Os números por trás do US Open 

Último Grand Slam do circuito de tênis começou essa semana com promessa de resultados impressionantes fora das quadras


Por Daniel Endebo

1 de setembro de 2023

Os números por trás do US Open  (Foto: Dylan Freedom/Unsplash)

Começou, no último dia 22, o US Open, último Grand Slam do circuito de tênis profissional e é hora de mergulharmos um pouco mais a fundo na competição para além do esporte. Vamos do início: a competição disputada em Flushing Meadows, no Queens, NY, é o mais antigo dos principais torneios de tênis no mundo. Suas primeiras edições datam do fim do século XIX e entrando na 143ª edição, temos boas histórias para acompanhar. 

No masculino de simples, o recordista de Grand Slams, Novak Djokovic, entra como um dos favoritos para buscar o 24º título desse formato. Se tudo ocorrer conforme esperado, seu principal desafiante deverá ser o número 1 do ranking da ATP, o fenômeno espanhol Carlos Alcaraz. No momento em que esse texto é publicado, alguns dos jogadores mais bem ranqueados da ATP já deram adeus à competição, como Ruud e Tsitsipas. Outros nomes de impacto, como Sinner, Medvedev, Fritz e Tiafoe seguem na disputa. Ficamos na torcida pelo brasileiro Felipe Meligeni, sobrinho do ex-tenista Fernando Meligeni, e também por uma boa campanha de Andy Murray, um histórico jogador que não deve demorar muito para se aposentar. A ausência mais importante do torneio é Rafael Nadal, que está lesionado. 

Pelo feminino simples, teremos a primeira edição em mais de 25 anos sem a lenda Serena Williams. Seis vezes campeã da competição, ela se despediu oficialmente das quadras na última edição. O que não quer dizer que não teremos estrelas no torneio: a número 1, atual campeã e favorita ao título é a polonesa Iga Swiatek. Entre as candidatas ao títulos, estão as locais Jessica Pegula e Coco Gauff, a bielorrussa Aryna Sabalenka e a cazaque Elena Rybakina. Infelizmente, para a torcida brasileira, Bia Haddad foi eliminada precocemente. 

O torneio vai até o próximo final de semana, quando teremos as finais do feminino simples sábado, dia 9, e do masculino simples no domingo, dia 10. As transmissões acontecem nos canais Sportv e ESPN, e nos streaming Star+ e GloboPlay. 

As finanças do US Open 

Premiações 

Para além do prestígio esportivo, o evento tem números impressionantes fora das quadras. A começar pela premiação aos atletas: nessa edição, os campeões de simples levarão para cada US$ 3 milhões cada. Esse valor já foi maior: em 2019, por exemplo, o prêmio girava em torno de US$ 3,85 milhões aos vencedores, mas o pote de moedas era bem menor. O que mudou? De lá pra cá, duas alterações se fizeram presentes: 1) os valores totais a serem distribuídos – que esse ano atingiram o valor recorde de US$ 65 milhões e 2) aumento na distribuição para atletas das primeiras rodadas da competição. Só para efeito de comparação: um jogador eliminado na primeira rodada do torneio levava US$ 58 mil em 2019; nessa edição, levará US$ 81,5 mil – um aumento de 40%. 

Tabela de prêmios distribuídos por jogador nos torneios de simples do US Open. (Fonte: site oficial) 

Ainda sobre a premiação, cabe ressaltar que os 65 milhões distribuídos representam um aumento anual de 8% e configura o maior montante distribuído entre todos os Grand Slams – Wimbledon, o segundo que mais paga, dá aos atletas 57 milhões de dólares. E, claro, é bom lembrar também que o US Open foi pioneiro na equiparação de pagamento de premiações entre homens e mulheres, prática iniciada há 50 anos na competição. 

Mas de onde vem todo esse dinheiro? 

Patrocinadores 

Começamos quebrando a origem das receitas pelos parceiros e patrocinadores: ao total, são 24 marcas que não apenas dão dinheiro, como realizam ativações e assumem protagonismo na competição. O troféu do torneio, por exemplo, é feito pela Tiffany&Co., a Rolex está presente no relógio das partidas; a Evian é a água oficial do torneio. E por aí vai. 

Os valores ofertados pelas marcas não são revelados oficialmente, mas dá pra termos uma noção quando olhamos para os resultados da USTA, a Associação de Tênis dos EUA, que tem cerca de 90% das suas receitas oriundas do torneio disputado no Queens: em 2022, os valores levantados com patrocínios esteve na casa de US$ 106 milhões. É razoável assumir, portanto, que o US Open angaria mais de US$ 90 milhões somente com parceiros. 

Direitos de Transmissão 

Uma das fatias mais importantes dessa conta vem do dinheiro da televisão: a competição e a ESPN, transmissora oficial, chegaram a um acordo, 10 anos atrás, para o pagamento de US$ 770 milhões por 11 anos. São 70 milhões de dólares para pouco mais de duas semanas de torneio – e considerando o atual mercado de transmissões, não seria surpreendente vermos esses valores subirem substancialmente nos próximos anos. 

A MLB, por exemplo, abocanhou mais de 1,5 bilhão de dólares por ano na última negociação. O atual contrato da NBA rende pra lá de 2,5 bilhões de dólares por ano e a NHL gera cerca de 600 milhões de dólares, todos muito distantes dos inacreditáveis US$ 6 bilhões da NFL. E, bom, talvez o tênis não seja tão popular quanto outros esportes nos EUA, nem o torneio ser tão longo, mas há espaço para novas e lucrativas negociações nessa área. Até porque as audiências têm sido muito expressivas: a semifinal do ano passado entre Alcaraz e Tiafoe, por exemplo, teve média de 2,96 milhões de telespectadores, com pico de quase 4 milhões. 

Público do US Open

Outra fatia importantíssima das receitas vêm do público presente. As mais de 700 partidas, disputadas em 22 quadras – sendo Arthur Ashe a mais famosa delas – geraram mais de US$ 150 milhões em duas semanas de evento, num recorde de 776 mil presentes aos jogos, apenas com venda de ingressos. As entradas desse ano variam de 200  até 19 mil dólares, sem incluir os pacotes de luxo, que possuem hospitalidade e camarotes de alto padrão, podendo custar até US$ 100 mil/dia. 

Segundo o relatório da USTA, há ainda pedaços da receita da competição ligados ao público, com destaque para: 

  • Ingressos e hospitalidade corporativa – cerca de 30 milhões de dólares; 
  • Comidas e bebidas – cerca de 16 milhões de dólares, com destaque para o coquetel Honey Deuce, com venda de mais de 400 mil unidades; 
  • Merchandising e produtos – 8 milhões de dólares 

Um case de sucesso 

Fechando os números, vemos que o US Open 2022 gerou impressionantes US$ 472 milhões entre todas suas fontes, mantendo firme sua taxa de crescimento, como mostra imagem abaixo: 

Receita do US Open, ano a ano. (Fonte: Forbes)

Em uma década, os resultados do US Open cresceram na casa de 110%. Após dois anos muito difíceis para todo o mundo, o evento voltou a sua onda de crescimento, consolidando-se como o mais bem sucedido torneio do circuito de tênis. 

Algo me diz que, no ano que vem, traremos uma versão atualizada com números ainda mais espetaculares desse que é, sem dúvida alguma, um case de sucesso.