Na próxima semana, os amantes do futebol terão a oportunidade de presenciar partidas épicas pelas semifinais da UEFA Champions League 2022/2023. A edição do campeonato desta temporada reúne quatro gigantes do futebol mundial: Real Madrid, Manchester City, Milan e Inter de Milão, em confrontos que prometem muita emoção e técnica apurada. Os primeiros confrontos acabaram em uma vitória de 2 a 0 para a Inter no clássico de Milão e um empate em 1 a 1 entre Manchester City e Real Madrid. Os jogos de volta acontecerão durante a próxima semana, nos dias 16/05 (terça-feira) e 17/05 (quarta-feira), respectivamente. Enquanto o jogo entre Milan e Inter de Milão ocorrerá no mesmo estádio, o San Siro, a partida de volta entre as equipes espanhola e inglesa terá como palco o Etihad Stadium. As partidas poderão ser acompanhadas pelo SBT(TV aberta), TNT Sports (TV Fechada) e HBO Max (streaming).
Real Madrid x Manchester City
A primeira semifinal colocou frente a frente os atuais campeões da LaLiga, Real Madrid, e os atuais campeões da Premier League, Manchester City, em uma disputa que prometia ser marcada pela qualidade técnica e tática de ambas as equipes. O Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, foi o palco do primeiro embate, onde os merengues, comandados por Carlo Ancelotti, enfrentaram a equipe inglesa treinada por Pep Guardiola – dois dos técnicos mais renomados do futebol atual.
Com altas expectativas sobre o duelo, a partida de ida evidenciou como será marcada a semifinal como um todo. O Manchester City, com sua filosofia de jogo baseada na coletividade implantada por Pep Guardiola, buscou o empate com o Real Madrid fora de casa, com um belo gol de De Bruyne, marcado de fora da área, após ter sofrido um golaço do Real Madrid com Vinícius Júnior, também de fora da área.
Para o jogo de volta, espera-se muito equilíbrio entre as equipes, com um leve favoritismo para os ingleses, que jogam em casa. Será que os talentos individuais do Real Madrid serão capazes de eliminar mais uma vez o City na semifinal da Champions?
Histórico do confronto
Quando perguntado o motivo de ser tão difícil vencer a Champions, mesmo com o ótimo elenco e futebol apresentando pelo time, Pep respondeu: “Porque o Madrid sempre está lá.” Essa frase diz um pouco sobre o tamanho do Real Madrid na competição, que é o maior campeão na era em que o torneio se chamava Copa dos Clubes Campeões Europeus – antes de 1992 – (6 títulos) e também o maior campeão desde que a competição se chama UEFA Champions League (8 títulos). Ao todo, o Real é 14 vezes campeão, com 8 títulos a mais que o segundo maior campeão do torneio, o Milan.
Não importa quem esteja no elenco, no comando, ou até quem sejam os rivais, se o Real Madrid está na competição, eles são favoritos ao título. Até mesmo em um confronto mata-mata, sendo eliminados no último minuto de jogo, os merengues nunca devem ser considerados “mortos” antes do apito final, e poucas equipes sabem disso melhor que o Manchester City de Pep Guardiola.
Na semifinal do último ano, o primeiro confronto foi recheado de emoções e gols, com um belo 4 a 3 para os ingleses no Etihad Stadium, em Manchester. Na volta, aos 73 minutos, Mahrez abriu o placar para o City em pleno Santiago Bernabéu e, da maneira que vinha jogando o Real Madrid naquele dia, muitos já os davam como eliminados. No minuto 89, embaixo do placar do jogo na TV, apareceu uma tabela de probabilidades naquele momento de ambos os times chegarem a final. Supostamente com apenas 1% de chance do Real Madrid vencer, Rodrygo marca dois gols nos acréscimos e leva o jogo para a prorrogação (agregado 5 a 5). Na prorrogação, Karim Benzema marca de pênalti e leva o Madrid à final com o Liverpool.
Inter de Milão x Milan
A segunda semifinal reuniu os rivais italianos Inter de Milão e Milan em um confronto para parar a cidade de Milão. Ambas as equipes possuem uma rica história e tradição no cenário europeu e a rivalidade entre elas torna o confronto ainda mais emocionante. O Milan, sob o comando de Stefano Pioli, conta com a experiência de Ibrahimovic e a jovialidade de Rafael Leão e Bennacer para tentar superar a forte defesa da Inter. Já a equipe Nerazzurri, dirigida por Simone Inzaghi, aposta no talento de Lautaro Martínez e Barella, além da solidez defensiva de Skriniar e De Vrij.
