Esportes e Big Techs: uma relação cada vez mais próxima

Entenda a crescente e promissora relação entre quatro Big Techs (Amazon, Apple, Microsoft e Spotify) e o mercado esportivo


Por Redação

3 de maio de 2022

Esportes e Big Techs

Muitas das maiores empresas de tecnologia do mundo têm uma ligação direta ou indireta com o esporte. Seja por meio de direitos de mídia, eSports, patrocínio esportivo ou inúmeras outras relações, há uma conexão cada vez mais forte entre os mercados do esporte e da tecnologia. Diante do cenário conturbado da economia mundial, quatro Big Techs estão aumentando seus investimentos no esporte como uma tentativa de manter sua hegemonia.  

Amazon 

Embora a empresa norte-americana tenha se interessado por wearables – dispositivos tecnológicos que podem ser usados como acessórios – e espaços de saúde, o seu maior vínculo com os esportes é a propriedade de direitos de transmissão ao vivo.  

Atualmente, a Amazon detém os direitos da “Thursday Night Football”, marca utilizada para transmissões de jogos da National Football League (NFL), em um acordo de 10 anos e US$ 1 bilhão, e da Ligue 1, primeira divisão da liga francesa de futebol, em um acordo de US$ 290 milhões anualmente por três anos. Além disso, as empresas Amazon, Sky e BT Sport possuem, em conjunto, os direitos da Premier League, primeira divisão da liga de futebol do Reino Unido, como parte de um acordo de US$ 7 bilhões até 2025.  

Todos os investimentos realizados pela Amazon estão relacionados ao Prime Video, que foi apenas o quarto maior segmento de receita da empresa no primeiro trimestre de 2022, crescendo 13% – um dos segmentos de crescimento mais lento. A estratégia de mídia da Amazon gira quase que exclusivamente em torno de atrair clientes para o Prime. Os jogos da NFL e de duas das principais competições europeias de futebol podem levar à aquisição de clientes, mas seu impacto geral na receita ainda não é expressivo. 

Apple 

A Apple ainda está começando a investir em direitos de streaming de esportes. A Apple TV+ transmitiu sua primeira competição esportiva profissional quando o New York Mets enfrentou o Washington Nationals, pela Major League Baseball (MLB), no início de abril. O acordo de US$ 85 milhões da MLB é um investimento relativamente pequeno no ecossistema esportivo, mas provavelmente há mais por vir. A gigante da tecnologia está perto de garantir um acordo para o “Sunday Ticket” da NFL, que pode custar US$ 2,5 bilhões anualmente. 

Assim como a Amazon com o Prime, as transmissões esportivas ao vivo atuarão como um meio de atrair mais assinantes para o Apple TV+ – que atualmente é uma plataforma líder em perdas. Além disso, os wearables representam um dos principais investimentos da Apple em fitness e saúde, o que configura outra relação com a indústria esportiva, mesmo que mais superficial. Porém, esse segmento representa apenas 9% da receita total da empresa. Apesar das suas movimentações cada vez maiores no mercado esportivo, ainda há uma boa distância para uma linha de negócios significativa em esportes e categorias relacionadas a esportes. 

Microsoft  

Se a oferta da Microsoft para adquirir a Activision Blizzard for aprovada, a empresa terá oficialmente a propriedade intelectual de “Call of Duty”, “Overwatch” e “World of Warcraft” – algumas das propriedades de eSports mais valiosas do mundo. Se a proposta de aquisição por US$ 69 bilhões for aprovada, seria um grande golpe nas guerras dos consoles. A Microsoft afirma que nunca tornará “Call of Duty” exclusivo do Xbox, mas pode disponibilizá-lo “gratuitamente” no Xbox Game Pass, o que provavelmente converteria os jogadores de outros consoles que não querem pagar para jogar.  

Vender consoles é um negócio lucrativo, mas o Game Pass – com sua taxa de assinatura de US$ 10 ou US$ 15 por mês – é o verdadeiro futuro da marca Xbox. Em janeiro de 2022, registrou 25 milhões de assinantes. Uma biblioteca inteira de jogos da Activision Blizzard por apenas US$ 10 por mês poderia aumentar esse número rapidamente, o que está se aproximando da realidade após a aprovação do acordo pelos acionistas da holding de jogos eletrônicos norte-americana esta semana. 

Spotify  

Repentinamente, o Spotify está se posicionado agressivamente no mercado esportivo. O CEO da empresa, Daniel Elk, não escondeu o quão otimista ele está em fazer parcerias e alavancar propriedades esportivas globais. Em março, o Spotify anunciou uma parceria que tornou a empresa o principal patrocinador do FC Barcelona – implementando a marca como patrocínio master nos uniformes dos clubes e adquirindo os naming rights do famoso estádio da equipe, que se tornará Spotify Camp Nou. O acordo gira em torno de US$ 306 milhões, segundo a estação de rádio catalã Rac1. 

Para Daniel Elk, o futebol, por ser um esporte global, é um dos melhores veículos para aquisição de clientes para a plataforma. Contudo, o Spotify encerrou o trimestre com 182 milhões de assinantes pagos, um aumento de 15% ano a ano, mas ficou abaixo da previsão original de 183 milhões, ou seja, o negócio com o Barcelona ainda não trouxe resultados expressivos. 

Em 2020, o Spotify pagou US$ 150 milhões para adquirir o “The Ringer”, site centrado em esportes e cultura pop, e a sua rede de podcasts. Mas a aquisição é, em uma análise ampla, um pequeno investimento. A empresa precisará ir além dos podcasts direcionados à personalidade e nos modelos de parceria para gerar receitas significativas.