Copa do Mundo de Basquete 2023: quem são os favoritos?

O torneio, que vai até 10 de setembro, deverá ser acirrado entre a renovada seleção americana, a ótima geração canadense e potências europeias


Por Daniel Endebo

28 de agosto de 2023

Copa do Mundo de Basquete 2023: quem são os favoritos? (Foto: Divulgação/FIBA)

Na última sexta-feira (25), começou a FIBA World Cup masculina 2023, disputada nas Filipinas, Japão e Indonésia. O torneio mundial de basquete, que está indo para sua 19ª edição, contará com 32 seleções – tal qual a edição anterior, de 2014 -, divididas em 8 grupos iniciais. Depois, os dois melhores de cada grupo se classificam para a 2ª fase, também dividida em grupos – que agora são 4 – de 4 times cada. Os dois melhores se classificam para a fase de mata-mata, que vai dar quartas até a final, marcada para o dia 10 de setembro.

Diferentemente do que acontece no futebol, a Copa do Mundo de basquete não costuma ter o mesmo peso e expectativa que os Jogos Olímpicos. Não significa, no entanto, que não seja um torneio de ótimo nível internacional e muito divertido até para quem é um fã mais casual do esporte. É muito interessante ver as adaptações dos jogadores da NBA às regras FIBA, observar aqueles role players da NBA se transformarem em super estrelas por suas seleções e, além disso, o formato eliminatório sempre proporciona grandes zebras.

Na última edição, por exemplo, a seleção americana sequer figurou entre as 4 melhores. A vice-campeã foi a Argentina, tradicional escola do esporte, mas que tampouco conseguiu se classificar para a competição esse ano. A atual campeã é a Espanha, com dois títulos na bagagem da geração dourada, liderada pelos irmãos Gasol. Nesta edição, os EUA, maiores campeões do certame, são considerados favoritos nas casas de apostas, mas estão com um time renovado, de pouquíssima bagagem internacional. Nomes como Giannis Antetokounmpo e Nikola Jokic, recentemente eleitos MVP da NBA, não estarão no torneio; por outro lado, Luka Doncic, Nikola Vucevic, Rudy Gobert, Shai Gilgeous-Alexander marcarão presença.

Nesse texto, contaremos um pouco a história dos principais times, quais são vistos como favoritos e quem pode surpreender.

Tier 1: os favoritos

As casas de aposta apontam 3 equipes bem acima das demais – EUA, Canadá e França -, com uma quarta – a Austrália – querendo entrar no grupo.

A seleção favorita, como se imaginava, é a americana. Os comandados de Steve Kerr, técnico do Golden State Warriors, reformulou seu programa de basquete internacional em meados dos anos 2000, após a chocante eliminação para a Argentina nas Olimpíadas. Liderado por muitos anos por Mike Krzyzewski – o famoso Coach K. -, o projeto culminou em um processo de formação de um time sempre rejuvenescido, altamente competitivo, para uma filosofia de trabalho específica – material que pode ser encontrado no documentário “The Redeem Team”, sobre a conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Beijing 2008.

No time, estão jovens all star da NBA, como Tyrese Halliburton, Brandon Ingram e o favorito ao prêmio de melhor da competição, Anthony Edwards (famoso também por sua participação no filme “Hustle”). Além deles, estrelas em ascensão, como Mikal Bridges e Jalen Brunson, além do jogador de defesa do ano, Jaren Jackson Jr. Pode parecer pouco, para quem não acompanha de perto a liga. Mas tem sido esse o processo. Quem viu a Copa do Mundo de 2010, lembra de um jovem Kevin Durant liderar o time americano e voltar para a NBA como cestinha da competição.

Dispostos a frustrar o plano dos EUA, estão os vizinhos canadenses. O hype sobre o time não é injustificado, dado que eles contam com um jogador all NBA 1st team, em Shai Gilegeous-Alexander. O armador do Oklahoma City Thunder é a estrela da companhia, que ainda conta com outros nomes conhecidos da liga, como RJ Barrett, Dillon Brooks, Nickeil Alexander-Walker, Lu Dort e Kelly Olynyk. A seleção, que nunca figurou no pódio da competição, vê nesse time sua melhor oportunidade de ir longe e, quem sabe, beliscar uma medalha dourada.

Outra favorita das casas de apostas é a França. Duas vezes 3ª colocada nas últimas Copas do Mundo, os franceses vem beliscando pódios na Europa desde 2011, incluindo um título (2013) e um vice (2022) no EuroBasket. O time não tem mais Tony Parker e nem contará com a primeira escolha do draft desse ano, Victor Wembanyama. Mas há larga experiência no elenco, com o 3 vezes defensor do ano Rudy Gobert, veteranos da NBA (Evan Fournier e Nicolas Batum), além do super experiente Nando de Colo, presença constante dessa geração. A estreia contra o Canadá dará o tom se esse time ainda tem, de fato, lenha pra queimar ou se está mais próxima do declínio.

Por fim, a seleção “surpresa entre as favoritas”: a Austrália. Quarta colocada na última edição da Copa do Mundo, os australianos deram trabalho para a campeã Espanha, levando as semifinais a duas prorrogações. O time conta com os veteraníssimos Patty Mills e Joe Ingles, e a jovem sensação Josh Giddey. Estão no time também atletas que atuam na NBA com menos destaque, como Dyson Daniels, Matisse Thybulle e Dante Exum.

Tier 2: falta algo?

Abaixo dos favoritos, vem as seleções que tem o talento para chegar lá, mas parece faltar algo para competir no mesmo nível. Aqui estão Espanha, Eslovênia e Sérvia.

