O nome Jack Goldburg pode não significar muito para nós, brasileiros, mas tenho certeza que ele tem o melhor trabalho do mundo. Mais conhecido como Jack’s Dining Room, Goldburg faz parte de um exército crescente de vloggers de comida que escolhem a dedo – ou são convidados – para conhecer restaurantes em alta ou que se tornaram virais. Ele grava vídeos curtos avaliando o cardápio desses estabelecimentos para compartilhar com seus seguidores nas redes sociais.
Goldburg acumula 1,2 milhão de seguidores no TikTok e no Instagram, além de mais de 380 mil inscritos no YouTube. Sua base de fãs é tão fiel que ele lançou uma linha de camisetas e bonés. Esses seguidores acompanham Goldburg provando pratos famosos de restaurantes ao redor do mundo, e até explorando experiências gastronômicas em festivais.
Recentemente, Goldburg compartilhou um vídeo de sua experiência VIP no Allegiant Stadium, do Las Vegas Raiders, onde teve acesso a um espaço exclusivo no Owners’ Club Suite (avaliado em US$ 12 milhões) e, claro, uma incrível oferta de comidas e bebidas. Inclusive, ele já capturou conteúdos semelhantes no Barclays Center, no Circuit of the Americas e no Kentucky Derby. Além disso, Goldburg produziu uma série tentando encontrar as melhores comidas em arenas esportivas, visitando lugares como o Arthur Ashe Stadium, o Parque dos Príncipes e o LoanDepot Park.
Já percebeu como é o melhor trabalho do mundo?
Não sei exatamente quando isso começou – talvez quando percebi que sair para jantar era uma opção mais atraente do que beber várias cervejas caras – mas esse tipo de conteúdo é exatamente o que aparece na minha aba de descoberta do Instagram. E faz sentido.
Conteúdos sobre gastronomia têm se tornado extremamente populares nas redes sociais, onde as pessoas buscam inspiração para receitas, recomendações de restaurantes e um vislumbre de destinos VIP exclusivos. Não é coincidência que influenciadores desse segmento estejam sendo convidados para eventos esportivos, com a esperança de que as experiências compartilhadas deem aos seguidores um motivo para considerar assistir a um jogo.
Alguns esportes já incluem a gastronomia em suas estratégias de marketing. A MLB, por exemplo, evoluiu além do tradicional cachorro-quente e tornou os menus personalizados dos estádios uma parte essencial de seus jogos em Londres, atraindo fãs que não conhecem muito sobre beisebol. Para isso, também utilizam influenciadores locais de comida.
Esse modelo também funciona em níveis mais baixos. O Dulwich Hamlet, que joga na sétima divisão do futebol inglês, atrai regularmente mais de 3 mil espectadores no Champion Hill, muitos deles interessados no famoso souvlaki que é vendido. Tanto que a fila é frequentemente maior do que a do bar. Ouvi falar pela primeira vez disso por meio do Footy Scran, uma conta que compartilha fotos de comidas enviadas por torcedores de estádios ao redor do mundo, elogiando os pratos que se destacam e criticando os que ainda servem batatas frias e sem graça.
Com o aumento dos preços dos ingressos, as expectativas dos torcedores também crescem. Embora eu aprecie o esporte por si só, há quem esteja mais disposto a comprar um ingresso se souber que sairá do estádio com uma experiência gastronômica memorável – independentemente da qualidade do jogo. O que quero dizer é que existe uma comunidade crescente de amantes da gastronomia que os esportes deveriam buscar atender – e para quem as equipes de marketing deveriam direcionar suas estratégias. Se isso será feito por meio de influenciadores como o Jack’s Dining Room ou de outras maneiras, é algo para se pensar.