O IX Seminário Gestão Esportiva FGV/CIES, no Rio de Janeiro, teve continuidade na tarde deste sábado com um papo sobre o mercado específico do futebol. No quarto painel do dia, estiveram presentes Elaine Yasmine Lemos, da CBF Academy; Enio Gualberto (Gerente de Licenciamento de Clubes da CBF), Alexandre Miranda (Presidente do Tribunal Disciplinar Paralímpico do CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro e Vice-Presidente da Comissão Disciplinar da Confederação Brasileira de Atletismo) e Gustavo Vieira (Presidente da Federação de Futebol do Estado do Espirito Santo).
Alexandre foi o primeiro a falar. E contou um pouco de sua trajetória, que tem no currículo o jurídico do São Paulo Futebol Clube. Ele falou da importância do Fifa Master para quem trabalha no direito.
“Trabalhei em dois escritórios grandes de São Paulo. E em um deles advogávamos para o São Paulo Futebol Clube, que tem uma categoria de base muito forte. Então, haviam muitas transferências de jogadores. Eu diria para quem é advogado e pensa em fazer o Fifa Master, que no curso, além de você desenvolver toda essa veia internacional, você vai ter o networking e vai estar do lado de todo mundo que importa no mundo do esporte. Além disso, o direito desportivo está contemplado no curso e todos os alunos ficam imersos na Suíça, por conta do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS)”, disse Alexandre, que completou: “o Fifa Master é caro, tem que investir muito tempo e dinheiro. É momento de vida. Mas dá um retorno enorme”.
Na sequência, Gustavo Oliveira Vieira, que fez parte da primeira turma do Fifa Master, falou pelos lugares onde passou antes de trocar posições executivas por um posto político, uma vez que foi eleito como presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo.
“Sair de uma posição executiva para uma posição política é complicado. Sair de trás do balcão e não ter ninguém pra se proteger, é complicado. Você não tem mais escudo. Você passa a ser um escudo para a Federação. E uma das primeiras coisas que eu fiz quando assumi foi dialogar com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT/ES) local. Pois um dos calcanhares de aquiles da maioria dos clubes são as ações trabalhistas”, disse Gustavo, que listou várias outras iniciativas da federação, entre elas a transmissão de jogos do Campeonato Capixaba via streaming.
Ênio Gualberto, que começou no esporte por acaso, quando foi trabalhar no jurídico da TV Globo, aproveitou seu tempo para dar conselhos aos estudantes que desejam ingressar no mercado.
“O mercado se desenvolveu muito com os eventos esportivos que o Brasil sediou. E, com isso, foi preciso que os profissionais se capacitassem mais. Só ter a paixão pelo esporte não adianta. É uma filosofia de vida um pouco diferente, com ritmos e horários diferentes. Mas tem espaço para todo tipo de profissional. No licenciamento, por exemplo, trabalhamos com contabilidade de clubes. Que tem suas regras específicas. Um contador de um supermercado, por exemplo, não tem como fazer a contabilidade de um clube. O que eu recomendaria, sempre, é: estude profundamente o seu assunto de interesse. E busque uma especialização no esporte”, disse Ênio.
Idealizadora e coordenadora do CBF Academy, Elaine Yasmine Lemos não estava na programação inicial do evento, mas foi convidada pelo organizador Pedro Trengrouse a falar de improviso e foi uma das mais aplaudidas. Ela contou como se envolveu com o esporte ainda na adolescência e falou sobre a iniciativa da CBF Academy.
“Sou de Santa Catarina, natural de lá. Fiquei lá até onze anos e fui para os EUA estudar, porque minha mãe morava lá. Aos 17 anos, eu trabalhava numa Best Buy, uma loja de eletrônicos, quando vi que a Seleção Brasileira ia jogar em Boston, contra a Colômbia. Eles estavam no hotel ao lado do shopping onde eu trabalhava. E eu fui lá com a minha câmera e aproveitei aquela oportunidade para oferecer minha ajuda. Começaram a aparecer jogadores na loja e eu sugeri o gerente pra fechar a loja por meia hora. Eu ainda estava na high school e o administrador da Seleção na época me disse: ‘faz qualquer coisa ligada à administração, que você vem trabalhar com a gente’. Como a Seleção era patrocinada pela Gilette, que tem sede em Boston, por quatro anos eu trabalhei em amistosos da Seleção lá. Em 2014 fiz o Fifa Master. E hoje estou na CBF, onde montei o CBF Academy”, contou Elaine.
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