Comecemos pelos atuais campeões: depois de duas décadas, os espanhóis começarão uma competição internacional sem Pau Gasol e/ou Marc Gasol e/ou Ricky Rubio, MVP da última edição da Copa do Mundo. São ausências muito importantes, mesmo que o elenco ainda tenha musculatura para fazer um papel bonito no torneio. Para tanto, eles confiam que Willy, MVP do último EuroBasket e seu irmão, Juancho Hernangomez, assumam um protagonismo maior, ao lado dos veteranos Sergio Llull e Rudy Fernandez. Figuram no time também nomes como Alex Abrines, Santi Aldama e Usman Garuba, todos com passagens pela NBA.

Para a Eslovênia, as esperanças estão todas depositadas em Luka Doncic, outro favorito ao prêmio de melhor jogador do torneio. O camisa 77 do Dallas Mavericks é a estrela maior do país vencedor do penúltimo EuroBasket, que contava à época com outro armador da NBA, Goran Dragic – no time atual, está o irmão de Goran, Zoran, que atua no basquete local. Dessa vez, Luka estará sem o experiente atleta para guiar a seleção.

Outra ex-república iugoslava que aparece bem nas apostas é a Sérvia. O país, onde nasceu o atual Finals MVP da NBA, Nikola Jokic, não contará com o pivô do Denver Nuggets, que resolveu estender suas férias após o título da NBA. A equipe será liderada pelo armador Bogdan Bogdanovic, do Atlanta Hawks, e contará com nomes importantes do basquete europeu, como o pivô Nikola Milutinovic, do Olympiacos. Sem sua estrela maior e longe dos pódios internacionalmente desde 2017, a sensação é de que a história do país na competição dependerá bastante do jogo coletivo e entrosamento dos 4 jogadores do Partizan Belgrado.

Tier 3: se derem brecha…

Aqui, a lista de times que podem dar trabalho e, com sorte, ir longe na competição. Segundo as odds das casas de apostas, figuram nessa categoria a Grécia, a Alemanha e a Lituânia.

Comecemos pela Grécia: a tradicional escola de basquete, que viveu dias de glória nos anos 80 e depois nos 2000, vem de uma sequência de mais de década longe dos holofotes do basquete internacional. A esperança helênica residia em uma atuação histórica de Giannis Antetokounmpo, duas vezes MVP da NBA e um dos principais nomes do esporte na atualidade. Porém, ele não participará da competição. A família será representada pelo irmão e companheiro de Milwaukee Bucks, Thanasis. Junto a ele, Thomas Walkup, estrela do basquete europeu nas últimas temporadas, os veteranos Kostas Papanikolaou e Ioannis Papapetrou.

A Alemanha é outra forte candidata a surpresa desse mundial. Os dias de Dirk Nowitzki se foram, mas a atual geração terminou a classificação para as Olimpíadas em primeiro lugar e apareceram no pódio no último EuroBasket. No elenco, estão Dennis Schroder, os irmãos Franz e Mo Wagner, Daniel Theis e o armador Isaac Bonga.

Fecha a categoria outra tradicionalíssima escola, a Lituânia. Vice-campeões dos EuroBasket 2013 e 2015, os lituanos confiam em Jonas Valanciunas, pivô do New Orleans Pelicans, para liderar uma campanha de fôlego. Mindaugas Kuzminskas, do AEK, o armador Margiris Normantas e o jovem Rokas Jokubaitis, do Barcelona, são outros destaques do time.

Tier 4: fazer bonito é o objetivo

Fechando a lista de candidatos a algo, estão Itália e Brasil, que sonham em figurar entre os 4- 6 melhores da competição, segundo as casas de apostas.

Os italianos apostavam que convenceriam o calouro do ano, Paolo Banchero, a jogar pela seleção. Mas o jogador do Orlando Magic optou por disputar posição na concorrida seleção dos EUA e eles viram suas chances de protagonismo pelos próximos anos dar uma murchada. O time tem bons valores, como os alas Simone Fontecchio e Nicolo Melli. A fase de grupos não deve pregar peças e o time deverá ter uma caminhada tranquila até a segunda fase do torneio.

Já o Brasil terá um time bem diferente do que vimos em edições anteriores. Nomes como Leandro Barbosa, Tiago Splitter, Marcelinho Machado e Anderson Varejão já se aposentaram. Alex, Marquinhos e Hettsheimer ainda jogam na liga local, mas não estão mais nos planos de Gustavo Conti. Daquela geração, restou apenas o quarentão e interminável Marcelinho Huertas, que deverá ter um papel diminuto daqui pra frente, dando a Yago e Raulzinho maior protagonismo na armação do jogo. Gui Santos, que foi draftado pelo Golden State Warriors e atua na G-League, é um nome a se observar. Figurinhas carimbadas como Bruno Caboclo, Vitor Benite e Cristiano Felício também estarão no elenco.

Nomes pra ficar de olho

Além dos principais times, há excelentes jogadores para se ficar de olho e que podem/devem fazer um barulho na competição: o all star Lauri Markkanen (Finlândia), o sexto homem Jordan Clarkson (Filipinas), a primeira escolha geral do draft de 2015, Karl-Anthony Towns (República Dominicana) e o pivô Nikola Vucevic (Montenegro) são alguns nomes importantes da NBA que também estarão no torneio e que valem nossa atenção.          

Conclusão

Para os fãs de basquete em abstinência de NBA, esse é o momento mais divertido da offseason. Já para quem não conhece o mundo do basquete para além das quadras da NBA, esse é um ótimo espaço para conhecer mais sobre os países, as escolas e entender que nem todo atleta tem o mesmo papel numa seleção que ele tem no seu time no dia-a-dia.

Para assistir aos jogos, que vão do dia 25 de agosto até 10 de setembro, há um streaming próprio da FIBA, disponível no site oficial, e, aqui no Brasil, há também cobertura pela ESPN e Star+.