Passado um terço da temporada 2024 da LNF, voltamos para contar um pouco da história da competição através de números: quais os indicadores – esportivos, audiência e recordes – que nos ajudam a compreender a atual situação da maior competição de futsal de clubes do mundo.
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Antes, a história
Entrando em sua décima edição sob a chancela de Liga Nacional de Futsal, o torneio profissional de futsal masculino é organizado desde 1996. Nas 28 temporadas, alguns dados importantes que ajudam a contar a história são:
- Qual o seu time?
Há times famosos do futebol que criaram iniciativas nas quadras? Sim. Clubes como Atlético-MG, Corinthians, Inter, Santos e Vasco já conquistaram o título da LNF, inclusive. Outros clubes, como Flamengo, Goiás, Palmeiras e São Paulo também já marcaram presença na competição. Ora de forma independente, ora associado a algum patrocinador forte com quem dividiram o nome.
No entanto, a história da LNF é contada sobretudo pelos tradicionais times de futsal: Carlos Barbosa (RS), Ulbra (RS), Jaraguá (SC) e Sorocaba (SP), maiores vencedores do torneio, foram a cara da competição por anos a fio. Por conta de (falta) recursos, novos times surgiram: Cascavel (PR), Joinville (SC), Pato Futsal (PR), Atlântico (RS) estão entre os campeões mais recentes.
O que ficou claro ao longo do tempo é que a competição não depende de grandes marcas já estabelecidas para ser bem-sucedida: o futsal tem um público fiel e torcidas apaixonadas.
- Particularidades geográficas:
Assim como ocorre com ligas de outros esportes (basquete, vôlei), o futsal tem uma relação muito íntima com certas praças. Como elucidado no ponto anterior, times nativos do futsal estão ligados a cidades do interior do Brasil, especialmente nas regiões Sul e São Paulo.
O mapa da atual edição mostra claramente um canal que vai de Minas ao Rio Grande do Sul. Os representantes de cada localidade são:
- DF (1): Brasília
- MG (2): Minas e Praia Clube
- SP (5): Corinthians, Magnus, Santo André, São José e Taubaté
- PR (7): Marreco, Esporte Futuro, Cascavel, Campo Mourão, Foz Cataratas, Pato e Umuarama;
- SC (6): Blumenau, Jaraguá, Joaçaba, Joinville, Tubarão e São Lourenço;
- RS (3): Carlos Barbosa, Assoeva, Atlântico
Essa relação cria vínculos muito poderosos entre cidades e times, abrindo grandes oportunidades para marcas que queiram abraçar o impacto que um clube pode ter em sua comunidade local.
- Um pouco de recordes
Por fim, um ângulo importante nas narrativas é compreender quem são os nomes – times e atletas – que construíram a ponte com o público ao longo do tempo. E os recordes estabelecidos são um bom jeito de brindar essa relação.
Começando pelos goleadores: o maior artilheiro de uma única edição é Manoel Tobias, com incríveis 52 gols, marcados na edição 1999, quando jogava pelo Atlético-MG, seguido dos 50 gols marcados por Lenísio, na edição 2000, também pelo Galo. Fecha o pódio o craque Falcão, em 2010, quando jogava pelo Jaraguá, com 39 gols.
O recorde de mais vezes artilheiros também é do eterno camisa 12. Ele bateu no topo de artilheiros em 6 oportunidades. Seguido por Lenísio, 5 vezes, e Rodrigo, com 4 temporadas goleadoras. O artilheiro da última edição foi Richard, com 30 gols, atuando pelo campeão Atlântico.
Aliás, essa foi a 16ª vez que o artilheiro saiu do time campeão. E Falcão volta a liderar aqui: em 5 dessas vezes, ele foi o máximo goleador e vencedor do torneio. O feito se tornou menos comum na última década, sendo registrado em 2016 (Deives/Corinthians), 2020 (Rodrigo/Sorocaba), 2021 (Roni/Cascavel) e 2023 apenas.
