O mundo do esporte muitas vezes carrega, assim como várias outras áreas carregam, o gap da desigualdade de gênero. Vemos constantemente esportes, como o futebol, terem diferenças salariais exorbitantes entre seus atletas masculinos e femininos. Até mesmo nos Estados Unidos, onde a seleção feminina domina o cenário mundial e a masculina sequer se classifica todo ano à Copa do Mundo, vemos as atletas lutando por maior igualdade.
Por outro lado, alguns esportes tem voltado seus olhares para a questão e hoje fomentam a igualdade de gênero, como o surf. Em 2019, a World Surf League (WSL), principal organização dentro do esporte, estabeleceu o pagamento de prêmios idênticos para seus atletas masculinos e femininos. Desde então, a liga mantém e promete continuar mantendo essa equidade.
No entanto, nada se compara aos Jogos Olímpicos. De quatro em quatro anos, por duas semanas, milhões de olhares ao redor de todo o mundo são voltados às Olimpíadas. Diferentemente de outras competições, homens e mulheres competem nos mesmos eventos e modalidades por medalhas igualmente importantes. A estrutura dos Jogos serve como plataforma representativa para igualdade de gênero desde sua raíz, além de ser a conquista esportiva máxima, todos passam pelo mesmo processo de classificação e competem nas mesmas instalações. Ainda mais, talvez a maior diferença de todas esteja na “não-diferenciação” entre os gêneros por parte dos patrocinadores.
Mídia, redes sociais e patrocínios
A cobertura midiática equilibrada durante o evento é outro diferencial. Um estudo da Nielsen Sports relatou um volume de cobertura de esportes femininos na Europa de apenas 2% até no máximo 12%, em momentos de pico. Nas Olimpíadas há quase que uma necessidade de se ter uma cobertura equilibrada, uma vez que o interesse pelas modalidades masculina e feminina são quase iguais, com 48% e 45% de interesse, respectivamente.
Dado o cenário de forte cobertura do esporte feminino durante as Olimpíadas, esse período é uma oportunidade enorme para que as atletas ganhem reconhecimento pelo mundo. É nesse momento que marcas e patrocinadores entram em cena para terem uma parte nessa oportunidade. Segundo a Nielsen Sports, as atletas favoritas às medalhas com maior número de seguidores nas redes sociais tem publicado o dobro de posts patrocinados em relação ao ano passado. Como resultado, viram um aumento de 83% no engajamento com os parceiros desses posts. Do outro lado da moeda, os top-15 medalhistas masculinos previstos também postaram mais, mas o engajamento nesses posts e, consequentemente, a quantidade de parceiros, tem caído.
Outras formas crescentes de parcerias entre mulheres atletas e marcas, de acordo com a Nielsen Sports, tem sido os comerciais. Entre 2017 e 2020, esse tipo de patrocínio cresceu em 31%, com o valor de cada negócio sendo 65% maior. Mais do que isso, em comparação à Europa como um todo, que cresceu os acordos de comerciais em apenas 10% entre 2017 e 2019, e depois caiu 23% em 2020 (por conta do COVID-19), as mulheres tem ido contra a tendência continental negativa.
Conclusão
No geral, as Olimpíadas proporcionam um cenário igualitário dentro do mundo esportivo. O evento permite que mulheres tenham a oportunidades de competir à frente de um palco global, por um período de duas semanas, com a atenção da mídia, de organizações esportivas, patrocinadores e espectadores devidamente voltada a elas.
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