Estudo de caso: conheça a história da transformação do clube de bragança paulista em Red Bull Bragantino, vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2021.
O que parecia ser apenas mais uma especulação do mercado esportivo, ganha forma em 23 de abril de 2019, quando a empresa austríaca de energéticos Red Bull firma parceira com o clube de Bragança Paulista, cidade de São Paulo com localização privilegiada, entre a capital do Estado e os Estados de Minas Gerais e Goiás. Além de ser considerada a 10ª cidade mais segura para se viver no País, segundo o Atlas da Violência, o município que já tinha torcedores apaixonados pelo Clube Atlético Bragantino, hoje vive as alegrias dadas pelo Red Bull Bragantino (nome dado ao Clube após a parceria) com as boas atuações nos campeonatos disputados desde 2019.
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Para compreender melhor as negociações é preciso lembrar que, antes da parceira, o Red Bull já almejava novos patamares no futebol brasileiro. Foi com o RB Brasil, em 2007, que a empresa austríaca deu o pontapé inicial. Apesar das boas atuações, como o acesso para a divisão A1 do Paulistão em 2015, o “Toro Loko” — como era conhecido — não encantava torcedores, amargando apenas a 4ª divisão do Campeonato Brasileiro. Com isso, a companhia iniciou as suas buscas por um time que estivesse, ao menos, disputando a Série B do Brasileirão. Foi então que as conversas começaram entre a Red Bull e o Clube Atlético Bragantino. As negociações caminharam bem e a parceria foi firmada, inicialmente, em um investimento de R$45 milhões.
A parceria entre a empresa austríaca Red Bull e o Bragantino foi oficialmente apresentada em 23 de abril de 2019. Desde então, o clube passou por grandes modificações, como mudança de nome, escudo, e investimentos milionários. Após a oficialização do acordo, praticamente todo o elenco do RB Brasil foi transferido para o Bragantino. Em contrapartida, apenas quatro jogadores que defenderam o Massa Bruta no Paulistão de 2019 continuaram no clube.
A primeira competição oficial da parceria foi o Campeonato da Série B, disputado em 2019. Sem tempo para mudanças, o time iniciou o campeonato como Clube Atlético Bragantino. O contrato, porém, já previa mudanças que seriam feitas a partir do início de 2020. Foi então que, no dia 1º de janeiro, o clube passou oficialmente a ser chamado de Red Bull Bragantino.
Para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série B de 2019, foram implementados incentivos financeiros e contratados alguns reforços. Naquele ano, o time conquistou a Série B com muita facilidade — a uma vantagem de pontos quase recorde —, o que gerou um bônus de 225 mil reais por atleta. Era previsto um pagamento de 3 mil reais por ponto conquistado no campeonato. O acesso criou grandes expectativas e especulações sobre como seria o desempenho do time na principal divisão do país.
Desde que a Red Bull chegou em Bragança Paulista, a formação de uma equipe competitiva foi o grande desafio da nova diretoria. Com a ajuda da comissão técnica, a maioria dos investimentos vem trazendo um resultado positivo para o clube. Foram mais de 100 milhões investidos em diversos jogadores. Segue a lista de alguns deles.
Grande parte dos atletas têm trazido resultados financeiros interessantes para o clube. É perceptível que o Red Bull Bragantino não opta por contratar grandes estrelas (pelo menos por enquanto) do futebol brasileiro ou mundial, mas por atletas com ótimo custo benefício no mercado. Isso é fruto de um grande trabalho de integração entre analistas de desempenho, comissão técnica e diretoria do clube.
Em apenas dois anos da nova gestão, o RB Bragantino já conquistou o título da Série B do Brasileirão, voltou a divisão principal e retornou para uma competição internacional após 25 anos. Após vencer o Libertad do Uruguai por 3×1 fora de casa, o clube garantiu uma vaga na final da Copa Sul-Americana 2021, sendo a primeira decisão internacional disputada pelo clube. O RB Bragantino foi vice-campeão da Sul-Americana, derrotado pelo Athlético-PR, por 1 a 0.
O meia Claudinho chegou ao Red Bull Brasil em 2019, antes da compra do time de Bragança Paulista pela multinacional austríaca, e já havia atuado pelo clube em 2016, por empréstimo do Corinthians. Com a parceria, ele se manteve no Massa Bruta, mas agora como jogador do Red Bull Bragantino.
O retorno ao Red Bull alavancou sua carreira. Logo na primeira temporada, conquistou a Série B do Campeonato Brasileiro de 2019. Além do título e do acesso para a Série A do Brasileirão 2020, a equipe apresentou uma boa campanha, o que rendeu ao Claudinho o troféu de craque da competição.
