Copa do Mundo Feminina da FIFA 2023: um resumo do torneio 

Saiba mais sobre a primeira rodada da Copa do Mundo Feminina 2023 e sobre a história do torneio feminino da FIFA


Por Insper Sports Business

27 de julho de 2023

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Copa do Mundo da FIFA Feminina 2023: um resumo do torneio 

A Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2023 é a maior edição da história e a primeira com 32 seleções. Com a primeira partida disputada no dia 20 de julho e a final agendada para o dia 20 de agosto, os jogos do torneio terão transmissão do SporTV, Globo e CazéTV. Como os jogos da primeira rodada já aconteceram, confira abaixo como foram os primeiros jogos do torneio, além de um pouco da sua história, o caminho da seleção brasileira e um resumo sobre as seleções favoritas para a conquista. 

Resumo da primeira rodada: 

  • No grupo A, um dos times da casa, a Nova Zelândia, venceu a Noruega em um jogo puxado por apenas 1×0. Mas, apesar de assegurar os três pontos na estreia, a liderança do grupo foi para a seleção suíça no fim da primeira rodada, que venceu por dois gols a zero contra as Filipinas. 
  • Já no grupo B, os anfitriões compartilhados com a Nova Zelândia, a seleção da Austrália, também asseguraram a vitória no seu jogo da estreia, ganhando da seleção irlandesa, e a liderança do seu grupo, diante do empate entre Nigéria e Canadá. No segundo jogo do grupo, a jovem nigeriana, Deborah Abiodun, recebeu um cartão vermelho aos 98 minutos e não participará do próximo jogo. 
  • O grupo C tem tido algumas das partidas com mais gols no campeonato, com duas grandes vitórias: a seleção japonesa goleou a Zâmbia por 5×0 e a Espanha ganhou da Costa Rica tranquilamente com um placar de 3 a 0. O Japão encerrou a rodada na liderança do grupo. 
  • No grupo D, a Dinamarca saiu com a vitória sobre a China por 1×0 e a seleção Haitiana saiu com uma derrota para a grande seleção Inglesa, mas mostrou grande espírito e luta durante a partida que, apesar de ser comandada pelas Leoas, também terminou somente com um gol. 
  • A estreia do grupo E nessa Copa teve a vitória da maior campeã da Copa do Mundo Feminina da FIFA, a seleção norte-americana, batendo o Vietnam por 3×0 e assumindo a liderança. Do outro lado do grupo, a Holanda saiu vitoriosa no clássico europeu, com um resultado de 1×0 sobre Portugal. 
  • No grupo F, a seleção brasileira demonstrou excelente futebol no seu primeiro jogo. Foi um show das jogadoras ao golear o Panamá, principalmente na troca de passes e entrosamento do time no terceiro gol. Ary Borges foi a jogadora de destaque das canarinhas, com um hat-trick para disparar na disputa da artilharia e uma assistência. Do outro lado do grupo, também teve boas notícias para a seleção, com o empate da sua principal rival do grupo, a França, que ficou no 0x0 com a Jamaica e consagrando a liderança brasileira do grupo nessa primeira rodada. 
  • Já o grupo G teve um começo bem equilibrado. Suécia e Itália saíram na frente com duas vitórias por um gol, mas as seleções da Argentina e da África do Sul estão longe de ficar de fora da competição. 
  • No último grupo, o grupo H, houve a maior goleada da Copa até o momento. As alemãs ganharam de 6×0 das marroquinas, levando a liderança, e, em segundo lugar do grupo no momento, está a Colômbia, que ganhou de 2×0 da Coreia do Sul. 

