Em 1995, quando deu os primeiros passos na Organização das Nações Unidas (ONU), Samoura não imaginava que seu caminho se cruzaria com o futebol. Em Centenaire Gibraltar, bairro da periferia do centro de Dakar onde cresceu na década de 1970, a jovem Fatma Samoura apaixonou-se pelo futebol desde muito cedo, no contato com os colegas e vizinhos do bairro.
Aluna brilhante, frequentou a escola secundária Maurice Delafosse, em Dakar. Após o bacharelado, Samoura se mudou para França, onde aperfeiçoou os seus conhecimentos em idiomas e obteve um mestrado em inglês e espanhol, adquirido na Universidade de Lyon e um mestrado em Gestão, com especialização em Comércio. Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Superiores Especializados (IESS) de Estrasburgo (França).
A volta para o Senegal
De volta ao Senegal, ocupou um cargo de gestão dentro da indústria nacional. Durante 8 anos, Fatma Samoura evoluiu no movimentado setor de fertilizantes e outros insumos químicos, cuidando assim da importação e da exportação da produção senegalesa.
Participação na ONU
Samoura então ingressou no sistema das Nações Unidas em 1995. Ela subiu na hierarquia e tornou-se Gerente de Logística do Programa Mundial de Alimentos em Roma. Este período precede a sua ascensão como coordenadora humanitária da ONU em vários países africanos.
No total, serviu a causa das Nações Unidas em cinco países africanos: Djibouti, Camarões, Chade, Madagáscar e Nigéria. Neste último país, substituiu outro senegalês, Daouda Touré, e serviu como Representante Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Coordenadora Humanitária das Nações Unidas na Nigéria, seu último cargo antes da passagem para a FIFA, cuidou, entre outras coisas, do orçamento, dos recursos humanos e de diversas transações, supervisionando a segurança, política, social e econômica deste país.
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Atuação na FIFA
Fatma Samoura torna-se a décima pessoa, mas principalmente, a primeira mulher e a primeira não europeia a ocupar este cargo desde a criação da FIFA.
Gianni Infatino justificou a escolha pelo fato da política senegalesa ter experiência nas tarefas de gestão, qualidades necessárias em uma FIFA que teve de ser renovada após um período difícil, num contexto de corrupção e denúncias.
Sua nomeação foi divulgada em de maio de 2016, durante o 66º Congresso Ordinário da FIFA. Fatma Samba Diouf Samoura ocupou uma posição altamente estratégica e exposta. Uma espécie de primeiro-ministro do governo do futebol mundial, responsável pela administração da FIFA. O Secretário-Geral também é responsável pelas finanças, relações internacionais, organização da Copa do Mundo, bem como outras competições organizadas pela FIFA.
Administrativamente, Fatma Samoura supervisionou uma reestruturação completa da FIFA que incluiu a nomeação de dois secretários-gerais adjuntos, uma divisão de desenvolvimento técnico, e a nomeação de responsáveis pela conformidade e programas melhorados para as federações-membro, desempenhando assim, uma papel central na transformação da organização, na restauração da sua credibilidade e na remoção de barreiras.
A nível esportivo, os seus feitos centram-se principalmente no futebol feminino, com a criação de uma nova divisão de futebol feminino totalmente desenvolvida. A categoria continuou a sua crescente expansão, até ao último Mundial organizado na Austrália e na Nova Zelândia, que constitui a última grande missão de Fatma Samoura dentro da FIFA. Foi também à margem deste torneio, em junho de 2023, que foi anunciada a sua saída, seguida de homenagens do presidente Gianni Infatino.
A então secretária-geral da Fifa, deixou o cargo depois de sete anos como a mulher de maior destaque no futebol mundial,sendo substituída pelo sueco Mattias Grafström.