O que falta para a Inter de Milão voltar a ser uma potência europeia?

Com o aporte bilionário de empresa norte-americana, os atuais campeões italianos desejam retomar às glórias do passado


Por Raphael Fernandes

1 de junho de 2024

Inter de Milão conquista o Campeonato Italiano (Créditos: Image Photo Agency)

O mês de maio tem sido muito agitado para a Inter de Milão. Pouco tempo após conquistar o Scudetto pela 20ª vez em sua história, a equipe italiana enfrentou uma grande mudança no departamento de futebol na semana passada (22). Após sofrer um calote de 400 milhões de euros da empresa chinesa Suning, o fundo de investimento Oaktree Capital Management assumiu o controle dos Nerazzurri.

Em um comunicado à imprensa, a Oaktree revelou que fez um empréstimo aos chineses durante a temporada 2020/21 para estabilizar a situação financeira da Inter de Milão. Na época, o clube encontrava dificuldades para pagar a folha salarial do elenco e dos funcionários devido à pandemia de COVID-19. Com o passar do tempo, os chineses não quitaram o valor, transferindo assim o controle do clube para os norte-americanos.

Sob o comando de Steven Zhang desde 2016, a Inter de Milão conquistou sete títulos, incluindo duas Série A e três Supercopas da Itália. Durante esse período, os Nerazzurri também chegaram às finais da Liga dos Campeões e da Liga Europa, mesmo com um investimento bem abaixo de seus adversários britânicos, espanhóis e alemães.

“Estamos comprometidos com o sucesso a longo prazo dos Nerazzurri. Acreditamos que nossas ambições para o clube estão alinhadas com as de seus fãs apaixonados na Itália e ao redor do mundo”, disse Alejandro Cano, diretor administrativo e co-diretor da estratégia de oportunidades globais da Oaktree.

Por enquanto, o foco inicial dos norte-americanos é a estabilidade financeira e operacional do clube italiano. Fundada em 1995, a Oaktree é uma das maiores gestoras de ativos de risco e de crédito do mundo. Presente em 14 cidades e 19 países, a empresa conta com cerca de 183 bilhões de dólares sob sua gestão. Mas a pergunta que fica no ar é: quanto desse valor será investido na Inter de Milão? Será que o clube italiano vai ao mercado em busca de reforços ou os empresários seguirão os passos de seus conterrâneos e manterão a cautela?

Transformar a Inter de Milão em uma potência europeia vai muito além de um simples investimento. 

Lautaro Martínez lamentando uma chance perdida pela Inter de Milão
A última vez que a Série A enfrentou dificuldades financeiras tão terríveis foi na temporada 2003/04 (Imagem: UEFA)

Seis outros clubes da Série A também têm proprietários norte-americanos: Milan, Atalanta, Fiorentina, Roma, Genoa e o recém-promovido Parma. No entanto, a Série A continua muito atrás não apenas da Premier League em termos de receita total, mas também da LaLiga da Espanha e da Bundesliga da Alemanha. Apesar do investimento crescente no futebol italiano por entidades americanas, a Série A em 2022 registrou sua pior perda financeira coletiva em 15 anos.

“Há uma grande diferença entre a Série A e as outras ligas. É tudo sobre o orçamento, a economia. A Itália precisa de algo mais, eles precisam de algo novo”, afirma Zlatan Ibrahimovic, ex-astro da Inter de Milão.

De acordo com o Football Benchmark, Fiorentina e Monza são os únicos times da Série A que apresentam balanços isentos de dívidas com os bancos, em grande parte devido ao apoio substancial de seus respectivos proprietários. Entre os gigantes, Napoli, Milan e Atalanta surgem como os menos endividados, enquanto Juventus, Roma e Inter encontram-se sobrecarregados com as maiores perdas, totalizando 312 milhões de euros em conjunto.

Então, mesmo que seja uma boa notícia ter um investidor bilionário por trás dos Nerazzurri, muitas coisas precisam mudar na Itália para que algum time se torne uma potência europeia. E para entender mais sobre a crise do futebol italiano, leia aqui.