Essa é a primeira vez na história que tanto a Austrália quanto a Nova Zelândia sediam uma Copa do Mundo, além de ser a primeira vez não só que o torneio feminino tem duas sedes, mas também que ele é realizado no hemisfério Sul. A decisão foi feita 3 anos atrás pelo conselho da FIFA. As cidades sedes escolhidas foram nove, cinco na Austrália (Adelaide, Brisbane, Melbourne, Perth, Sidney) e quatro na Nova Zelândia (Auckland, Dunedin, Hamilton, Hamilton, Wellington). As cidades e os países sedes se prepararam para o torneio e contam com eventos voltados para os fãs. Para conferi-los basta ir ao site da FIFA

História da Copa do Mundo Feminina da FIFA: 

A primeira Copa do Mundo Feminina feita pela FIFA foi realizada na China, no ano de 1991, na qual os Estados Unidos se consagraram campeãs. De lá para cá, já ocorreram 8 edições do campeonato. Nesse período, a seleção norte-americana levantou o caneco 4 vezes, a Alemanha 2 vezes, além de Noruega e Japão uma única vez. 

1ª Copa: 1991 

A primeira competição de seleções femininas da FIFA foi o Mundial Experimental que ocorreu em 1988 na República Popular da China, competição realizada no intuito de medir o interesse do público em um mundial feminino. O experimento foi um sucesso, tendo uma média de público de 20.000 pessoas. Com as informações necessárias, 3 anos depois foi realizada a primeira Copa do Mundo Feminina, novamente sendo sediada na República Popular da China. 

A Copa decorreu entre os dias 16 a 30 de novembro de 1991 e, na época, apenas 12 seleções participavam deste campeonato e quatro cidades sediavam o torneio. Ao contrário do futebol masculino, os jogos tinham 2 tempos de 40 minutos e cada vitória representava apenas 2 pontos, padrão esse alterado nas copas subsequentes. As grandes campeãs foram as norte-americanas que ganharam de 2×1 contra a Noruega no estádio de Guangzhou, com o maior público da competição até hoje: 65.000 expectadores. O Brasil por sua vez, apesar de ter disputado o terceiro lugar em 1988 e mantido a mesma base de jogadoras para a Copa de 91, teve uma eliminação precoce na fase de grupos, ganhando o 1° jogo contra o Japão de 1×0 com o gol de Elaine, porém sofrendo duas derrotas, uma por 5×0 contra os Estados Unidos e outra de 2×0 para a Suécia de Pia Sundhage. 

2ª Copa: 1995 

O país sede deste torneio foi a Suécia, porém, inicialmente o torneio ocorreria na Bulgária que renunciou a ser o país sede. Novamente o torneio foi organizado com apenas 12 seleções, entretanto, a partir desta edição, as regras se padronizaram com as do futebol masculino, com as partidas durando 90 minutos e cada vitória valendo 3 pontos. O Brasil novamente foi eliminado na fase de grupos ganhando apenas um jogo, desta vez enfrentando Alemanha, Japão e Suécia. A grande campeã foi a Noruega que enfrentou a Alemanha na final e ganhou com o placar de 2×0. A disputa de 3º lugar ficou entre os Estados Unidos e República Popular da China, com as norte-americanas conquistando a medalha de bronze na vitória de 2×0. Nesta edição a competição teve 3,8 de média de gols por partida, possuído 3 grandes goleadas na fase de grupos, duas dessas envolvendo a campeã, que goleou por 8×0 a Nigéria e 7×0 o Canada, além de uma terceira goleada por 6×1 entre Brasil e Alemanha, em que as germânicas saíram vitoriosas. 

3ª Copa: 1999 

A última Copa do século XX foi marcada pelo bicampeonato das donas da casa Estados Unidos, que venceram a República Popular da China, na primeira final decidida nos pênaltis após um empate de 0x0 no tempo regular. Pela primeira vez em sua história, a seleção Brasileira conquistou a medalha de bronze ao enfrentar a Noruega e também vencer por 5×4 nos pênaltis. Esta edição foi um avanço na transmissão e cobertura das mídias, somando 660.000 espectadores presenciais e mais de 40 milhões de telespectadores em território estadunidense. 

4ª Copa: 2003 

Normalmente em Copas do Mundo, o anfitrião é alterado em cada edição, e nesta edição a sede seria a China, entretanto, em maio e abril, o país passou por um surto de Síndrome Respiratório Aguda Grave (SARS), logo, para não ter uma grande alteração no cronograma, a federação escolheu alterar os anfitriões e repetiram a sede da edição anterior: os Estados Unidos. No sorteio da fase de grupos, que desta vez contava com 16 seleções, teve um repasse simbólico do troféu das mãos dos representantes chineses para os representantes norte-americanos. 

