A constante mudança no mercado do futebol brasileiro nas últimas décadas tem chamado a atenção de todos que gostam do esporte. Um dos focos atuais dos clubes está voltado para os jogadores estrangeiros. Nos últimos anos, o Brasil tem sido um porto seguro para atletas de diversas nacionalidades, especialmente os sul-americanos. Por isso, preparamos um artigo com o raio-x da presença dos gringos em nosso futebol.
Navegue pelo conteúdo:
- O Brasil antes do êxodo de jogadores
- O mercado do futebol hoje
- Aposta nos gringos
- País do futebol?
- Limite de estrangeiros no futebol brasileiro
- Estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro
- Principais desafios dos clubes e dos atletas de fora
- Estrangeiros protagonistas e vitoriosos
- Performances dos estrangeiros
- Investimento em atletas estrangeiros que disputaram o Brasileirão de 2021
- Vale a pena contratar um jogador estrangeiro?
O Brasil antes do êxodo de jogadores
Antigamente, o Brasil era visto como um dos grandes centros do futebol mundial. A maioria dos jogadores convocados para a Seleção Brasileira atuava em clubes locais e o país era “a Europa de hoje”. Não no sentido de que os jogadores de lá queriam vir jogar aqui. Mas quem jogava no Brasil, preferia permanecer por aqui. É claro que o fato de nossa moeda valer mais na época ajudava, mas não era só isso.
No último título da Seleção Brasileira em Copas do Mundo, em 2002, dos 23 convocados, 13 atuavam no Brasil. Já na Copa de 2018, a última que disputamos, apenas 3 jogavam em solo nacional. O futebol brasileiro “parou no tempo”, o que fez com que ele ficasse menos atraente.
+ Leia também:
– Os atacantes no futebol brasileiro: história, estatísticas e análises
O mercado do futebol hoje
Com a globalização e diversas razões que envolvem o futebol, vimos uma “inversão de valores”, que tomou conta do mercado brasileiro nos últimos anos. Os jovens de hoje têm o sonho de jogar na Europa e estão indo para lá cada vez mais cedo.
“Eu acho que é uma escada, não é? A Europa enxerga a gente como potencial para se pegar o jogador e para trabalhar. É assim que eles enxergam o Brasil. Por isso que, cada vez mais, eles estão buscando jogadores de menos idade. Porque eles querem fazer o que a gente faz com os outros, que é buscar o jogador numa idade menor, para trabalhar ele, para colocar ele pra jogar e para depois render. É uma cadeia, é um processo.”, comentou Francesco Barletta, coordenador geral das categorias de base do Grêmio, sobre a ida de jogadores muito novos ao velho continente.
Segundo Barletta, o fato de o mundo estar muito conectado e a facilidade de translado ajuda muito e dá mais confiança.
“Porque trazer um estrangeiro há quinze anos, quando não se tinha uma estrutura tão forte, era muito complicado”, completou o coordenador do Grêmio.
Aposta nos jogadores estrangeiros
Por isso, clubes brasileiros começaram a olhar com bons olhos para atletas dos países vizinhos. Devido ao poderio financeiro, uma vitrine de exposição maior jogando no Brasil, competitividade maior dos campeonatos, entre outros fatores, a chegada de jogadores estrangeiros, muitas vezes jovens, está cada vez mais presente no mercado do futebol brasileiro.
Depois da contratação de um atleta, é muito comum ver os torcedores ficarem eufóricos e ansiosos esperando a sua apresentação em campo. Ainda assim, quando o atleta fala outro idioma, o entusiasmo parece ser ainda maior. Muitas vezes isso ocorre mesmo sem saberem, de fato, quem é aquele jogador que vai atuar pelo seu clube.
“Nós temos uma visibilidade na América do Sul muito boa. E acho que os atletas enxergam a questão da visibilidade e também a questão da estrutura. O fato deles virem para uma estrutura que revela bons atletas. E eu acho que os próprios representantes têm essa intenção também. Mas eu acho que para toda América do Sul, todo jogador visa o mercado do exterior. Então, acho que faz parte vir pra cá, buscar esse desafio, sabendo que o jogador aqui, pela questão da liga ser mais forte, vale mais”, diz Barletta.