No jogo de ida, a Internazionale levou a melhor ao vencer o Milan pelo placar de 2 a 0. Com gols marcados precocemente no primeiro tempo por Dzeko e Mkhitaryan, os Neazzuris abrem uma confortável vantagem em busca da vaga na final. O placar reflete muito bem o primeiro tempo da partida, em que a Inter foi superior durante a maior parte do tempo criando diversas chances perigosas além dos gols, como uma bola na trave do Çalhanoglu. No segundo tempo, o Milan foi capaz de equilibrar o jogo, mas não chegou a fazer gols para melhorar sua situação para o jogo de volta.
Agora, o Milan terá missão difícil no San Siro. Caso queira manter sua soberania sobre o rival local na Champions League, terá de vencer a Inter por 3 ou mais gols no tempo normal.
Histórico do confronto
Em um confronto conhecido como Derby della Madonnina, a Inter de Milão e o Milan protagonizam uma das mais antigas e tradicionais rivalidades do futebol. Além disso, compartilham um dos estádios mais importantes na história do futebol, o famoso San Siro, também conhecido como Estádio Giuseppe Meazza – nomeado em homenagem a um dos maiores nomes do futebol na Itália. Por dividirem o estádio, tanto o jogo de ida quanto o de volta acontecerão no mesmo estádio.
Os rivais italianos somam dez títulos de Champions League, sendo sete deles do Milan, segundo maior campeão da competição (atrás apenas do Real Madrid). Já a última conquista da “orelhuda” por um time italiano pertence a Internazionale, quando conquistou seu tricampeonato sobre o Bayern de Munique em 2010.
O duelo de 2023 marca a terceira vez que o clássico de Milão ocorre em fases eliminatórias da Champions League. Em 2003, as equipes se enfrentaram também em uma semifinal, enquanto em 2005 protagonizaram um dos mais emblemáticos duelos da Champions, na fase de quartas de final. Em ambas as ocasiões, os rossoneros saíram do duelo, ou da “guerra”, vitoriosos.
Em 2003, os jogos de ida e volta terminaram empatados, mas por conta da regra do gol fora de casa (hoje extinto na competição) o Milan levou a melhor. É importante ressaltar que ambos os jogos ocorreram no San Siro, mas os mandos foram alternados nas partidas. Com a classificação, a equipe rubro negra avançou para a final e se sagrou hexacampeão da Liga dos Campeões após bater a Juventus em uma eletrizante disputa de pênaltis.
Já em 2005, havia muita expectativa para o clássico devido ao número de craques presentes nas equipes de Milão. Jogadores como Cafú, Pirlo, Crespo, Kaká, Shevchenko, Cambiasso, Materazzi, Zanetti e Verón aumentaram ainda mais a atratividade do embate. Após vitória do Milan por 2 a 0 na ida, o clube entrava com grande vantagem sobre o rival para a partida decisiva. A vantagem ficou ainda melhor quando abriram o placar ainda no primeiro tempo da segunda partida.
O clima do jogo já estava quente, quando um gol da Inter foi anulado. A revolta da torcida foi tão grande, que diversos sinalizadores e rojões começaram a ser atirados em campo – um deles atingiu o goleiro Dida, que acabou se ferindo durante o episódio. Devido à falta de segurança alegada, o árbitro optou por encerrar a partida, dando assim a vitória para os rossoneros por W.O. Com um dos maiores esquadrões já visto nas últimas décadas, o Milan chegou na final da competição e, mesmo após abrirem 3 a 0 na final contra o Liverpool, os italianos foram batidos nos pênaltis pelos reds, no confronto que ficou conhecido como “Milagre de Istambul”.
Semifinais marcantes
Confira abaixo outras semifinais da UEFA Champions League que marcaram a competição nos últimos anos:
2018/19: Liverpool 4×3 Barcelona
Com golaço e atuação de gala de Messi, a equipe catalã já contava com a vaga na final quando venceu o Liverpool por 3 a 0 no Camp Nou. Entretanto, os Reds conseguiram golear o Barcelona por 4 a 0 e garantir a vaga para a final, em uma partida épica no Anfield. O gol da classificação foi marcado por um lance de inteligência de Alexander-Arnold, que cobrou um escanteio rápido com o clube espanhol despreparado, permitindo que Origi empurrasse a bola para o gol.