Uma nova campeã, a Alemanha, conquistou pela primeira vez este título após derrotar a Suécia na final por 2×1 e passar pela atual campeã, os Estados Unidos, na semifinal por 3×0. A disputa de 3º lugar ficou com as donas da casa. Desta maneira, em 4 edições do torneio, os Estados Unidos nunca ficou fora do pódio. 

5ª Copa: 2007 

Após a epidemia de 2003 na China passar, ela foi o país selecionado a recepcionar o torneio pela segunda vez. Para o Brasil, foi a primeira vez que almejamos o título, chegando pela primeira vez na final e acumulando 17 gols na competição, sendo 4 deles na semifinal contra a única bicampeã até então. Porém, na final a taça escapou das mãos da seleção brasileira, ao perder para a Alemanha, que defendia o título e não tomava gols nos últimos 5 jogos, tendo o melhor histórico defensivo do torneio. A decisão era a primeira entre europeus e sul-americanos, um confronto entre ataque e defesa, mas, infelizmente, as canarinhas foram derrotadas por 2×0 e, deste modo, a Alemanha foi a primeira bicampeã consecutiva.  

6ª Copa: 2011 

Após a conquista do bicampeonato, a Alemanha foi selecionada para ser a sede do próximo torneio, porém não era mais a favorita da competição. Agora, este cargo pertencia novamente aos Estados Unidos, com a liderança e habilidade de Alex Morgan. Favoritismo comprovado até a fase final da Copa, eliminando Brasil e França durante sua trajetória e chegando na final para enfrentar a desacreditada seleção japonesa, podendo assim ser o primeiro país tricampeão da Copa do Mundo Feminina.  

No início de 2011 o Japão passou por uma enorme catástrofe. Um terremoto e tsunami acarretaram um vazamento nuclear, matando mais de 20.000 pessoas e, ainda hoje, mais de 2.500 pessoas estão na lista de desaparecidos. Na época, mais de 200.000 cidadãos perderam suas casas. Tamanha tragédia foi o estímulo para a seleção do técnico Noroi Sasakai que, em sua preleção, mostrava as fotos para suas atletas, apesar de algumas não conseguirem olhar diretamente. O Japão pegou uma trajetória difícil e em todas as partidas era considerado “zebra”, eliminando a dona da casa e a Suécia, ambas com tradições em Copas e na final enfrentando a favorita da competição.

O último jogo entraria para a história da Copa do Mundo Feminina, tendo a primeira tricampeã ou a primeira campeã asiática. O placar foi inaugurado com gol de Alex Morgan aos 68 minutos e o empate vem aos 80, com gol da artilheira da copa Aya Miyama levando a final para prorrogação. Novamente os Estados Unidos marcaram faltando apenas 3 minutos para a consagração do tricampeonato, porém a japonesa Sawa tinha planos diferentes e levou a decisão para os pênaltis. As 3 cobranças iniciais das favoritas não foram convertidas enquanto a seleção japonesa converteu 3 de 4 cobranças, se tornando assim a quarta nação a conquistar a Copa do Mundo.

7ª Copa: 2015 

A Copa sediada no Canadá obteve um aumento no número de participantes, somando ao todo 24 países na competição, assim adicionando uma fase a mais na Copa já comum na Copa Masculina: as oitavas de final. A edição obteve o recorde de gols feitos durante o torneio sendo marcados 146 gols ao todo, e garantiu o tão sonhado tri mundial dos Estados Unidos. As norte-americanas se vingaram da derrota da última Copa, com 13 atletas que vivenciaram a perda do título em 2011 e o mesmo rival a sua frente. Foram necessários apenas 16 minutos para a taça ter um destino definido. Com 16 minutos a final se encontrava com um placar de 4×0 com um hat-trick de Carli Lloyd que perdeu um dos pênaltis em 2011, no final o placar foi de 5×2. 

