Entre as top-25 franquias esportivas de maior valor, times da NFL aparecem 11 vezes, e um deles ocupa a primeira colocação do ranking.
A National Football League é a liga mais valiosa do mundo. Entre as top-25 franquias esportivas de maior valor, times da NFL aparecem 11 vezes, e um deles ocupa a primeira colocação do ranking. Entre os top-50 atletas mais bem pagos, 18 são jogadores de futebol americano. A NFL é a liga que mais tem atletas na lista, com mais do dobro de aparições do que todas as ligas de futebol do mundo combinadas.
Nesta quinta-feira, tivemos o confronto que marcou o início da temporada 2021-22. O Dallas Cowboys, que ocupa a primeira colocação do ranking de franquias mais valiosas, foi derrotadopelo Tampa Bay Buccaneers, atuais campeões e equipe de Tom Brady, 9˚ atleta mais bem pago do mundo.
Para entender como a NFL se tornou a principal referência mundial para a indústria esportiva, navegue pelo conteúdo:
O futebol americano nasceu durante o fim do século XIX como um esporte de colegiado. A profissionalização começou nas primeiras décadas do século seguinte, até 1920, quando foi organizado um rascunho do que hoje conhecemos como National Football League. Por 13 anos a liga flutuou entre 8 e 22 equipes, com mais falhas do que sucessos, até que em 1933 foi reorganizada para o modelo que vemos hoje, com um número fixo de franquias localizadas em grandes cidades.
No entanto, não foi em 1933 que tudo mudou e a NFL se tornou no que é hoje. Desde o início a liga tinha um problema de imagem. Futebol americano profissional não trazia o espetáculo de sua versão de colegiado, e os atletas eram vistos como completamente brutais e sanguinários.
De qualquer forma, aos poucos o esporte foi ganhando popularidade até que, em dezembro de 1958, 30 milhões de norte-americanos assistiram o Baltimore Colts derrotar o New York Giants em uma decisão de campeonato com prorrogação. Foi então que os times da NFL entenderam a importância da TV.
Em 1962, a liga assinou o seu primeiro contrato de televisão, por pouco mais de U$9 milhões para dois anos. O que marcou o acordo, porém, não foi o valor do contrato. Uma das mais importantes estratégias de negócio foi adotada naquele momento: Pete Rozelle — comissário da liga naquela época — implementou a divisão igualitária de receitas entre todas as franquias da liga. Com isso, a NFL garantia a estabilidade financeira das equipes e mantinha o seu equilíbrio competitivo.
Se pularmos para os dias de hoje, mais de 50% da receita da National Football League ainda vem de acordos de televisão. Inclusive, foi assinado recentemente um pacote de mais de 100 bilhões de dólares, que entrará em vigência a partir de 2023.
Receitas da NFL são divididas em três potes, distribuídas em diferentes proporções na equação geral. Cada um desses é originalmente conhecido como: League Media, NFL Ventures and Postseason e Local Revenue. Além dos três grupos, existe o crédito que a liga recebe para capital alocado em planos de saúde para jogadores aposentados, caridades e “stadium credits”.
É o maior dos potes. Essa categoria consiste majoritariamente de grandes fluxos de receita provindos de contratos bilionários com televisão e rádio. Quaisquer canais de transmissão entram nesse grupo. A distribuição desse montante é de 55% para os jogadores e 45% para os donos.
Esse é o pote onde entram as receitas advindas das diversas filiais de mídia e marketing da NFL. Isso inclui a NFL Network, Red Zone Channel, NFL.com, NFL Films, NFL Properties, e NFL Digital Game Pass. Além disso, entram todas as receitas geradas pelos jogos da “postseason” (pós-temporada) — excluindo a parte contratada que entra em League Media. Um detalhe importante dessa categoria é que as receitas do pacote de TV para jogos do Thursday Night Football, são contabilizadas aqui, e não na sessão anterior. A divisão também é diferente, com os jogadores recebendo 45% e os donos 55%.
Recai sobre esse pote toda a receita que não é contabilizado pelos outros dois. Em geral, esse é o dinheiro que os times da NFL arrecadam e negociam individualmente. Aqui entram negociações de jogos de pré-temporada ou vendas de ingressos e concessões dos jogos em casa. A distribuição do montante é de 40% para os atletas e 60% para o dono. Essa é uma categorias que gera certa reclamação por parte de alguns dos executivos, uma vez que franquias em mercados maiores geram mais receita local do que as em mercados menores.
Essa é a categoria “adicional”, que trata do crédito para pagamento de benefícios de jogadores e ex-jogadores. Esse fundo nasceu em 2012 com 55 milhões de dólares, crescendo 5% a cada ano. Uma parcela de 47,5% desse montante é utilizado para cobrir os custos com atletas (Player Costs).
