Um artigo escrito por Behshad Behzadi, diretor de tecnologia e inteligência artificial da Sportradar, publicado pelo portal SportsPro trouxe à tona uma questão crucial para o futuro do esporte: como a inteligência artificial (IA) pode hiperpersonalizar a experiência dos espectadores e criar um nível de interatividade sem precedentes.
A evolução dos smartphones revolucionou a forma como consumimos mídia. De jornais físicos e televisão passiva, migramos para experiências interativas e hápticas. Segundo Behzadi, “dependendo da faixa etária e da localização, usuários do TikTok passam entre uma e duas horas diárias deslizando vídeos”, um dado que revela o poder de atração e retenção das redes sociais. O segredo por trás dessa imersão? A personalização viabilizada pela IA.
Um novo paradigma para a transmissão esportiva
Historicamente, o esporte se destacou como pioneiro no uso de IA para análise de desempenho. Contudo, a experiência de consumo esportivo permaneceu estagnada por décadas. Behzadi acredita que isso está prestes a mudar com a combinação de três tendências emergentes:
- Cérebro esportivo hypersmart: Um sistema baseado em IA generativa capaz de conectar dados e criar experiências personalizadas.
- Hiperpersonalização: Um relacionamento “memória” entre o consumidor e o esporte, onde gostos, preferências e histórico são usados para moldar a transmissão.
- Hiperimersão: Experiências interativas entregues por dispositivos familiares como smartphones, com potencial futuro para AR e VR.
Behzadi destaca que essas tendências já estão se materializando. Uma aplicação prática seria oferecer ao espectador ferramentas para interagir com a transmissão – como clicar em um jogador para acessar dados, histórias ou oportunidades de apostas, tudo integrado à experiência de visualização.
Personalização em escala massiva
Ao longo dos anos, empresas segmentaram consumidores em categorias como espectadores casuais, superfãs e obsessivos. Agora, a IA generativa está mudando as regras do jogo. Com modelos como os grandes modelos de linguagem (LLMs), é possível personalizar experiências em nível granular. Por exemplo, o “cérebro esportivo” pode adaptar a transmissão com base no idioma, no time favorito e no nível de conhecimento do espectador sobre o esporte.
“Se você é francófono assistindo a um jogo contra a Itália, o comentarista pode tender a apoiar a França. Se você é um espectador avançado, as análises serão mais profundas. A IA pode moldar tudo isso para cada indivíduo”, explica Behzadi.
E a escalabilidade? Mesmo em eventos com bilhões de espectadores, como a Copa do Mundo, a tecnologia consegue entregar experiências personalizadas sem comprometer a infraestrutura.
Explorando novas oportunidades comerciais
A hiperpersonalização também abre novas frentes para monetização. Apostas esportivas, por exemplo, podem ser integradas à transmissão, oferecendo sugestões e promoções adaptadas ao perfil do espectador. Para Behzadi, isso não é diferente do que gigantes como o Google já fazem: “Com personalização, você recebe um feed curado e mais engajador”.
+ Leia também:
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– IA no esporte: Olympic Channel defende o toque humano
Um futuro interativo
O próximo passo é transformar eventos esportivos em experiências interativas, semelhantes ao consumo de conteúdo em plataformas como TikTok e Instagram. Isso não significa alterar a duração de partidas, mas sim desmembrá-las em momentos menores e mais envolventes.
Com a IA, o esporte pode se reinventar para uma geração que espera imersão e interatividade. Para Behzadi, “a combinação de tecnologias hypersmart, personalização e imersão garantirá que os polegares dos fãs continuem ocupados”.
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