8ª Copa: 2019 

A maior edição de Copa do Mundo Feminina até então foi alocada para a França, com a maior transmissão até aquele momento. Foi a primeira vez que a Rede Globo transmitiu e divulgou a Copa do Mundo Feminina. Segundo o IBOPE, a transmissão dos jogos da seleção brasileira atingia 34 pontos de audiência. Em média 292,06 mil domicílios estavam conectados vendo a seleção. Audiência essa que ganhava maiores números em outros países, como na Suécia. A semifinal contra Holanda foi a maior audiência de uma competição FIFA desde 2003, superando os jogos da seleção masculina na Copa de 2018. Na Alemanha, 43,2% dos alemães com televisores assistiram a derrota para Suécia nas quartas de finais. Os patrocinadores também chegaram para esta edição, anteriormente apenas a marca de chocolates M&M`s era patrocinadora, entretanto, nesta edição, marcas como Coca-Cola, Visa e Hyundai decidiram patrocinar o futebol feminino.  

Os Estados Unidos igualaram o feito da Alemanha, conquistando o bicampeonato consecutivo em um jogo contra a Holanda, que teve como resultado 2×0. As surpresas da Copa foram a Holanda, que, em sua segunda participação, atingiu o vice-campeonato ,a Suécia, que conquistou a 3ª colocação ao derrotar a Inglaterra por 2×1, e a Itália, que chegou até as quartas perdendo para a Holanda. Com o final desta edição, os Estados Unidos se consagraram tetracampeões em 8 edições, ou seja, 50% dos títulos foram para as norte-americanas. 

9ª Copa: 2023 

Para a atual edição as principais postulantes ao título são: os Estados Unidos que permanecem em top 1 do ranking da FIFA, buscando o pentacampeonato e defender o título. A Espanha, que possui em seu plantel a base do Barcelona, que se encontra como atual campeão da Champions League Feminina e a atual melhor do Mundo, Alexia Putellas. E a Inglaterra, que é atual campeã da Eurocopa e vem com um elenco habilidoso e forte fisicamente e pretende superar a 3ª colocação da Copa de 2015. 

O Brasil não é um dos principais favoritos, mas pode surpreender com um elenco em ascensão misturado com a experiência de jogadoras como a Marta. A seleção vem com um jogo defensivamente forte com o estilo de jogo da nova técnica Pia Sundhage e que, ofensivamente, também tem trabalhado bem. 

A seleção brasileira

A seleção brasileira é uns dos únicos países a estar presente em todas as Copas do Mundo Femininas da FIFA, porém, nunca conquistou o torneio. A vez que chegou mais perto foi em 2007, na qual chegou a ser vice colocada, perdendo para a Alemanha de 2×0. 

Na determinada Copa, o Brasil contava com jogadoras históricas como Marta, Cristiane e Formiga. Marta, que começou a jogar com 17 anos, vem para sua 6ª Copa e é a maior artilheira da história da competição com 17 gols em 20 jogos.  

Apesar da grandiosidade, a seleção brasileira não performa tão bem em Copas. Em 1991 e 1995, não passaram para a segunda fase, em 2015 e 2019, caíram nas oitavas, além de 2003 e 2011, quando foram eliminadas nas quartas. As únicas edições que a seleção foi bem foram em 1999, na qual ocupou a terceira colocação, e em 2007, chegando ao vice campeonato. 

Em Copas Américas, a seleção tem um ótimo desempenho, levantando a taça em oito das nove ocasiões, sendo em 1991, 1998, 2003, 2010, 2014, 2018 e 2022. Na última competição, a seleção foi campeã em cima da Colômbia por 1×0 de forma invicta, fazendo 20 gols e sofrendo nenhum. 

Desde essa final da Copa América, há um ano atrás, o Brasil realizou 12 jogos, sendo 8 amistosos, 3 do torneio do “SheBelivesCup” e uma finalíssima contra a Inglaterra. Dessas partidas, a seleção brasileira goleou em algumas ocasiões, e perdeu apenas quatro vezes, sendo duas para o Canadá, uma para os EUA e uma para a Inglaterra. 

Por Bruno Brazil, Cameron Swan, Rennan Bianchi e Thiago Diniz