As receitas da NFL são divididas entre os atletas e os donos (ver Divisão de receitas na NFL: como funciona?). A parcela direcionada aos jogadores é chamada de Player Costs (custos com jogadores), e uma porção dessa parcela compõe o Salary Cap (teto salarial) da liga.
Esse é o valor que será pago aos atletas. O cálculo dos custos com jogadores é bastante simples. É preciso somar as porcentagens destinadas aos atletas em cada categoria de receitas e subtrair a parcela do fundo de crédito destinada à esses custos. Temos:
Player Costs =
(55% x League Media)
+ (45% x NFL Ventures e Postseason)
+ (40% x Local Revenues)
– (47,5% x Joint Contribution Credit)
A “única complicação” da contabilização dos custos com atletas está fora do cálculo. A NFL tem uma proteção prevista no CBA (Collective Bargaining Agreement) que impede a dominância de uma das categorias de receita. Nem todos sabem disso, mas existem níveis mínimos e máximos para o Player Costs. Até 2020 o teto era de 48,5%. Isso protege a liga da possibilidade de a League Media crescer a ponto de garantir sempre mais de 50% da receita total para os jogadores. Já o mínimo, garante que os jogadores recebam pelo menos 47% do total, os protegendo do cenário em que as propriedades de mídia da NFL se tornam uma força dominante nos cálculos.
Por fim, pode haver uma dedução sobre o valor final do Player Costs de até 1,5% da receita total, para “stadium credit”.
Não, o Salary Cap e Player Costs não são a mesma coisa, diferentemente da crença popular. O teto salarial da NFL é uma porção do valor pago aos jogadores, e o restante é a parte destinada aos benefícios. O Cap pode ser resumido em custos com a temporada regular, e todos os outros gastos associados às equipes são os benefícios.
Os benefícios podem causar certa confusão, pois muitos desses pagamentos são relacionados a “jogar futebol americano”. Incentivos por performance, por exemplo, entram nessa categoria.
De qualquer forma, para chegar ao Salary Cap não ajustado, basta subtrair os benefícios projetados para o ano, do valor total de Player Costs. Para chegar no valor por equipe, é só dividir pelos 32 times da NFL.
Ainda é preciso chegar ao valor real, o Cap ajustado, que indica quanto cada uma das franquias podem, de fato, gastar em um dado ano em salários. Alguns times terão um ajuste negativo, e outras terão o ajuste positivo — na maioria das vezes é o segundo caso.
Entre os fatores que levam aos ajustes, estão: o Cap Carryover, todo espaço inutilizado do teto salarial é “arrastado” para o ano seguinte; Ajustes de Incentivos, a diferença entre os pagamentos de incentivos projetados e o real valor pago é ajustado na temporada seguinte; Ajustes de Opções, referentes aos bônus de contratos que não foram pagos, e esses valores também entram no Salary Cap do próximo ano; Penalidades, que podem ser impostas pela NFL no caso de ultrapassagens ou tentativas de contornar o teto salarial.
Existem inúmeros nuances dentro de cada um desses tipos de ajuste, além de outros fatores que podem levar à correções. Esse sistema de teto salarial da é um dos mais complexos de todas as ligas esportivas, e existem altos cargos executivos dentro dos times da NFL, voltados especificamente para o Salary Cap.
A estrutura financeira da NFL visa a estabilidade de suas franquias e, portanto, da liga como um todo. Ano após ano, a liga segue no topo do ranking para ligas mais valiosas do mundo. E como é de se esperar, a liga de maior valor carrega muitas das equipes mais valorizadas.
Como vimos anteriormente, o Dallas Cowboys está no topo do ranking mundial de franquias esportivas feito pela Forbes em 2021. E muitas outras aparecem no top-25. O valor de uma franquia média da NFL é de incríveis 3,48 bilhões de dólares, com uma receita de mais de 380 milhões. Esse valor apareceria em 20˚ lugar no ranking da Forbes, a frente de times como o Boston Red Sox, de baseball; Chicago Bulls, de basquete; e Chelsea, de futebol.
