Fighting Nerds: o impacto do branding no MMA

Entenda a ascensão da equipe que levou a cultura geek para o centro do octógono — e para o coração dos fãs de MMA


Por Ricardo Azambuja

11 de abril de 2025

Parceria Editorial

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A Fighting Nerds é uma equipe de MMA brasileira, localizada em São Paulo, que virou sensação no UFC em 2024, combinando alto desempenho dentro do octógono com uma identidade única baseada na “nerdice”. O time foi fundado por Caio Borralho e Pablo Sucupira, com a ideia de mostrar que inteligência e estratégia podem ser tão importantes quanto a força física nas artes marciais.

Da esquerda para a direita: Jean Silva, Caio Borralho e Carlos Prates. (Reprodução/Youtube/UFC)

A marca registrada do grupo são os óculos de armação grossa, muitas vezes com fita no meio, usados por Caio Borralho e seus colegas de equipe, como Carlos Prates, Jean Silva e Mauricio Ruffy. Esses óculos se tornaram símbolo de uma filosofia que une performance, inteligência e personalidade, além de desafiar o estereótipo de que um lutador precisa ser apenas “casca grossa”​. Em 2024, o time foi eleito “Gym of the Year” pelo MMA Junkie, reconhecimento que consagrou não só os resultados dentro do UFC, mas também o impacto cultural da equipe.

A Fighting Nerds nasceu com uma proposta única: unir o universo da luta com a estética e linguagem da cultura nerd. Enquanto outras academias vendem força, disciplina ou performance atlética, a FN vende pertencimento — ela fala diretamente com quem cresceu jogando RPG, vendo anime, lendo HQs e hoje quer se sentir representado no esporte sem abandonar sua identidade.

Branding emocional e comunidade

O branding da Fighting Nerds transcende o óculos de nerd, ele é construído na comunidade. O nome da equipe já é uma provocação carismática, um movimento contrário às academias tradicionais que pregam a ideia de “ser duro” e “sair na porrada”. Eles criaram um ecossistema de fãs, alunos e atletas que se enxergam como parte de uma “guilda” ou “clã”, o que fortalece o engajamento e forma uma base de apoio fiel, podendo ser percebido fortemente no X (Twitter) e no TikTok, através das discussões e, principalmente, dos “edits” feitos pelos fãs.

(Foto: Reprodução/YouTube/Fighting Nerds)
(Foto: Reprodução/YouTube/Fighting Nerds)

Estética consistente e conteúdo viral

Visualmente, a Fighting Nerds acertou em cheio ao traduzir elementos geek (como referências a personagens, universos fictícios, arquétipos de heróis) para materiais de divulgação e produção de conteúdo. O impacto desse conteúdo é exponencial, sendo uma das academias mais comentadas nas redes sociais e trazendo um trabalho de awareness quase invisível, porém muito eficiente, para a marca, onde apenas o óculos já tem o poder de viralizar quando visto sendo usado por grandes nomes da comunidade, como Jon Jones, Bruce Buffer e Dana White, e mais ainda quando usado por celebridades fora da bolha do MMA, como Elon Musk.

(Foto: Reprodução/Instagram/Fighting Nerds)
(Foto: Reprodução/Instagram/Fighting Nerds)

Além disso, a equipe se aproveita da dinâmica dos algoritmos ao criar momentos pensados para viralizar: nocautes absurdos, como o de Ruffy em cima de King Green, entrevistas pós-lutas e coletivas de imprensa pré-luta, como a de Jean Silva levando um globo terrestre para Bryce Mitchell, para “ensinar” o lutador terraplanista, além de fazer todo o público cantar “Fuck Bryce Mitchell” enquanto o brasileiro late (literalmente). Tudo isso gera picos de visibilidade que viralizam e alimentam o hype do público com os nerds. Além disso, a narrativa de “underdogs nerds em ascensão” é altamente aspiracional. Essa performance fora da curva alinhada à “nerdice” estimula o compartilhamento nas redes, ampliando o alcance orgânico e criando conexão entre a comunidade de MMA e cada um dos lutadores da equipe.

Reconhecimento e impacto

Com o engajamento alto, a adesão de públicos diversos e a inovação no formato, o reconhecimento como “melhor academia do mundo” pode ser visto, além da performance dentro do octógono, como um resultado direto da construção de marca centrada em comunidade, entretenimento e autenticidade — pilares que fogem do tradicional e abraçam o entretenimento. E como resultado, vemos os atletas ocupando sempre boas posições nos cards em que atuam e recebendo boas oportunidades da organização, como Mauricio Ruffy fazendo sua estréia no UFC já em uma edição numerada, no UFC 301 – que aconteceu na Farmasi Arena, no Rio de Janeiro -, com uma performance fora da curva, sendo considerada uma das melhores estreias da história da organização pelo próprio Dana White.

No UFC, principalmente, o trabalho fora do cage conta muito, trabalhar a imagem é fundamental nos dias de hoje para um atleta de MMA, e podemos ver isso muito bem em atletas como Conor McGregor, Paulo “Borrachinha” Costa e Colby Covington, que recebem sempre boas oportunidades mesmo não estando em um bom momento, justamente por trabalharem bem a imagem e serem importantes enquanto produto para venda de pay-per-view dos eventos que forem lutar, o que nitidamente é muito bem visto e valorizado pela organização.

Desse modo, vemos atletas da Fighting Nerds subindo rapidamente na prateleira da categoria que atuam justamente por unir performance ao trabalho de imagem, entregando nocautes e highlights mas também trabalhando a base de fãs e garantindo que, quando forem lutar, vão render bons números ao evento do UFC que fizerem parte, sendo assistidos tanto pelos fãs assíduos de MMA quanto pelos “casuais”, que nem acompanham o esporte mas não podem perder a próxima luta dos nerds.

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O que vem a seguir?

Com tudo que foi dito, nos resta aguardar este sábado, dia 12 de abril, para ver o próximo nerd em ação pelo UFC 317, em Miami. Jean Silva irá lutar contra Bryce Mitchell no card principal em uma luta de 3 rounds no peso pena, categoria cujo campeão será definido posteriormente, na luta principal da noite, em uma luta de 5 rounds entre Alexander Volkanosvki e o brasileiro Diego Lopes. Carlos Prates também lutaria esse fim de semana contra Geoff Neal, porém a luta foi cancelada após lesão do americano. Agora, o brasileiro lutará contra o prospecto Ian Garry, em uma luta dura valendo posição no top 10 do peso meio-médio do UFC no evento UFC Kansas City, que ocorrerá no dia 26 de abril.

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