O próximo passo do esporte brasileiro nas Olimpíadas de Inverno de 2026

Com uma evolução significativa nas modalidades de inverno, Brasil busca uma “quase inédita” medalha gelada


Por Cassio Bagnoli

7 de outubro de 2024

Parceria Editorial

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O Brasil nas Olimpíadas de Inverno Créditos: Nathalia Teixeira

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 terminaram, e desde então os amantes do esporte olímpico se encontram na famosa “ressaca olímpica”, após dias de muitas emoções e adrenalina durante as competições na capital francesa. Naturalmente, a espera de quatro anos por um evento tão importante no mundo esportivo, faz com que a expectativa cresça ao longo do tempo.

Com o intuito de diminuir a espera, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) vem trabalhando para colocar o movimento olímpico no dia a dia da população brasileira. Para tal, os olhos da entidade já estão voltados para o próximo grande evento: Os Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecerão em menos de dois anos.

As Olimpíadas de Inverno de 2026, serão realizadas em Milão-Cortina d’Ampezzo, na Itália, entre os dias 6 e 22 de fevereiro de 2026. Esta será a terceira vez que o país sedia o evento, sendo a primeira em 1956, também em Cortina d’Ampezzo; além da edição de 2006, sediada em Turim. O evento contará com 16 disciplinas olímpicas, e outras 6 modalidades paralímpicas. Entre as tradicionais competições de Bobsled, Snowboard e Patinação Artística; haverá também a estreia oficial de um novo esporte, o Esqui Montanhismo.

Preparação Italiana

Tina e Milo, mascotes das Olimpíadas de Inverno 2026.
Os mascotes foram idealizados por um grupo de estudantes de Catanzaro e são dois arminhos. Eles foram chamados de Tina e Milo, abreviações dos nomes das cidades sede, e representam, respectivamente, as Olimpíadas e Paralimpíadas (Créditos: Olympics)

Quando uma nova sede olímpica é definida, já é costume que surjam diversas situações referentes à realização dos Jogos; e, desta vez, não foi diferente para o governo italiano e o comitê organizador local. Desde o início da preparação olímpica, a grande preocupação tem sido com os altos gastos do evento, e a falta de locais de prática esportiva adequadas na pequena Cortina d’Ampezzo, além das construções de arenas que podem se tornar os chamados “elefantes brancos” para a cidade de Milão.

Uma das principais situações é a construção da pista de Bobsled, Luge e Skeleton, em Cortina d’Ampezzo. O alto custo do local de competição, levou o comitê a pensar em transferir o evento para outros países, que possuem pistas com a qualidade necessária para a realização dos Jogos, já prontas. Outra questão de alta prioridade para os italianos, é a sustentabilidade. As grandes mudanças climáticas que afetam todo o mundo, causaram uma certa tensão para os organizadores de um evento tão dependente de fatores externos.

Para minimizar esses problemas, a decisão final foi por espalhar ao máximo os Jogos, aumentando as cidades-sedes das competições e aproveitando de estruturas já construídas e aptas a receberem o evento. Por isso, a cidade de Milão será a sede da cerimônia de abertura, e de algumas competições no gelo: Hóquei no Gelo, Patinação de Velocidade em Pista Curta, Patinação de Velocidade em Pista Longa e Patinação Artística. Por sua vez, Cortina d’Ampezzo receberá o Curling, os eventos do Bobsled, Luge e Skeleton, além de algumas competições de Esqui Alpino.

O restante dos eventos está dividido entre as cidades de Livigno (Snowboard e Esqui Freestyle); Anterselva/Antholz (Biatlo); Bormio (Esqui Alpino e Esqui Montanhismo); Tesero (Esqui Cross-Country e Combinado Nórdico); Predazzo (Salto com Esqui e Combinado Nórdico) e a cidade de Verona, que receberá a cerimônia de encerramento.