Equipe | Valuation | Receita | |
1º | Dallas Cowboys | US$ 6,5 bilhões | US$ 800 milhões |
2º | New England Patriots | US$ 5 bilhões | US$ 478 milhões |
3º | New York Giants | US$ 4,85 bilhões | US$ 350 milhões |
4º | Los Angeles Rams | US$ 4,80 bilhões | US$ 422 milhões |
5º | Washington Football Team | US$ 4,20 bilhões | US$ 388 milhões |
6º | San Francisco 49ers | US$ 4,17 bilhões | US$ 374 milhões |
7º | Chicago Bears | US$ 4,07 bilhões | US$ 370 milhões |
8º | New York Jets | US$ 4,05 bilhões | US$ 345 milhões |
9º | Philadelphia Eagles | US$ 3,80 bilhões | US$ 371 milhões |
10º | Denver Broncos | US$ 3,75 bilhões | US$ 368 milhões |
11º | Houston Texans | US$ 3,70 bilhões | US$ 397 milhões |
12º | Seattle Seahawks | US$ 3,50 bilhões | US$ 362 milhões |
13º | Green Bay Packers | US$ 3,47 bilhões | US$ 371 milhões |
14º | Pittsburgh Steelers | US$ 3,43 bilhões | US$ 364 milhões |
15º | Miami Dolphins | US$ 3,42 bilhões | US$ 372 milhões |
16º | Las Vegas Raiders | US$ 3,41 bilhões | US$ 389 milhões |
17º | Baltimore Ravens | US$ 3,40 bilhões | US$ 352 milhões |
18º | Minnesota Vikings | US$ 3,35 bilhões | US$ 365 milhões |
19º | Indianapolis Colts | US$ 3,25 bilhões | US$ 350 milhões |
20º | Atlanta Falcons | US$ 3,20 bilhões | US$ 353 milhões |
21º | Tampa Bay Buccaneers | US$ 2,94 bilhões | US$ 364 milhões |
22º | Kansas City Chiefs | US$ 2,93 bilhões | US$ 364 milhões |
23º | Los Angeles Chargers | US$ 2,92 bilhões | US$ 339 milhões |
24º | Carolina Panthers | US$ 2,91 bilhões | US$ 351 milhões |
25º | New Orleans Saints | US$ 2,82 bilhões | US$ 378 milhões |
26º | Jacksonville Jaguars | US$ 2,80 bilhões | US$ 361 milhões |
27º | Arizona Cardinals | US$ 2,65 bilhões | US$ 353 milhões |
28º | Tennessee Titans | US$ 2,62 bilhões | US$ 354 milhões |
29º | Cleveland Browns | US$ 2,60 bilhões | US$ 375 milhões |
30º | Detroit Lions | US$ 2,40 bilhões | US$ 330 milhões |
31º | Cincinnati Bengals | US$ 2,27 bilhões | US$ 348 milhões |
32º | Buffalo Bills | US$ 2,27 bilhões | US$ 340 milhões |
Fonte: Fonte: Forbes – Sports Money: 2021 NFL Valuations
O modelo de negócios da NFL serviu de inspiração para outras grandes ligas. É fácil dizer que a NBA ou a MLS foram construídas com base no modelo americano, liderado pela National Football League e sua estrutura financeira de sucesso. Ambas seguem a mesma linha, com divisão de receitas e Salary Cap. No entanto, ambas também são “filhas norte-americanas”.
No início dos anos 90, do outro lado do Oceano Atlântico, na Europa, umas das grandes forças do futebol mundial — se não a maior do esporte — voltava os seus olhos para os Estados Unidos. A Premier League, fundada em 1992, viu a obsessão “secreta” de alguns de seus donos pelos times da NFL. Dein e Scholar, donos do Arsenal e Tottenham, respectivamente, são dois que sofreram influência direta.
O primeiro, casado com uma norte-americana, foi apresentado em 1972 para o mundo da NFL. Por coincidência, em Miami, na temporada em que os Dolphins se tornaram o primeiro e único time até os dias de hoje a vencerem uma temporada invictos. Mas não foi isso que Dein se encantou. O que o marcou foram as gigantescas telas, comidas gourmet e líderes de torcida no estádio. Um evento esportivo de alto nível.
O segundo, foi aos Estados Unidos em busca de ideias para melhorar as operações do Tottenham, que estava ficando para trás na Inglaterra. O clube foi um dos últimos (entre os grandes do país) a fechar um acordo de patrocínio em suas camisas. Ao contrário de Dein, que conheceu a NFL por fora, como espectador, Irving tinha um contato de dentro: O.J. Simpson — uma lenda do futebol americano. E foi por esse contato que conheceu Pete Rozelle, comissário da NFL naquela época. A impressão do inglês foi, nas suas palavras, de que “dava para ver o futuro”.
Ainda tivemos o Manchester United explodindo comercialmente e transformando o seu merchandising, também inspirados no modelo da liga de futebol americano. O que, consequentemente, levou à dominância dentro de campo do clube. Suportados pelo poderio financeiro, os Devils levaram 7 dos primeiros 10 títulos de Premier League.
O expertise dos times da NFL em entretenimento, branding, e governança era, e ainda é, incomparável. Por isso, a liga serviu como base para a Premier League e muitas outras.
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