No mundo dos esportes, a pirataria é pintada como um vilão que está drenando grandes quantias de receita dos detentores de direitos e minando a integridade da indústria. Mas e se estivermos enxergando isso de maneira errada? E se a pirataria não for o inimigo, mas sim uma oportunidade inexplorada esperando para ser aproveitada de uma forma diferente?
O Mito da Receita Perdida
Vamos começar desmistificando o mito de que cada transmissão pirata equivale a uma receita perdida.
De um artigo recente – “As redes de pirataria na região MENA (Médio Oriente e Norte da África) sozinhas custam ao beIN Media Group US$ 1 bilhão por ano. O Escritório de Propriedade Intelectual da União Europeia relata que 12% dos cidadãos da UE recorrem à pirataria para assistir a esportes – esse número sobe para mais de um quarto entre os jovens europeus de 15 a 24 anos. Synamedia e Ampere Analysis descobriram que provedores de serviços esportivos e detentores de direitos estão perdendo até US$ 28 bilhões em nova receita como resultado direto de transmissões ilegais de esportes.”
A narrativa tradicional sugere que a pirataria drena bilhões da indústria, mas isso pressupõe que toda pessoa que assiste ilegalmente pagaria de outra forma. A realidade? Muitos desses espectadores não assistiriam de forma alguma se a pirataria não fosse uma opção. Eles não são clientes perdidos; eles nunca foram clientes para começar!!!
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Então, em vez de perseguir perdas fantasmas, vamos focar na verdadeira questão: como podemos converter esses espectadores “piratas” em fãs engajados?
- Redefinindo Valor:
- Em vez de focar no que a pirataria supostamente tira, vamos considerar o que ela revela sobre o comportamento do consumidor. A pirataria nos mostra que há um público enorme ávido por conteúdo, mas talvez não ao preço atual ou com as restrições existentes. Redefinindo o que significa valor para esses espectadores, podemos criar ofertas que melhor se alinhem às suas expectativas e disposição para pagar.
- Avaliando Custos Reais:
- O custo da pirataria não se trata apenas de vendas perdidas; é sobre oportunidades perdidas de engajamento e fidelidade à marca. Ao mudar o foco de medidas punitivas para um engajamento estratégico, a indústria pode avaliar melhor os custos e benefícios reais da pirataria.
DISRUPTIVE PLAY – Como abraçar a pirataria como um catalisador para a inovação?
No campo da transmissão esportiva, a pirataria é frequentemente vista como uma ameaça, mas e se ela pudesse ser um catalisador para a inovação? Ao entender as motivações por trás da pirataria e aproveitar modelos inovadores, podemos inspirar novas estratégias.
Repensando a criação e distribuição de conteúdo
- Levar o Esporte ao Público Onde Ele Está, Empoderando Fãs, Atletas e Criadores:
- Os detentores de direitos podem empoderar atletas, criadores e fãs para distribuir suas transmissões ao vivo (veja CSN) e produzir seu próprio conteúdo (veja colaborações da E1 com Will Smith e Rafa Nadal). Essa abordagem descentralizada permite conteúdos mais personalizados e diversos, atendendo a novos públicos que desejam perspectivas e histórias únicas. Ao dar ferramentas para que criadores se engajem diretamente com os fãs, os detentores de direitos podem acessar novos mercados e fomentar um senso de comunidade.
- Experiências Interativas e Imersivas:
- Empresas como Dizplai estão redefinindo o engajamento dos fãs por meio de experiências interativas. Dizplai permite que canais de FanTV (ex.: That’s Football) incorporem elementos dirigidos pelos fãs, como enquetes ao vivo, estatísticas interativas e tomada de decisões em tempo real. Isso não só melhora a experiência de visualização, mas também cria uma cultura participativa que pode afastar espectadores de transmissões piratas.
- Formatos de Nicho e Alternativos:
- O surgimento de novas ligas (veja DP – The Supply and Demand Conundrum) demonstra o potencial de esportes de nicho e formatos alternativos. Detentores de IP podem explorar essas oportunidades oferecendo conteúdos especializados que atraem bases de fãs específicas. Focando em esportes sub-representados ou formatos únicos, eles podem atrair públicos que são apaixonados e não atendidos pelas ofertas tradicionais.
Evoluindo estratégias de monetização
- Facilitar Patrocínios e Parcerias Existentes para Expressar Seus Investimentos de Forma Diferente e Mostrar Valor
- Desenvolver patrocínios integrados que se alinhem com o conteúdo e aprimorem a experiência de visualização. Ao fazer parcerias com marcas para expressar seus patrocínios e aquisições de mídia nesses canais que ressoam com o público, emissoras/detentores de IP podem criar conexões autênticas que impulsionam tanto o engajamento quanto a receita.
- Facilitar Colaborações Além do Óbvio que Impulsionarão a Monetização DTC
- Veja exemplos como Burnley e Dude Perfect. A capacidade de colaborar em conteúdos e kits abriu novas receitas e novos fandoms que não existiam antes.
- Aproveitando a Tecnologia – Blockchain para Transparência, Segurança e Monetização
- Os detentores de IP podem utilizar a tecnologia blockchain para garantir transações transparentes e seguras, compartilhar direitos e oferecer recompensas tokenizadas para o engajamento dos fãs, criando uma nova camada de interação. Veja o recente investimento da A16Z na Story Protocol.
Um novo manual para o futuro
Na Disruptive Play, acreditamos no poder da disrupção para impulsionar o progresso. É hora de escrever um novo manual – um que abrace a mudança, desafie convenções e transforme a pirataria de inimiga em aliada.
Disclaimer: Na Disruptive Play, claramente NÃO somos defensores da pirataria, e ao repensar a pirataria não como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade, acreditamos que a indústria esportiva possa desbloquear novas vias de crescimento e engajamento.
Este é um artigo original da Disruptive Play: Challenging Sports & Media Norms, escrito por Michael Cohen e traduzido pelo Sport Insider.