Rodrigo Caetano, diretor de futebol do Atlético-MG, resume genericamente a posição do Brasil:
“É claro, por conta da nossa economia ser uma das melhores do continente.”, diz Caetano.
Barletta concorda com o diretor do Galo. E aprofunda:
“Eu acho que além da situação econômica, é a situação do nível de exposição, e das competições. Da exposição dos jogos de base. Hoje, todos os jogos do Brasileiro sub-20 são televisionados. Todos os jogos do Aspirantes são televisionados. Todos os jogos do sub-17. Então, isso ajuda para que todo mundo tenha essa intenção de vir para cá”, afirma o coordenador gremista.
País do futebol?
Por sermos o único país pentacampeão mundial, muita gente ainda fala que o Brasil é o país do futebol. Aqui temos o talento do atleta somado à alegria de jogar bola. Então, por que contratamos jogadores estrangeiros? No caso do Grêmio, a busca fora do país tem a ver com as dificuldades de encontrar alguns perfis por aqui.
“A gente não trabalha só com um perfil de jogador. A gente trabalha com uma gama grande de atletas, de características diferentes, e a gente busca fora o que a gente não tem aqui no Brasil. Por isso a gente traz de fora”, explica Barletta.
De acordo com o coordenador do Grêmio, jogadores com estatura alta e ao mesmo tempo rápidos é uma coisa mais difícil de encontrar no Brasil.
“Jogadores estrangeiros atendem a uma questão física muito forte. Isso é o que a gente nota nos atletas de fora. Características pontuais de posições, como o meia de centro. Têm países que jogam com essa função, então têm atletas com essas características, que são mais difíceis de encontrar aqui. Buscamos sempre esse perfil que foge um pouquinho. Um centroavante de referência, que aqui se tem muito menos. Fora se encontra mais pela característica de jogo. Então são coisas que a gente procura. Essas diferenças de características que aqui não tem tanto e fora você encontra um pouquinho mais. É como o europeu que busca o driblador, vamos dizer assim”, compara Barletta
Rodrigo Caetano também reconhece o pensamento de que alguns países formam mais atletas para determinadas posições, e isso pode pautar a busca de clubes brasileiros na hora de contratar.
Na visão do diretor atleticano, paraguaios formam mais defensores, argentinos mais meio-campistas e colombianos mais atacantes, por exemplo.
Limite de jogadores estrangeiros no futebol brasileiro
Em virtude do movimento econômico citado até aqui, e de outros fatores ligados ao futebol brasileiro, a CBF, em 2013, acatou o pedido de aumentar o número de estrangeiros relacionados por partida em suas competições, de três para cinco atletas.
Não há um limite de estrangeiros para se ter no elenco, mas uma quantidade máxima de jogadores de fora do país, por jogo. Ou seja, caso um time tenha mais de cinco atletas estrangeiros no seu plantel, ele terá que cortar da relação da partida um ou mais jogadores.
A atual medida traz opiniões divididas, como grande parte das discussões de futebol.
“Eu acho certo. Eu acho que o estrangeiro é uma possibilidade. É isso que eu acredito. Eu acho que tem que limitar mesmo. Tem que limitar porque a gente não pode deixar de formar jogadores brasileiros. Não pode ser uma concorrência. Eles vêm para agregar. Não é para tomar conta, mas é para agregar. Agregar possibilidades ao nosso jogo que, a gente, infelizmente, com o tempo, acabou perdendo”, diz Francesco Barletta, em relação à regra.
Rodrigo Caetano, por outro lado, tem a visão de que “devemos nos aproximar de ligas europeias, mais liberais”, e entende que a regra pode ser revista no futuro.
Jogadores estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro
Inúmeros jogadores internacionais já pisaram nos gramados dos clubes brasileiros. Para algumas gerações mais antigas, diversos nomes podem vir à cabeça, como:
- Pedro Rocha;
- Dario Pereyra;
- Romerito;
- Doval;
- Figueroa;
- De León.
Para outras um pouco mais novas, as lembranças são de nomes como:
- Gamarra;
- Tévez;
- Rincón;
- Petkovic;
- Lugano;
- Montillo;
- Deco;
- Seedorf;
- Conca;
- D’Alessandro;
- Valdívia.
