A Premier League não é apenas a liga de futebol mais rica do planeta. Ela é, também, um fenômeno global que converte paixão em cifras colossais. No ciclo de 2025 a 2028, a liga inglesa alcançou um novo patamar ao registrar um crescimento impressionante em suas receitas de transmissão internacional: 12,25 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 92,2 bilhões). Desse total, 1,1 bilhão de libras (aproximadamente R$ 8,2 bilhões) veio diretamente do mercado asiático, uma demonstração clara do peso dessa relação comercial que já dura mais de três décadas.
E é no Sudeste Asiático que essa afinidade se manifesta de forma mais intensa. Países como Tailândia, Indonésia e Malásia não apenas consomem futebol europeu, eles o veneram. Apenas nessa região, 386 milhões de pessoas assistiram à temporada 2021/2022 da Premier League, sendo que 611 mil acompanharam as partidas ao vivo. Números que, por si só, explicam a insistência (muito bem calculada) dos ingleses em investir cada vez mais na região.
De acordo com a BBC, torcedores do continente já representam metade da base internacional dos clubes ingleses e cerca de 25% de toda a audiência da competição. E mais do que meros espectadores, esses fãs se sentem parte da história, escolhem clubes, conhecem elencos, usam camisas e constroem vínculos emocionais que atravessam fronteiras.
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Presença física e digital para conquistar o torcedor
Para manter viva essa chama, tanto a liga quanto os clubes adotaram uma postura proativa. Entre 2003 e 2019, a Premier League realizou a “Premier League Asia Trophy”, torneio bienal de pré-temporada com a participação de três clubes ingleses e uma equipe local. Apesar de descontinuada, a competição cumpriu seu papel como porta de entrada para milhares de novos fãs. Em paralelo, clubes do “Big Six” continuam apostando forte no contato direto com esse público. O Manchester United, por exemplo, anunciou recentemente amistosos na Malásia e em Hong Kong contra o ASEAN All-Stars e a seleção local, respectivamente.
O trabalho também acontece nas redes sociais. Perfis segmentados como “Manchester United Indonesia” e “Tottenham Coreia do Sul” ilustram bem a personalização da comunicação e a tentativa clara de aproximar os torcedores asiáticos de seus ídolos.
O futuro da Premier League no continente asiático
E o que esperar do futuro? A Premier League já começou a responder. Um novo escritório foi inaugurado na China, país estratégico não apenas pela sua população, mas por sua crescente influência no cenário esportivo global. Além disso, o contrato de direitos de transmissão para 2025-2028 prevê acordos com mais de 20 países asiáticos, o maior número da história da liga na região.
A Premier League entendeu antes dos outros que, no mundo dos negócios esportivos, onde há paixão, há mercado. A Ásia é, hoje, mais do que um público-alvo, é uma parceira estratégica, uma aliada de peso na jornada de consolidar o futebol inglês como o espetáculo mais rentável e assistido do planeta