A principal categoria do automobilismo nacional regressa as suas origens no autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul, após um lapso de 6 anos. O retorno da Stock Car acontecerá neste domingo (21), com transmissão pela Band na TV aberta, pelo SporTV na TV fechada, pelo canal do Galvão Bueno no YouTube e pelo canal do streamer Gaulês na Twitch.
Resumo da Temporada
Atualmente, a Stock Car está na 3º etapa do seu campeonato, com todas possuindo rodadas duplas, ou seja, duas corridas no final de semana. O campeonato teve início em Goiânia com a corrida 1, que teve o seguinte pódio: 1º Daniel Serra 29#; 2º Bruno Baptista 44#; 3º Ricardo Zonta 10#. Enquanto a corrida 2 de Goiânia ficou com o pódio: 1º Thiago Camilo 21#; 2º Ricardo Mauricio 90#; 3º Felipe Fraga 88#. Já a segunda etapa foi no templo do automobilismo nacional, mais conhecido como Interlagos, onde a primeira corrida ficou com a seguinte colocação: 1º Gabriel Casagrande 83#; 2º Guilherme Salas 85#; 3º Bruno Baptista 44#. Diferentemente da primeira, o pódio da segunda corrida foi: 1º Ricardo Mauricio 90#; 2º Rafael Suzuki 8#; 3º Gaetano Di Mauro 11#. Após estas corridas, o campeonato está sendo liderado pelo piloto Ricardo Mauricio, com 70 pontos, seguido por Gabriel Casagrande, com 66 pontos, e Bruno Baptista, com 64 pontos.
O espetáculo em Tarumã terá início nesta sexta-feira (19), com o treino livre 1, enquanto no sábado (20) serão realizados o treino livre 2 e a qualificação para a corrida. Por fim, no domingo (21), serão realizadas as duas corridas, transmitidas pela Band e pelo SporTV 3, como de costume. Já a transmissão via streaming será no canal do Gaulês na Twitch e a grande novidade desta edição é a compra dos diretos de transmissão de duas temporadas pelo Galvão Bueno, que transmitirá via YouTube. Contudo, a corrida inaugural desta parceria não será narrada pela voz icônica de Galvão e sim pelo Guto Nejaim, famoso narrador da motogp.
História da Stock Car
A criação da categoria foi necessária para substituir a competição Divisão 1 (D1), na qual os carros utilizados eram da Chevrolet e Ford nos modelos Opala e Maverick, respectivamente. Entretanto, a maioria dos corredores utilizavam o Opala, gerando um desinteresse por parte do público e dos patrocinadores por considerarem a possibilidade de se tornar uma corrida de “monomarca”. A General Motors (GM) criou a Stock Car emulando o nome da NASCAR e desviando a atenção de ser uma nova competição de marca única – a primeira temporada era composta por 19 carros, todos sendo Opala.
Na década de 80, o piloto Ingo Hoffman retornava ao Brasil após uma passagem na Fórmula 1 na escuderia Fittipaldi, exclusivamente brasileira na história da competição. O retorno foi extremamente glorioso tanto para Hoffman quanto para a Stock Car, que recebia o maior campeão da sua história, que conquistou os campeonatos de 89 a 95 consecutivamente. Em 1987, a primeira grande mudança ocorreu em parceria com a empresa de ônibus Caio, que era responsável pela carenagem dos carros, gerando mais desempenho e aerodinâmica.
Na década de 90, a categoria perdia espaço para outras competições mais baratas e de outras montadoras, quando, desta vez, uma nova mudança foi realizada adotando o modelo ômega de rua com preparação para corrida para alavancar as vendas do veículo e ingressos gratuitos para as corridas nas concessionárias.
Nos anos 2000, o chassi foi alterado para um modelo tubular inspirado na NASCAR, que melhorou a segurança para os pilotos. Outra alteração relevante foi a troca do motor v6 presente desde 1979 para um v8, possuindo 450 cavalos de potência. Além disso, a General Motors se tornou patrocinadora do evento para possibilitar a entrada de outras montadoras com custos mais baixos, abrindo espaço para a entrada da Mitsubishi com a carroceria do Lancer, seguida por Volkswagen e Peugeot com os modelos Bora e 307. Entretanto, a crise econômica mundial acarretou a saída da Volkswagen e da Mitsubishi, permanecendo o Vectra e o 307 como carenagens possíveis na competição e uma diminuição de 4 carros no campeonato. Neste período, foi realizada a primeira corrida de rua sediada nas ruas do centro administrativo da Bahia, galgando um espaço no calendário da competição.
A última grande mudança mecânica na década passada foi a alteração do combustível para Etanol e utilização de injeção eletrônica, além da saída da Peugeot. A Stock Car possui uma corrida especial conhecida como corrida do milhão que é mais longa que as corridas normais e que, por conta do patrocínio da SKY, tem como premiação do campeão um valor de 1 milhão de reais.
Mudança de gestão e patrocinadores
A Vicar Promoções Desportivas é promotora de eventos automobilismo e possui como principal produto a Stock Car, que foi adquirida pelo grupo de investimentos Paraty Capital. O fundo possui um montante de 38,5 milhões de reais, destinados para capital de giro e para futuros investimentos. A venda da Vicar já era especulada internamente no período da pandemia, uma vez que, tendo em vista a inviabilidade de realizar eventos, a receita da antiga gestora foi reduzida em 98%.
