Os mais bem informados já sabem de tudo. Começo, meio e fim. Mas tem gente feito eu, que as vezes olha para a salada de frutas de informações disponíveis nas mais diversas mídias e fica se perguntando: Onde começa e onde termina esse assunto? O que é? Onde é? Como é?
Sobre SAF´s, como é um assunto novo, não temos uma resposta exata, precisa, mas após cuidadosa pesquisa, temos uma boa explicação sobre os elementos dinâmicos desta situação renovadora e muito promissora que se descortina sobre o futebol brasileiro e tenho certeza que sua modernidade irá alcançar outros grupos esportivos. Ainda vai levar um tempo para que todos os elementos deste momento transformador se cristalizem, mas chegaremos lá.
A tradição história dos clubes associativos
Foi assim que começou e por mais de cem anos, a administração de um clube de futebol foi “associativa” e isso refere-se à gestão e ao gerenciamento das atividades relacionadas ao funcionamento do clube como uma associação civil sem fins lucrativos. Nesse modelo, copiado inicialmente de seus pares europeus, o clube é constituído como uma associação sem fins econômicos, sendo administrado por dirigentes eleitos ou indicados pelos membros associados. Quem não se lembra dos históricos e eternos Eurico Miranda no Vasco e Marcio Braga no Flamengo, entre outros tantos que fizeram história nos clubes ao longo do Brasil. Por muitas vezes a personalidade do presidente do clube se sobrepunha ao próprio brasão do clube.
A administração de um clube de futebol associativo envolve diversas áreas, tais como:
Gestão Esportiva: Envolve a contratação e demissão de treinadores e jogadores, a montagem do elenco, o planejamento e a estratégia para as competições, a gestão do departamento médico e de preparação física, entre outras questões relacionadas ao desempenho do time em campo.
Gestão Financeira: Cuida das finanças do clube, incluindo o orçamento, controle de receitas e despesas, negociações de contratos, captação de patrocínios e parcerias, pagamento de salários e impostos, e a busca por recursos para o desenvolvimento das atividades do clube.
Gestão de Recursos Humanos: Trata da gestão dos funcionários e colaboradores do clube, não apenas os jogadores e a comissão técnica, mas também funcionários administrativos, de marketing, segurança, entre outros.
Marketing e Comunicação: Responsável por ações de marketing para a promoção do clube, criação de estratégias para aumentar o número de torcedores, gerenciamento das redes sociais e outros canais de comunicação, planejamento de eventos e campanhas de engajamento da torcida.
Gestão de Infraestrutura: Cuida da manutenção e desenvolvimento das instalações do clube, como o estádio, centros de treinamento, vestiários e áreas de lazer.
Relações Institucionais: Trata do relacionamento com órgãos esportivos, outras associações, patrocinadores, imprensa e torcedores.
Responsabilidade Social: Desenvolvimento de programas e projetos sociais, envolvimento com a comunidade local, promoção da inclusão social por meio do esporte.
É importante destacar que a administração de um clube de futebol associativo apresenta desafios particulares, já que a maioria dessas instituições depende, em grande parte, da receita de patrocínios, venda de ingressos e direitos de transmissão. Dessa forma, a gestão financeira, a atração de recursos e a busca por parcerias são aspectos cruciais para a sobrevivência e o crescimento do clube.
Além disso, a gestão de um clube associativo está sujeita à influência e decisões tomadas pelos membros associados, o que pode tornar o processo de tomada de decisão mais complexo em comparação a clubes com modelos empresariais. Portanto, uma gestão eficiente, transparente e voltada para os interesses do clube e seus torcedores é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de um clube de futebol associativo, o que nem sempre é o modelo recorrente nas agremiações, especialmente quando a política se mistura com o esporte.
Elementos essenciais do futebol associativo, alguns positivos, outros nem tanto: tradição, longevidade, presença histórica, vitórias, ídolos, agrupamento político, interferência política e por muitas vezes corrupção e desvios de fundos do patrimônio que neste caso pertence aos associados do clube.
Entre um formato e outro, o tempo, a evolução e muitas vezes a insatisfação dos associados com o destino do clube, dos recursos e dos atletas. Tudo era seu, mas ao mesmo tempo nada é seu. O clube empresa é um tema que se discute há muito tempo, com várias ideias, tentativas e formatos. Até que 2021, uma nova legislação criada permitiu o surgimento das SAF´s como hoje são.
