O Campeonato Brasileiro de Futebol, popularmente conhecido como Brasileirão, foi apontado pelo CIES Football Observatory como a liga nacional com o maior número de jogos consecutivos. Em seu terceiro relatório de uma série especial sobre calendário de jogos e carga de trabalho dos jogadores do futebol profissional masculino, o CIES realizou uma análise das 40 principais ligas do mundo, observando a quantidade de jogos consecutivos – definidos como jogos com até de 72 horas de intervalo.
Entre as 40 ligas estudadas, a maior proporção de jogos disputados com até 72 horas de intervalo foi registrado no Brasil, onde 13,5% dos jogos durante o período analisado foram disputadas em intervalos curtos. Esta proporção também ultrapassa um décimo nas ligas nacionais da Costa Rica, Tunísia e Colômbia. Em relação às ligas europeias, a Escócia (9,1% de resultados consecutivos partidas) lidera o quesito, à frente da Inglaterra (6,9%). Confira abaixo o ranking completo:
Ligas nacionais com a maior percentagem de jogos consecutivos (≤72 horas de descanso):
Assim como no primeiro dois relatórios da série do CIES Football Observatory, a análise é realizada nas 40 principais ligas do mundo, de cinco confederações distintas. A amostra pesquisada inclui partidas das ligas nacionais analisadas entre 2012/13 e 2023/24 (a partir de 1 de julho a 30 de junho do ano seguinte).
Como isso impacta o Brasileirão?
O fato de o Brasileirão ser a liga nacional com mais jogos consecutivos traz uma série de prós e contras que impactam diversos aspectos do futebol brasileiro. Por um lado, mais jogos resultam em maior visibilidade para patrocinadores e investidores, aumentando as receitas dos clubes e fomentando o crescimento econômico do futebol no Brasil. Além disso, para os torcedores, a frequência dos jogos mantém o interesse e a paixão pelo esporte vivos durante toda a temporada, proporcionando entretenimento contínuo.
Por outro lado, o calendário extenso e a maratona de jogos consecutivos impõem desafios significativos às equipes e jogadores. A sobrecarga física e mental pode levar a um aumento no número de lesões, comprometendo o desempenho e a longevidade das carreiras dos atletas. A falta de tempo adequado para descanso e recuperação entre os jogos também pode afetar a qualidade técnica das partidas, resultando em um futebol menos dinâmico e mais propenso a erros. Além disso, a exigência constante de alto desempenho pode pressionar técnicos e comissões técnicas, dificultando a implementação de estratégias de longo prazo e a formação de elencos coesos e bem estruturados.
A questão da sustentabilidade financeira dos clubes também merece atenção. Embora mais jogos possam significar mais receitas, eles também acarretam maiores custos operacionais, como despesas com viagens, hospedagens e logística. Clubes menores, com menos recursos, podem enfrentar dificuldades para manter o mesmo nível de competitividade ao longo de uma temporada tão desgastante, ampliando a disparidade entre as equipes mais ricas e as menos favorecidas economicamente.