Uma das primeiras ações foi a chegada da Toyota na competição e a expectativa da entrada de novas montadoras, além da criação de uma loja de peças automotivas, a Stock Auto Service. Outro feito foi a mudança na transmissão da televisão aberta separando-se da Globo, que transmitia o evento desde 1990, e indo para a Band em um contrato válido até 2025, com possibilidade de renovação até 2030. Além da venda para os canais do Galvão Bueno e do Gaulês.
Na atual temporada, novos patrocinadores de diferentes segmentos entraram no campeonato. O antigo patrocinador de pneus Pirelli foi substituído pela Hankook, marca de pneus sul-coreanas que já pertence ao mundo do automobilismo, sendo fornecedora oficial da Fórmula E. A patrocinadora proporcionou uma nova gama de pneus com durabilidade maior do que os anteriores. Este contrato vai além das corridas, tendo como principal foco se firmar no mercado nacional, com a fornecedora assumindo protagonismo nas lojas Stock auto servisse.
Apesar das casas de apostas estarem presentes na maioria dos clubes de futebol, ainda não é comum a presença destas marcas nas pistas. Entretanto, a Stock Car já havia patrocínio da Betway, mas acabou optando pela troca para a Pari Macht, que já possui a possibilidade de apostas nas etapas.
A principal troca de patrocinador foi a saída da Claro para a entrada da Vivo, ambas do setor de telefonia. A Claro sempre esteve presente no automobilismo – patrocinando os irmãos Fittipaldi na Fórmula 1 e sendo patrocinadora deste evento por dois anos -, mas foi rapidamente substituída pela Vivo, demonstrando a eficácia de marketing da nova gestão, tendo em vista que, desde a saída da Nextel na antiga gestão, este patrocínio demorou anos para ser substituído pela Claro.
Rivalidade histórica e união entre pai e filho
O grid atual é composto por 31 pilotos, incluindo antigos conhecidos da competição como Cacá Bueno, que possui 5 títulos na categoria e que, nesta temporada, quebrou o recorde de Ingo Hoffman, se tornando o piloto com maior número de largadas na história da Stock Car. O atual campeão Rubens Barrichello também retorna ao grid, porém com um incentivo e uma conquista a mais.
A Full Time, equipe defendida pelo Barrichello, anunciou que o seu companheiro de equipe será um outro Barrichello: o seu filho mais velho Dudu. Esta parceria já ocorreu em 2021, quando Dudu substituiu o companheiro de equipe de seu pai que estava impossibilitado de correr por conta da Covid-19, na emocionante etapa de Cascavel. Dudu enfrentou seu pai nas corridas, mas não conseguiu superá-lo. Ele cruzou a linha de chegada nas posições 20 e 25, respectivamente, nas duas corridas disputadas. No entanto, mostrou sua habilidade ao conquistar uma volta mais rápida na primeira corrida em relação ao seu pai.
No ano passado, Dudu competiu na prestigiada Fórmula Regional European Championship (FRECA), um torneio de alto nível realizado na Europa. Após o fim da temporada, ele encerrou sua participação na 11ª posição geral, destacando-se com um pódio na etapa da Bélgica. O seu plano era subir para a Fórmula 3 após passar dois anos competindo nessa categoria. No entanto, devido às limitações financeiras, essa transição não foi possível para ele, que agora está buscando novos ares na Stock Car.
Além de pai e filho no grid, também possuímos uma rivalidade fomentada pela mídia desde 2008 entre Felipe Massa e Nelsinho Piquet desde a corrida de Cingapura em que Nelsinho bateu propositalmente no muro, que acarretou na perda do título da Fórmula 1 do Massa. Após este incidente, o caminho dos dois se cruzaram novamente na Formula E em 2019, quando uma falha mecânica no monobloco de Massa no treino livre segurou Piquet. No rádio, Nelsinho deferiu xingamentos a Felipe, que se defendeu alegando que não havia feito propositalmente diferente de seu conterrâneo. Agora, os pilotes novamente se encontram em um novo campeonato.
Circuito de Tarumã
O Autódromo do Tarumã, localizado na Grande Porto Alegre, é um dos poucos autódromos privados que existem no Brasil. Pertencente ao Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, uma entidade sem fins lucrativos, o autódromo foi fundado por essa mesma instituição em 1953. A sua construção foi possível graças às generosas doações de pilotos e entusiastas do esporte, refletindo a paixão e o comprometimento da comunidade automobilística local.
Ao longo de sua história, o Autódromo do Tarumã desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do automobilismo brasileiro. Foi neste lendário circuito que, em 22 de abril de 1979, ocorreu a primeira corrida da Stock Car. Naquela ocasião, o piloto Affonso Giaffone Junior conquistou a vitória, estabelecendo um marco inesquecível na história da categoria. Essa tradição faz com que o retorno da categoria seja ainda mais especial.
Uma das características do Autódromo do Tarumã é o seu traçado desafiador, composto por retas longas e curvas de alta velocidade. oferecendo aos pilotos a oportunidade de soltar um pouco os freios e atingir altas velocidades. Além disso, é importante ressaltar que os freios utilizados pelos competidores são fornecidos pela Fras-le, uma empresa gaúcha. Essa parceria reforça a conexão regional entre o autódromo e os fabricantes locais, demonstrando o impacto econômico e tecnológico que o esporte a motor pode trazer para a região.
O autódromo passou por uma reforma que teve como motivo principal sofisticar a segurança para os pilotos, focada na ampliação das aéreas de escapes em 200 metros, recapeamento do asfalto da reta até a curva 1, revestimento dos muros com pneus e manta de borracha e a revitalização das zebras.
Por Thiago Leitão e Vitor Tanaka
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