Expectativas do Brasil para as Olimpíadas de Inverno de 2026

Nicole Silveira, estrela do Brasil nas Olimpíadas de 2026.
Nicole Silveira é a esperança de medalha do Brasil nas Olimpíadas de Inverno de 2026 (Créditos: Getty Images)

Embora o Brasil seja conhecido por suas performances em esportes de verão, o país tem construído uma história interessante nas Olimpíadas de Inverno. O país fez sua estreia em Jogos Olímpicos de Inverno em 1992, em Albertville, na França, com uma pequena delegação. Desde então, o país participou de todas as edições dos jogos, enviando cada vez mais um maior número de atletas, e obtendo performances relevantes no cenário internacional. Tradicionalmente, o país investe na captação e treinamento de atletas no território brasileiro. O Brasil já possui conquistas e resultados importantes em esportes como o Bobsled, Esqui Cross-Country e Curling, que são trabalhados a partir de iniciativas nacionais.

Para 2026, a expectativa é de que o Brasil aumente tanto o número de atletas quanto o nível de competitividade. Nos últimos anos, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tem investido significativamente em projetos para esportes de inverno, com o objetivo de melhorar o desempenho do país nesses eventos. Esse investimento é feito em parceria com a Confederação de Desportos na Neve (CBDN), e a Confederação de Desportos no Gelo (CBDG), que são responsáveis por gerir as modalidades de inverno no país. Ambas as entidades intensificaram investimentos em programas de identificação e treinamento de talentos, parcerias internacionais e infraestrutura

Um dos principais nomes dessa geração é a atleta de Skeleton, Nicole Silveira, que vem se destacando na modalidade onde os atletas descem uma pista de gelo, em alta velocidade, enquanto estão deitados de bruços em um trenó. Nicole já é figurinha carimbada no circuito mundial do esporte, e obteve boas performances em competições internacionais recentes, e nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim, China. Na ocasião, a brasileira conquistou o melhor resultado do Brasil naquela edição, e o segundo melhor da história, com o 13° lugar na classificação final.

A perspectiva é de que ela possa superar o melhor resultado histórico do Brasil, conquistado justamente numa edição italiana dos Jogos de Inverno, em Turim 2006. Na oportunidade, a snowboarder carioca, Isabel Clark, alcançou a nona colocação na competição de Snowboard Cross. Contudo, Nicole, não estará sozinha nesta tarefa, uma vez que uma grande leva de novos atletas de inverno prometem surpreender.

Os programas de identificação de atletas “estrangeiros” têm dado bastante resultado para a delegação brasileira, aumentando significativamente as chances de um pódio olímpico para o país. Nomes como dos patinadores Lucas Koo (Patinação de Velocidade em Pista Curta); Júlia de Vos (Patinação de Velocidade em Pista Longa); Natália Pallu (Patinação Artística – Dança no Gelo); e dos snowboarders, Luca Merimée; Priscila Cid e Zion Bethonico elevam o país para uma nova era nos esportes de inverno. Zion, inclusive, foi medalhista de bronze na prova do Snowboard Cross, nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude deste ano, em Gangwon, na Coreia do Sul.

Contudo, a maior esperança brasileira para os próximos Jogos se chama Lucas Pinheiro Braathen. O jovem atleta já é um dos principais nomes na sua modalidade, o Esqui Alpino, além de ser uma das principais revelações do esporte. Lucas, competiu sob a bandeira da Noruega desde a sua entrada no circuito mundial, e em pouco tempo subiu ao pódio em etapas de Copa do Mundo, e no Campeonato Mundial Júnior. Após se retirar do esporte por um ano, o esquiador norueguês, decidiu por mudar o seu endereço e começou a representar a bandeira brasileira, país de origem de sua mãe. Desde então, a esperança do país conquistar a sua primeira medalha gelada, no principal evento olímpico de inverno, se tornou cada vez mais palpável.

Em suma, as Olimpíadas de Inverno de 2026 representam um marco importante tanto para a Itália quanto para o Brasil. Enquanto a Itália promete oferecer um evento memorável que combina tradição e inovação, o Brasil olha para o futuro com esperança e a capacidade de sonhar e alcançar o impossível. Com trabalho árduo, planejamento estratégico e paixão pelos esportes de inverno, quem sabe o Brasil não surpreenderá o mundo em Milão-Cortina d’Ampezzo?