Artilheiro da equipe com 12 gols na temporada e boas atuações, o meia recebeu propostas da China e da Arábia Saudita, além de sondagens de equipes de Portugal, Espanha e Rússia, o que motivou a negociação para ampliar o contrato do jogador até o final de 2024, com aumento salarial e multa rescisória elevada. O valor de mercado de Claudinho, em janeiro de 2021, segundo o Transfermarket, era de aproximadamente R$ 6,5 milhões. Vale destacar que, para obter 100% dos direitos do jogador, o Red Bull Bragantino pagou cerca de R$1 milhão para a Ponte Preta por 50% do atleta e em torno de R$ 1,5 milhão para o Corinthians pelos outros 50%.
Aos 24 anos, Claudinho foi convocado pela primeira vez para a Seleção Olímpica. O jogador estreou com a camisa 10 contra a seleção do Cabo Verde, um amistoso preparatório para as Olimpíadas. Em Tóquio, o meia foi titular em todos os jogos da campanha da conquista do bicampeonato olímpico pelo Brasil. Além do título, o jogador se consagrou como o primeiro campeão olímpico da história do Red Bull Bragantino.
Após inúmeras especulações, o jogador foi vendido para o Zenit da Rússia, em agosto de 2021. Para contar com o craque, o clube russo precisou desembolsar cerca de 15 milhões de euros (certa de R$ 92 milhões), sendo a negociação mais cara da história do Clube Paulista. Medalhista de ouro nos Jogos de Tóquio, Claudinho foi convocado para disputar as eliminatórias da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira.
A Red Bull trabalha com clubes de 4 países, sendo eles, Áustria, Alemanha, Estados Unidos e Brasil. Com equipes profissionais, tanto masculino, quanto feminino, categorias de base e programas de desenvolvimento para crianças.
Clube | País | Categorias | Equipe B |
Red Bull Salzburg | Áustria | Masculino, Sub-19 | FC Liefering |
Red Bull Leipzig | Alemanha | Masculino e Feminino, Sub-19, Sub-17 e eSports | |
Red Bull New York | Estados Unidos | Masculino, Sub-17, Sub-15, Sub-14, Sub-13 e Sub-12 | Red Bull New York II |
Red Bull Bragantino | Brasil | Masculino e Feminino, Sub-20, Sub-17, Sub-15 e iniciação esportiva do Sub-8 ao Sub-13 | Red Bull Brasil |
Mauricio Chedid, presidente do Bragantino até a fusão, se tornou presidente de honra após a Red Bull assumir 100% da gestão do clube. O CEO do clube é Thiago Scuro. A organização ainda conta com profissionais de ponta em sua comissão técnica. Vale destacar dois deles: o Treinador, Maurício Barbieri, visto por muitos como um profissional visionário em sua função; e o Coordenador Técnico, Sandro Orlandelli, que já teve longas passagens por grandes clubes da Europa, como o Arsenal e Manchester United.
De fato, sabemos que o acordo entre a empresa e o clube é bem amplo. Temos certeza de uma coisa: “Todas as decisões desportivas do Red Bull Bragantino pertencem à Red Bull” — Thiago Scuro, CEO Red Bull Bragantino, para Kritike Podcast.
O Red Bull Bragantino mudou o mercado do futebol brasileiro. O clube empresa, tão conhecido na Europa, pode ser explorado em terras nacionais.
Como um dos mais tradicionais clubes do interior paulista, a equipe, mesmo após anos de crises e rebaixamentos, agora possui um dos mais caros e melhores elencos do país, além de uma estrutura muito acima da média.
Os objetivos da empresa austríaca têm sido alcançados. Os seus times no exterior fazem sucesso, como o Red Bull Leipzig, que em pouco mais de 10 anos já disputa o título da Bundesliga, principal campeonato alemão. E assim está sendo com o Red Bull Bragantino, que aparece entre os primeiros no Campeonato Brasileiro 2020, deixando gigantes do futebol nacional para trás, além de ser vice-campeão da Copa Sul-Americana.
Com os altos investimentos e bons rendimentos em competições importantes, a chegada de um novo modelo de negócio trouxe mudanças relevantes ao futebol brasileiro. Clubes, federações, e até forças políticas, estão começando a perceber que não existe uma única forma de financiar, não só um elenco, mas toda uma estrutura de um clube — como um CT de alto nível e um estádio organizado.
Créditos: Estruturação e coordenação por Bruno A. Matos
Faça o download do case completo do Red Bull Bragantino abaixo
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