No entanto, a grande maioria dos jogadores estrangeiros, caem no nosso esquecimento. Por efeito da enorme quantidade de atletas de foram que atuam no futebol brasileiro, é muito mais fácil lembrar daqueles que mais se destacaram.
Como pode-se imaginar, o número de estrangeiros é alto, mas talvez seja maior do que o senso comum. De acordo com os dados do Transfermarket, são 90 jogadores de fora do Brasil, ou de dupla nacionalidade, que atuaram no Campeonato Brasileiro de 2023. Nos últimos 8 anos, este número se manteve muito próximo, com um aumento expressivo somente na atual temporada.
Ano | Total | Argentinos | Colombianos | Paraguaios | Uruguaios | Outros |
2016 | 79 | 27 | 12 | 7 | 6 | 27 |
2017 | 77 | 23 | 15 | 6 | 4 | 29 |
2018 | 78 | 23 | 13 | 12 | 9 | 21 |
2019 | 76 | 19 | 17 | 11 | 10 | 19 |
2020 | 84 | 21 | 17 | 7 | 10 | 29 |
2021 | 75 | 17 | 18 | 9 | 11 | 20 |
2022 | 90 | 24 | 11 | 11 | 17 | 27 |
2023 | 91 | 31 | 11 | 8 | 22 | 19 |
Dados: Transfermarket
Em um recorte maior ainda, de 2001 até 2021 foram mais de 450 atletas estrangeiros, contando os com dupla nacionalidade, de quase 40 países diferentes, que disputaram o Campeonato Brasileiro até 2021.
No final das contas, o que importa, de verdade, é o desempenho do jogador dentro de campo. Mas e fora dos gramados? O futebol é muito dinâmico e, inúmeras vezes, a questão da adaptação é deixada de lado. É importante entender todo o contexto por trás das atuações dentro das 4 linhas, como: idioma, família, clima, alimentação, físico, carga de trabalho, esquema tático, entre outros. E, muitas vezes, é por isso que uma contratação de um jogador de fora demora a vingar ou não dá certo. As vezes, um fator que não damos muito valor, é muito importante para outros.
Principais desafios dos clubes e dos jogadores estrangeiros
A questão da adaptação, por sinal, é um dos maiores desafios a serem resolvidos por parte dos clubes e dos jogadores que vêm de fora.
Para Rodrigo Caetano, a adaptação à cultura do Brasil é o principal, e isso varia de país para país. O jogador argentino tem costumes diferentes do colombiano, que tem costumes diferentes dos paraguaios, e assim por diante. Qualquer fator pode interferir na adaptação.
Barletta concorda que o processo de adaptação é o mais difícil e ressalta o fato da língua portuguesa ser diferente de todo o resto do continente:
“Existe um processo de adaptação de língua. E a gente mora num país, que é o único país, que quando vem um estrangeiro pra cá, tentamos falar a língua dele, e não o contrário. E por vezes isso pode ser até um pouco prejudicial porque você acaba trazendo um pouquinho mais de conforto da situação pro atleta e ele acaba não aprendendo a tua língua. Então, têm detalhezinhos que fazem toda a diferença. E esse processo de adaptação, para mim, é o mais decisivo”, diz Barletta.
O coordenador da base gremista ainda complementa, dizendo que o principal da adaptação é fora do campo, e que mesmo que não pareça, o Brasil é muito profissional nesse aspecto.
“O campo responde à uma parte da adaptação, mas é fora dele que está o grande diferencial. Apesar de parecer que não, o brasileiro tem muitos cuidados. O profissionalismo do brasileiro é enorme. O envolvimento que a gente tem aqui de profissionais das outras áreas é gigantesco, e nos outros países não é assim. Então, muitas vezes chega a assustar um pouco, porque tem a abordagem do nutricionista, uma psicóloga, abordagem do preparado físico, do fisiologista, que são coisas que eles não estão acostumados. Por isso que você tem que ter, também, pessoas preparadas para fazer essa adaptação de uma maneira mais tranquila, para não chegar e descarregar um monte de coisa. Questão dos horários, de treinamento, horários pós-treino, horários do turno inverso. Questão financeira, bancária, completamente diferente. Isso tudo tem que ser muito bem explicado. São coisas desse tipo. O campo é uma parte da adaptação, mas fora dele está o grande “porém”, para que o atleta tenha uma boa vivência”, afirmou o coordenador do Grêmio.
