USL anuncia nova liga de futebol para rivalizar com a MLS

Concorrência ou complemento à MLS? Entenda a visão da USL sobre sua relação com a liga já estabelecida nos Estados Unidos


Por Guilherme Calafate

23 de fevereiro de 2025

O futebol nos Estados Unidos pode estar prestes a passar por uma grande transformação. A United Soccer League (USL) anunciou planos para lançar uma liga profissional masculina de primeira divisão em 2027, estabelecendo-se como concorrente direta da Major League Soccer (MLS), que até então detinha o monopólio da elite do futebol no país.

A nova competição ainda não tem um nome oficial, mas seu objetivo é claro: expandir o acesso ao futebol de alto nível para mais cidades e criar novas oportunidades para jogadores, clubes e torcedores. A iniciativa também surge em um momento estratégico, aproveitando o crescimento do esporte nos EUA impulsionado pela Copa do Mundo de 2026 e os Jogos Olímpicos de 2028, que terão sede no país.

Estrutura e desafios para a nova liga

Para receber a certificação de primeira divisão da Federação de Futebol dos EUA (U.S. Soccer), a nova liga precisará atender a uma série de requisitos, incluindo:

  • Ter no mínimo 12 equipes distribuídas entre os fusos horários Leste, Central e Pacífico;
  • Garantir que 75% dos clubes estejam localizados em áreas metropolitanas com pelo menos 1 milhão de habitantes;
  • Contar com estádios com capacidade mínima de 15 mil espectadores.

Embora a USL ainda não tenha anunciado oficialmente quais cidades receberão equipes da nova liga, há fortes indícios de que clubes do USL Championship – a atual segunda divisão do futebol masculino nos EUA – possam ser promovidos. Entre os mercados potenciais estão Detroit, Indianápolis, Las Vegas, Louisville, Raleigh, Phoenix, Pittsburgh, Sacramento, San Antonio e Tampa, todas cidades que atualmente não possuem times na MLS.

Uma alternativa à MLS?

Diferentemente da MLS, que opera um sistema fechado sem rebaixamento e exige altas taxas para novos clubes entrarem na liga, a USL propõe um modelo mais flexível. O CEO da USL, Alec Papadakis, enfatizou que a nova liga dará maior autonomia aos clubes e fortalecerá a conexão com as comunidades locais.

“Os principais clubes do mundo prosperam em cidades de todos os tamanhos, e acreditamos que isso também é possível nos Estados Unidos”, disse Papadakis. “A demanda e a infraestrutura já existem, e o potencial de crescimento é imenso.”

A USL também cogita adotar, no futuro, um sistema de promoção e rebaixamento entre suas divisões – algo inédito no futebol profissional masculino dos EUA. No entanto, Papadakis reconhece que isso ainda é um desafio dentro da atual estrutura do futebol norte-americano.

Impacto no cenário do futebol dos EUA

O anúncio da USL levanta questões sobre como a nova liga pode impactar a MLS e o futebol nos EUA como um todo. Atualmente, a MLS está entrando no terceiro ano de um contrato de US$ 2,5 bilhões com a Apple para transmissão de seus jogos, enquanto a liga feminina NWSL tem acordos de US$ 240 milhões com grandes redes como Amazon, CBS e ESPN. A USL precisará garantir um contrato de mídia forte para sustentar sua nova competição e atrair investidores.

Além disso, a viabilidade financeira dos clubes será um fator crucial. As exigências de estádios e infraestrutura podem ser um desafio, já que a maioria dos times do USL Championship atualmente joga em arenas com capacidade entre 5.000 e 10.000 torcedores.

+ Leia também:

Com ou sem Messi, a MLS avança rumo ao futuro

USL Super League: a nova rival da NWSL nos EUA

O futuro do futebol nos EUA

Embora Papadakis negue que a nova liga tenha sido criada para competir diretamente com a MLS, é inevitável que a disputa por jogadores, público e contratos comerciais aumente. Para cidades que tentaram e falharam em ingressar na MLS, a nova liga pode representar uma alternativa viável para trazer futebol de alto nível a seus mercados.

A criação dessa nova liga marca um dos momentos mais significativos na evolução do futebol nos Estados Unidos. Se bem-sucedida, poderá redesenhar o cenário do esporte no país e oferecer um modelo alternativo à estrutura estabelecida pela MLS. A partir de 2027, a batalha pelo topo do futebol norte-americano ganhará um novo protagonista.