2018/2019: Tottenham 3(gf)x3 Ajax
Na mesma edição, Ajax e Tottenham protagonizaram outro duelo de tirar o fôlego. Surpreendendo times favoritos com um futebol envolvente, os holandeses conseguiram eliminar o Real Madrid e a Juventus, enquanto os ingleses tiraram o Borussia Dortmund e o Manchester City. Uma vitória fora de casa por 1 a 0 e um placar parcial de 2 a 0 ao final do primeiro tempo do jogo da volta pareciam encaminhar o tradicional Ajax para mais uma final de Champions League. Entretanto, os últimos 45 minutos reservaram uma grande surpresa. O brasileiro Lucas Moura, vindo do banco, marcou os três gols que eram necessários para a classificação do Tottenham através do critério do gol qualificado, sendo o último deles no minuto final dos acréscimos.
2012/13: Borussia Dortmund 4×3 Real Madrid
Assim como no outro lado da chave desta edição da Champions League, a semifinal era composta por um gigante alemão e um gigante espanhol e, assim como o Barcelona foi surpreendido com 4 gols na partida de ida, o mesmo aconteceu com o Real Madrid. A semifinal ficou marcada pela vitória de 4 a 1 do Borussia com 4 gols do centroavante Lewandowski. Na volta, apesar da valentia espanhola, faltou 1 gol para a equipe de Madrid reverter o revés que havia sofrido.
2011/12: Chelsea 3×2 Barcelona
Os blues buscavam seu primeiro título da competição quando tiveram pela frente o atual campeão e poderoso Barcelona. Com uma vitória simples na Inglaterra, o Chelsea precisava segurar a pressão no Camp Nou para seguir vivo no sonho pelo primeiro título. Contudo, o primeiro tempo não estava sendo agradável: o Barcelona ganhava por 2 a 0 e assim garantia a vaga para a final. Porém, nos acréscimos do primeiro tempo, o volante brasileiro Ramires diminuiu o placar com um gol icônico de cobertura, levando o Chelsea para o intervalo com a vaga pela regra do gol fora. Depois de resistir a muita pressão da equipe treinada por Pep Guardiola, o espanhol Fernando Torres em um grande contra-ataque selou a classificação dos blues para a final.
2010/11: Barcelona 3×1 Real Madrid
O confronto marcou o embate entre a maior rivalidade entre atletas neste século e, talvez, até na história do futebol. Messi e Cristiano Ronaldo, os melhores jogadores do mundo no momento (“monopolizando” todas as bolas de ouro de 2008 até então), protagonizaram o duelo histórico entre os arquirrivais Barcelona e Real Madrid. Marcado pelo seu estilo de jogo com muitos passes, o tiki-taka, os catalães foram superiores ao Real Madrid e conseguiram a vaga para a final. Destaque para gol antológico de Messi em jogada individual em pleno Santiago Bernabéu na partida de ida, em que o Barcelona venceu por 2 a 0.
2009/10: Internazionale 3×2 Barcelona
Com uma grande equipe, a Inter de Milão tinha pela frente a poderosíssima equipe do Barcelona treinada por Pep Guardiola, que vinha de uma sêxtupla coroa na temporada anterior, isto é, ganhar seis títulos no mesmo ano. A Inter, comandada pelo português José Mourinho, derrotou o Barcelona por 3 a 1 no San Siro. Com a vantagem, os italianos teriam como desafio deter o ataque espanhol em pleno Camp Nou. Na volta, com apenas 28 minutos de jogo, os italianos já se encontravam em desvantagem numérica, quando Thiago Motta foi expulso. A estratégia adotada pela equipe italiana foi curiosa: deixar o Barcelona com a posse de bola, e buscar fechar ao máximo os espaços dos jogadores da equipe espanhola, principalmente de Lionel Messi. Apesar de manter 75% de posse de bola, o único gol do Barcelona na partida, já ao final do jogo, foi insuficiente para mandá-los à final. Esse duelo ficou conhecido como o dia que José Mourinho “estacionou o ônibus” e parou o Barcelona de Lionel Messi.
As semifinais da Liga dos Campeões da Europa nesta temporada têm tudo para entrar para a história como algumas das mais emocionantes e disputadas de todos os tempos. Com talento e rivalidade em campo, os fãs do esporte certamente terão momentos inesquecíveis na próxima semana.
Por Hassan Zoghbi e Rafael Tornovsky
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