Aspecto esportivo: gols, jogos, times
Conhecido por ser uma variação mais rápida, reduzida e goleadora do futebol de campo, o futsal sempre ocupou um papel importante no processo formador de atletas do campo. É muito comum ver dribles curtos, passando o pé por cima da bola, tradicionais do futsal, sendo levados para o campo. Também é comum observar grandes estrelas do futebol profissional que tiveram sua iniciação na quadra, antes da migração. Ronaldo, Neymar, Vinicius Jr., Zico… todos tiveram trajetória no “salão” antes de alcançar o estrelato dos gramados.
Mas o futsal não é um apêndice do futebol de campo. É uma outra modalidade, com regras, movimentos e habilidades diferentes. Uma das principais diferenças percebidas na quadra é o volume de gols que se marca habitualmente por jogo.
Quando o futsal se organizou no Brasil, em 1996 – ainda sem se chamar Liga Nacional de Futsal -, foram registrados números anômalos, ajustados ao longo do tempo.
Observem que as primeiras temporadas registraram médias de gols por jogo superiores a 7, feito alcançado pela última vez em 2000. De lá pra cá, a média ficou em 5,2 gols por jogo, tendo alguns registros inferiores a 5 e um superior a esse valor. O que mudou?
Bom, o primeiro dado a se observar é o número de times e jogos da competição.
O fator crítico número 1 é a quantidade de times participantes. Enquanto as primeiras edições contemplaram apenas 10 participantes, as últimas edições registraram ao menos 100% a mais, chegando aos 24 times em 2023 – número repetido para a atual edição. Esse é um sinal claro da maturidade da competição e da modalidade, como um todo, que em tempos passados sofria com carência de recursos.
Outro dado que salta bastante aos olhos é a média de gols. Após uma primeira edição próxima aos valores atuais, houve um boom no número de gols. Os valores seguiram altos por alguns anos, até ter uma queda brusca e se estabilizar – movimento que aconteceu, em menor escala, também na Copa do Mundo, como se vê na tabela acima
Ao que se deve esse movimento? Algumas possíveis explicações estão em: mudanças de regra, difusão do esporte – maior entendimento de tática, por exemplo – e melhora no nível médio dos atletas. O mesmo ocorreu com o futebol de campo, quando as primeiras edições da Copa do Mundo registraram médias de gols duas vezes maior que das Copas mais recentes.
Se o nível de talento médio aumentou, como isso se reflete na LNF?
Audiência: público presente, público remoto
Após um grande sucesso em 2023, com direito a final única transmitida na Globo, o mercado voltou a olhar com carinho para a principal competição de futsal de clubes do mundo. E o resultado desse sucesso foi a renovação da parceria com Globo para a decisão, além da entrada na Cazé TV.
Nesse começo de temporada, alguns registros já chamam a atenção: mais de 100 mil inscritos no YouTube (são 114 mil, no momento da publicação) e mais de 3,5 milhões de visualizações, somando todos os jogos até o momento (82). Na Cazé TV, em 13 transmissões, foram mais de 750 mil visualizações. O digital coloca a modalidade em uma nova posição para o mercado, sem ignorar, claro, o presencial.
O público da LNF em 2023 foi de 304 mil pessoas, cerca de mil presentes por partida. E até o momento, a temporada 2024 registrou diversos jogos com mais de 3 mil presentes.
O que vem pela frente
Por conta do desastre recente no Rio Grande do Sul, muitos jogos foram adiados e não se sabe ainda ao certo como será o processo de reconstrução – físico e moral – da região. A ligação dos times com suas cidades é um elo fundamental para ajudar nesse processo. A LNF, inclusive, está com uma campanha ativa para arrecadar doações e ajudar quem mais precisa.
Apesar disso, a edição 2024 tem tudo para estabelecer números excepcionais dentro e fora da quadra. Com cerca de ¼ da temporada disputada, são 399 gols marcados, numa média de 4,99 gols por jogo. Na arquibancada, na TV ou no streaming, a possibilidade de que essa seja uma temporada de recordes é concreta. E você já sabe como e onde conferir as partidas!
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