Um clube associativo pode se tornar uma SAF de várias formas, um clube novo pode nascer SAF, um clube antigo pode vender 100% para uma SAF ou pode manter uma parte para que os associados não se sintam completamente alijados do processo de decisão e mantem parcelas minoritárias dos direitos e participações, como 10 ou 20%.
A Revolução Comercial
SAF é a sigla para Sociedade Anônima de Futebol, que foi criada a partir da Lei 14.193/2021 e permitiu que clubes de futebol pudessem ser transformados em empresas. Desde 2021, uma onda de clubes de futebol do Brasil aderiu à SAF. Entre eles, estão Botafogo, Cruzeiro e Vasco. Entretanto, mais do que uma mudança no nome da estrutura e gestão, passando de associação civil sem fins lucrativos para empresarial, há grandes alterações na forma de tributação, bem como normas de governança, controle e meios de financiamento para a atividade do futebol. Há “compliance” e auditorias!
Elementos essenciais do futebol sobre gestão total ou parcial de uma SAF:
A gestão de uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) é baseada em um modelo empresarial e profissional, que difere da gestão de um clube de futebol associativo tradicional. Nas SAF´s, o clube é transformado em uma empresa com fins lucrativos e a administração é realizada por uma estrutura profissional contratada pelos proprietários ou acionistas. A seguir, vamos abordar como funciona a gestão da SAF e a composição da equipe de gestão:
1. Proprietários ou Acionistas: Nas SAF´s, os proprietários ou acionistas são os responsáveis pela propriedade da empresa e possuem o controle acionário. Eles tomam as principais decisões estratégicas e de investimento, como escolha da diretoria executiva, aprovação de orçamentos e planos de negócios.
2. Conselho de Administração: A empresa pode ter um Conselho de Administração, que é um órgão de deliberação colegiada responsável por orientar e supervisionar a gestão executiva. O Conselho pode ser composto por membros internos (proprietários ou acionistas) e membros externos com experiência em áreas relevantes, como finanças, marketing e direito.
3. Diretoria Executiva: A diretoria executiva é o corpo de gestão profissional contratado para conduzir as atividades diárias do clube-empresa. Os principais cargos na diretoria incluem:
CEO (Chief Executive Officer) ou Diretor-Geral: Responsável por liderar a empresa, definir estratégias gerais, representar a organização perante outras entidades e tomar decisões executivas.
CFO (Chief Financial Officer) ou Diretor Financeiro: Responsável pela gestão financeira da empresa, incluindo orçamento, relatórios financeiros, controle de custos e captação de recursos.
CLO (Chief Legal Officer) ou Diretor Jurídico: Responsável por questões jurídicas, contratos, conformidade legal e aconselhamento em assuntos legais.
CMO (Chief Marketing Officer) ou Diretor de Marketing: Responsável pelo desenvolvimento de estratégias de marketing, comunicação, patrocínios e parcerias para aumentar a visibilidade e receitas do clube.
Diretor de Futebol: Responsável pelas questões relacionadas ao futebol, como contratações de jogadores, planejamento de elenco, negociações de transferências e relacionamento com a comissão técnica.
4. Profissionais Especializados: Além da diretoria executiva, a SAF pode contar com profissionais especializados em áreas específicas, como gestão de recursos humanos, infraestrutura, desenvolvimento de categorias de base, entre outras.
A gestão de uma SAF visa uma abordagem mais profissional, com foco em resultados financeiros e esportivos, sustentabilidade e crescimento do clube como um negócio. Isso implica em tomada de decisões baseada em critérios mais estratégicos e menos sujeitos à instabilidade causada por mudanças frequentes de mandatários, que é uma característica comum em clubes de futebol associativos.
Enquanto no modelo associativo, o clube é um clube, associativo, com sócios e membros de diretoria, no modelo SAF o clube é uma empresa, e traz investimentos vultosos, que ao serem aportados normalmente sanam as crises financeiras eternas e repetitivas e dão ao clube, agora empresa, a oportunidade real de brigar pelas primeiras colocações nos campeonatos pois tem material humano de qualidade e agilidade na tomada de decisões. Uma empresa é uma empresa. Objetivo: Resultados. Não política.
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