Estrangeiros protagonistas e vitoriosos
Nos últimos 7 anos, todos os times campeões brasileiros tinham pelo menos um jogador estrangeiro titular e protagonista na conquista.
Estrangeiros nos elencos dos últimos campeões brasileiros*:
- Palmeiras (2022) – Gustavo Gómez, Piquerez, José López, Eduard Atuesta e Richard Rios
- Atlético-MG (2021) – Júnior Alonso, Zaracho, Nacho Fernández (Vargas e Savarino)
- Flamengo (2020) – Arrascaeta e Isla
- Flamengo (2019) – Arrascaeta e Pablo Marí
- Palmeiras (2018) – Gustavo Gómez (Guerra e Borja)
- Corinthians (2017) – Romero (Kazim)
- Palmeiras (2016) – Mina, Lucas Barrios (Allione, Mouche e Cristaldo)
* Entre parêntesis estão os jogadores reservas
Mesmo assim, não são muitos jogadores estrangeiros com títulos de Campeonato Brasileiro no currículo. Não há, até o momento, nenhum atleta de outra nacionalidade tricampeão brasileiro. Sendo que são 8 os bicampeões.
Jogadores estrangeiros bicampeões brasileiros:
- Gustavo Gómez (2018-2022)
- Arrascaeta (2019-2020)
- Maldonado (2003-2009)
- Rincon (1998-1999)
- Romero (2015-2017)
- Figueroa (1975-1976)
- Darío Pereyra (1977-1986)
- Valência (2010-2012)
Performances dos estrangeiros
Como uma forma de avaliar os jogadores estrangeiros mais importantes no Brasil nas últimas 7 temporadas de Brasileirão, buscamos como critério as estatísticas de participações diretas para gols no Campeonato Brasileiro, entre 2016 e 2022;
Veja abaixo os números:
Gols
Ano | Jogador | Time | Gols | Ranking (Geral) |
2023 | Calleri | São Paulo | 6 | 4º |
S. Mendoza | Santos | 5 | 5º | |
Germán Cano | Fluminense | 5 | 5º | |
Cristaldo | Grêmio | 4 | 6º | |
Luis Suárez | Grêmio | 4 | 6º | |
2022 | Germán Cano | Fluminense | 26 | 1º |
Calleri | São Paulo | 18 | 3º | |
Terans | Athletico-PR | 11 | 7º | |
S. Mendoza | Ceará | 10 | 8º | |
Gustavo Gómez | Palmeiras | 9 | 9º | |
2021 | Zaracho | Atlético-MG | 7 | 10º |
Rodallega | Bahia | 6 | 11º | |
Terans | Athletico-PR | 6 | 11º | |
2020 | Germán Cano | Vasco | 14 | 3º |
2019 | Arrascaeta | Flamengo | 13 | 4º |
Carlos Sánchez | Santos | 12 | 5º | |
Soteldo | Santos | 9 | 8º | |
2018 | Nico López | Internacional | 11 | 4º |
Cazares | Atlético-MG | 8 | 7º | |
2017 | Tréllez | Vitória | 10 | 6º |
Otero | Atlético-MG | 8 | 8º | |
S. Mendoza | Bahia | 8 | 8º | |
2016 | Copete | Santos | 10 | 5º |
Arrascaeta | Cruzeiro | 9 | 6º | |
Chávez | São Paulo | 9 | 6º | |
Guerrero | Flamengo | 9 | 6º |
Assistências
Ano | Jogador | Time | Assistências | Ranking (Geral) |
2023 | Arrascaeta | Flamengo | 5 | 2º |
Christian Pavón | Atlético-MG | 4 | 3º | |
Luis Suárez | Grêmio | 3 | 4º | |
Piquerez | Palmeiras | 3 | 4º | |
Jhon Arias | Fluminense | 3 | 4º | |
Leonel Di Plácido | Botafogo | 3 | 4º | |
Emmanuel Martínez | América-MG | 3 | 4º | |
Pablo Ceppelini | Cuiabá | 3 | 4º | |
2022 | Arrascaeta | Flamengo | 10 | 2º |
Jhon Arias | Fluminense | 10 | 2º | |
Carlos de Pena | Internacional | 6 | 5º | |
Nacho Fernández | Atlético-MG | 5 | 6º | |
2021 | Terans | Athletico-PR | 7 | 3º |
Arrascaeta | Flamengo | 6 | 4º | |
