudicar o potencial de crescimento e saturar o mercado, diluindo o valor dos torneios.

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA tem o potencial de se tornar um dos maiores eventos do futebol global, mas ainda precisa superar desafios significativos para atingir seu valor esperado. A competição por atenção e a necessidade de equilibrar a oferta com a demanda do público serão fatores decisivos. A aposta na globalização e na inovação no modelo de transmissão podem ser os caminhos para consolidar o torneio no calendário internacional e gerar as receitas esperadas pela FIFA.