O Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube aprovou, no começo de outubro, a criação de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), em acordo com as gestoras de investimentos Galapagos Capital, que administra mais de R$ 21 bilhões, e Outfield, empresa especialista em estratégias e investimentos no esporte.
O objetivo é arrecadar R$ 240 milhões para “substituir” as dívidas bancárias que o clube carrega consigo há anos. Segundo o ge, o valor arrecadado será utilizado para pagar as dívidas antigas e principalmente concentrar o novo passivo em um único credor.
Perfil de dívidas do São Paulo Futebol Clube
Em um clube de futebol, existem alguns tipos de dívidas que podem ocorrer, dependendo do perfil de cada clube e da forma como gastam seu capital. Dívidas trabalhistas, por exemplo, originam de pagamentos atrasados a funcionários do clube e jogadores, e normalmente são negociados para pagamentos reduzidos em relação ao que tinha sido combinado por contrato. Já dívidas com outros clubes, provenientes de acordos de compra e venda de jogadores, são dívidas que podem se estender por longos períodos até que sejam pagas, mas que não são comuns de incidir juros. Dívidas com a União a respeito de impostos são mais difíceis de serem contornadas em relação às duas dívidas mencionadas anteriormente.
Contudo, as dívidas bancárias representam o pior tipo de dívida que um clube pode contrair. As instituições bancárias impõem altos juros e prazos nem sempre longos aos clubes que adquirem os empréstimos. O São Paulo, por exemplo, conta com R$ 217,5 milhões em dívidas bancárias, de acordo com balanço divulgado em 2023 pelo clube. Isso representa em torno de ¼ da dívida total do clube.
Nos últimos anos, a parcela que o São Paulo dedicava ao pagamento dessas dívidas bancárias era suficiente apenas para pagar os juros. Dessa forma, o valor bruto da dívida bancária do clube não diminuía e permanecia inalterado, ou seja, o valor não era amortizado.
Mudanças na administração do clube
Com a aprovação do fundo e do empréstimo do dinheiro para balancear as dívidas do clube, o São Paulo encontrará algumas limitações a respeito dos gastos e de novas dívidas.
Dentre elas, a principal e que mais vai impactar o clube é o limite de investimento no futebol. O valor será o menor entre R$ 350 milhões e 50% da receita anual do clube. Além disso, como parte importante do acordo, o São Paulo se compromete a não contrair novas dívidas, empréstimos ou obrigações financeiras em valor superior a R$ 10 milhões sem a aprovação do comitê de crédito do fundo. Por último, o clube tem a obrigação de apresentar superávit financeiro (lucro) no final de todos os exercícios, começando em 31 de dezembro de 2025.
Vale ressaltar que nos últimos seis anos, o clube investiu valores maiores do que R$ 350 milhões no futebol e obteve déficit em quatro oportunidades. Portanto, algumas mudanças na administração do clube são esperadas para os próximos anos como forma de cumprir com as obrigações do fundo de investimento.
Como garantia, o São Paulo oferecerá às gestoras seus contratos de patrocínios, direito de uso de espaço, licenciamento, direitos de transmissão, programa de sócio torcedor e venda de jogadores.
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Por que a ação é importante para o futuro financeiro do clube
A operação financeira do clube será como um empréstimo, em que as dívidas com algumas instituições bancárias, que chegam a R$ 217,5 milhões, serão trocadas por uma única dívida com um único credor. Além disso, com a ação, o São Paulo terá um prazo maior para arcar com a dívida, já que, na prática, postergou o pagamento para 2028. Dessa forma, o clube não se tornará mais refém dos altos juros cobrados pelos bancos e terá mais liberdade financeira no curto e médio prazo.
O São Paulo toma uma iniciativa inédita no futebol brasileiro e novamente se posiciona como clube protagonista ao aprovar o FIDC, que certamente será muito importante para a futura reestruturação financeira do clube.
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