Cuesta | Internacional | 5 | 5º | |
Nacho Fernández | Atlético-MG | 5 | 5º | |
Rigoni | São Paulo | 5 | 5º | |
2020 | Arrascaeta | Flamengo | 9 | 1º |
Savarino | Atlético-MG | 6 | 3º | |
Chico | Atlético-GO | 6 | 3º | |
Cazares | Corinthians | 5 | 4º | |
Isla | Flamengo | 5 | 4º | |
Soteldo | Santos | 5 | 4º | |
2019 | Arrascaeta | Flamengo | 14 | 1º |
Carlos Sánchez | Santos | 9 | 3º | |
Soteldo | Santos | 5 | 7º | |
2018 | Y. Chará | Atlético-MG | 7 | 2º |
Arrascaeta | Cruzeiro | 6 | 3º | |
Cazares | Atlético-MG | 6 | 3º | |
Leo Valencia | Botafogo | 6 | 3º | |
Nico López | Internacional | 6 | 3º | |
2017 | Allione | Bahia | 8 | 4º |
Cazares | Atlético-MG | 8 | 4º | |
Cueva | São Paulo | 7 | 5º | |
2016 | Arrascaeta | Cruzeiro | 9 | 2º |
Ángel Romero | Corinthians | 6 | 5º | |
Copete | Santos | 5 | 6º |
Dados: SofaScore
Participações diretas para gols na temporada 2021
Fazendo o recorte da última temporada e, claro, falando apenas de estrangeiros, temos os 10 jogadores que mais participaram de gols em 2021.
Jogador | Clube | Gols + Assistências | Minutos jogados | Minutos para participar de gol |
Arrascaeta | Flamengo | 23 | 2.482 | ± 107 |
Nacho Fernández | Atlético-MG | 21 | 3.885 | ± 185 |
Zaracho | Atlético-MG | 19 | 4.207 | ± 221 |
Terans | Athletico | 18 | 2.928 | ± 162 |
Vargas | Atlético-MG | 17 | 2.252 | ± 132 |
Rigoni | São Paulo | 17 | 2.705 | ± 159 |
Savarino | Atlético-MG | 16 | 2.317 | ± 144 |
Abel Hernández | Fluminense | 11 | 1.355 | ± 123 |
Benítez | São Paulo | 10 | 1.807 | ± 180 |
Cuello | RB Bragantino | 10 | 3.236 | ± 323 |
Dados: SofaScore
Investimento em jogadores estrangeiros que disputaram o Campeonato Brasileiro 2021
Ano | Clube | Jogador | Valor (MM) | Tipo de transação | % de compra |
2019 | Flamengo | Arrascaeta | R$ 80,354 | Compra | 75% |
2020 | Atlético-MG | Zaracho | R$ 33 | Compra | 50% |
2021 | Atlético-MG | Nacho Fernández | R$ 32 | Compra | 100% |
2018/19 | Palmeiras | Gustavo Gómez | R$ 26,5 | Empréstimo + Compra | 100% |
2021 | Grêmio | Jaminton Campaz | R$ 21 | Compra | 100% |
2020 | Atlético-MG | Júnior Alonso | R$ 17,89 | Compra | 100% |
2021 | Grêmio | Mathias Villasanti | R$ 17,1 | Compra | 80% |
2017 | Internacional | Víctor Cuesta | R$ 12,2 | Compra | 100% |
2021 | São Paulo | Emiliano Rigoni | R$ 11,5 | Compra | 100% |
2020 | Atlético-MG | Jefferson Savarino | R$ 8,6 | Compra | 100% |
2021 | Athletico | David Terans | R$ 7,5 | Compra | 80% |
2020 | Atlético-MG | Eduardo Vargas | R$ 7,2 | Compra | 100% |
2021 | Grêmio | Miguel Borja | R$ 5,25 | Empréstimo | – |
2016 | Grêmio | Walter Kannemann | R$ 3,3 | Compra | 100% |
Valores aproximados e baseados na cotação da época
Relação Custo x Benefício
Normalmente, na hora de se avaliar uma possível contratação ou desempenho de um jogador, só se pensa no potencial que o jogador tem jogando futebol, em relação ao seu salário. As vezes, ainda incluímos o tempo de contrato na análise, mas quase sempre, questões extra-campo, citadas em diversos momentos no texto, são deixadas de lado.
