LIV Golf: controverso torneio saudita tenta popularizar modalidade

Patrocinado pelo governo da Arábia Saudia, o LIV Golf Series está atraindo golfistas badalados e promovendo um torneio inovador


Por Guilherme Calafate

25 de setembro de 2022

LIV Golf: controverso torneio saudita tenta popularizar modalidade LIV Golf: controverso torneio saudita tenta popularizar modalidade

Em busca de um lugar no cenário dos esportes profissionais, o LIV Golf Series está tentando chamar atenção para os campeonatos de golfe, ao promover torneios de forma nunca antes vista e atrair alguns dos atletas mais badalados do PGA Tour, que domina a modalidade há quase um século. Porém, o fato de o LIV Golf ser patrocinado pelo governo da Arábia Saudita está atraindo controvérsia e provocando rejeição por uma parte dos golfistas profissionais e do público.

Além de atrair grandes atletas do golfe mundial para disputar o torneio, como Ian Poulter, Dustin Johnson e Henrik Stenson, os eventos do LIV Golf apresentam pontos turísticos incomuns para a modalidade, como apresentações performáticas e shows de artistas badalados, entre outras atrações destinadas a atrair um público maior. “Não é como um evento de golfe clássico, e não pretende ser”, declarou o presidente do LIV Golf, Atul Khosla. “Só porque foi tocado de uma maneira específica por um período de tempo, não significa que essa seja a única maneira de fazê-lo.”

Com a estratégia inovadora, o LIV Gold atraiu cerca de 166 mil espectadores para a transmissão pelo YouTube da disputa do playoff do LIV Golf Invitational Boston, realizado em Bolton, Massachusetts, no início de setembro. Além disso, cada um dos quatro primeiros torneios do LIV teve uma média de pouco mais de 25 mil fãs por evento, de acordo com dados divulgados pela liga.

Ano de testes para o LIV Golf

De acordo com a organização do torneio, o objetivo da liga nesta temporada, que começou no Centurion Club de Londres, em junho, e terminará no Trump National Doral Miami, em outubro, era reunir o máximo possível de talentos do golfe e exibi-lo como um produto esportivo viável. “Nós olhamos para este ano como aquele ‘ ano beta ‘ onde iríamos aprender, testar e aprender novamente”, declarou Khosla. “Precisávamos lançar o produto – porque era drasticamente diferente do que veio antes – para que todos pudessem tocá-lo, senti-lo e vê-lo”.

O que os espectadores e a mídia viram em Bolton, Massachusetts, foi certamente diferente de um tradicional evento de golfe profissional. O torneio do LIV Golf começou com uma largada shotgun – cada grupo de golfistas começa em um buraco diferente e dá a tacada ao mesmo tempo. Embora possa parecer confusa, a estratégia pretende condensar um torneio de golfe, que, tradicionalmente, tem oito ou nove horas, em um evento de quatro ou cinco horas, para torna-lo mais atrativo para o público.

Controvérsia por trás dos investimentos milionários

Os feitos do LIV Golf em tão curto período de tempo são resultados dos recursos virtualmente ilimitados proporcionados pelo patrocínio do Fundo de Investimento Público do governo da Arábia Saudita, um dos maiores fundos soberanos do mundo, com US$ 620 bilhões em ativos sob gestão. O LIV lançou a sua temporada de 2022 com mais de US$ 400 milhões em capital inicial, além de já ter anunciado, em maio, outro investimento de US$ 2 bilhões, que será usado para financiar temporadas futuras.

Oferecendo a maior premiação da história do golfe profissional, o LIV Golf desembolsará um valor total de US$ 50 milhões para os competidores do controverso campeonato de equipes no Trump National Doral Golf Club, de 27 a 30 de outubro, que encerra a temporada inaugural. Na disputa, 12 equipes de quatro golfistas vão competir por um prêmio de US$ 16 milhões para o primeiro lugar. Já os competidores que terminarem em segundo lugar dividirão um prêmio de US$ 10 milhões, enquanto os grupos em terceiro e quarto lugar receberão, respectivamente, US$ 8 milhões e US$ 4 milhões.

Devido ao histórico de violações de direitos humanos e violência contra jornalistas do governo da Arábia Saudita, a fonte das finanças do LIV revoltou atletas e parte do público, provocando rejeições e protestos públicos e privados. O notório golfista Tiger Woods, por exemplo, recusou uma oferta de 600 milhões de libras para participar do torneio. “Eu discordo daqueles que foram para o LIV, acho que eles viraram as costas para o que lhes permitiu chegar a essa posição. O que esses jogadores estão fazendo por dinheiro garantido, qual é o incentivo para praticar? Qual é o incentivo para ir lá e ganhá-lo no campo?”, declarou o astro da modalidade.