Barletta entende que maior parte do custo vem de fazer com que o jogador estrangeiro entenda todo o novo processo:
“Eu acho que para o jogador estrangeiro, o maior custo dele é em relação a adaptação, que é uma coisa pessoal. É uma questão de hábitos diferentes, uma cultura diferente, uma alimentação diferente, maneira de se treinar diferente. É outra rotina. Não é nem financeiro, mas sim de fazer com que ele entenda o processo”, diz o coordenador gremista.
Fica ainda mais evidente a importância do suporte ao jogador estrangeiro fora de campo. Com a situação fora das quatro linhas sendo bem conduzida e resolvida, as chances do jogador estar focado “somente no campo e na bola” crescem exponencialmente. Assim, o custo-benefício do atleta poderá ser impulsionado.
Vale a pena contratar um jogador estrangeiro?
Com a globalização e a tecnologia atual, além do nível de formação de profissionais e a evolução do futebol como um todo, o acesso à informação ficou muito mais fácil, e a informação muito mais detalhada. Ainda, a integração entre diferentes áreas de um clube de futebol, fazem com que essa informação seja extraída da melhor maneira possível.
Mas apesar de todos esses dados, para um jogador ser escolhido como principal alvo, ele deve se diferenciar na sua principal característica.
“A principal avaliação é da característica. A partir do momento que a gente entender que a característica dele é diferenciada, que ela pode agregar, a gente traz. Aí começa o processo, que é o de adaptação”, diz Barletta
A adaptação é o grande “X da questão” para jogadores de fora, como já foi mencionado diversas vezes. Alguns meses são fundamentais para o jogador se sentir à vontade no novo ambiente. E, mesmo que o estrangeiro dê um retorno imediato no campo, não podemos afirmar que ele já está adaptado ao país e clube.
Segundo Barletta, “não dá pra gente afirmar isso. O que a gente fala aqui é seis meses, pro jogador de base. Seis meses é o ponto que a gente estima para adaptação”.
É claro que esse período não é exato. Inclusive, temos jogadores que hoje se destacam no futebol brasileiro, como Arrascaeta, que demoraram a engrenar, justamente por essa questão da adaptação.
Barletta reitera que seis meses são para adaptação, mas que até o jogador estar totalmente familiarizado com o novo ambiente, pode demorar mais:
“Então, é um trabalho que é muito longo. Ele é um processo a longo prazo. Um ano as vezes é muito pouco. Seis meses é pra se adaptar, mas mais de um ano pra ele se sentir pertencente a esse lugar”, afirma o coordenador do Grêmio.
Mesmo assim, é impossível dar a certeza de que o jogador vai dar certo ou não, mas o fato é que os clubes sempre se preparam. Em casos de frustração, não há muitas alternativas. Por isso, o erro deve ser minimizado no início do processo.
Rodrigo Caetano compartilha dessa ideia. É necessário se preparar antes da contratação, com dados, contrato, etc. Se depois disso, ainda houver um “revés”, é tentar renegociar o jogador por empréstimo ou venda, para reduzir o prejuízo.
Dito tudo isso, a resposta é sim.
Claro que vale a pena contratar um jogador estrangeiro, mas, como foi dito, é preciso ter um estudo prévio antes da contratação, como em qualquer caso, com embasamento para poder alavancar as qualidades do atleta e minimizar ao máximo o erro. E, no caso dos jogadores estrangeiros, uma boa dose de paciência. Durante o processo, a adaptação é um dos pontos chave para que o desempenho em campo seja o melhor possível. São detalhes mínimos, fora do campo, que vão fazer uma grande diferença lá na frente.
Créditos: estruturação e coordenação por Bruno A. Matos