Quando o chute de Rodri superou Onana, a Europa conheceu um novo campeão. O Manchester City, vencedor também da Premier League, derrotou a Internazionale, tricampeã europeia, pelo placar mínimo, em Istambul, e entrou no hall de campeões da maior competição de clubes do mundo: a UEFA Champions League. A temporada perfeita dos comandados de Pep Guardiola e do melhor jogador da Europa, Erling Haaland, foi coroada com o maior dos troféus e, pouco mais de 3 meses após o fim da edição 2022-23, os Citizens já pintam como favoritos para a nova edição.
Agora que as fases eliminatórias acabaram e chegamos à fase de grupos, é hora de mergulhar mais fundo na Champions, em sua última edição no formato atual. Aqui, falaremos um pouco sobre os favoritos, história e números da competição. Tudo para você ficar por dentro da Liga dos Campeões da UEFA 2023-24.
Dentro de campo
Favoritos
As casa de aposta apontam o atual campeão, Manchester City, como franco favorito a repetir o feito e levantar a “orelhuda” no ano que vem. Cabeça de chave do grupo G, está na companhia de Red Bull Leipzig, Red Star e Young Boys, e, salvo algum imprevisto contra o time alemão, deverá avançar para as fases de mata-mata sem sustos.
Logo atrás nas apostas, vem o Bayern de Munique. O gigante alemão possui 6 conquistas do principal torneio continental e investiu pesado para voltar ao topo: trouxe o capitão e artilheiro da seleção inglesa, Harry Kane, por mais de 100 milhões de euros diretamente do Tottenham. No banco, Thomas Tuchel, campeão da Champions pelo Chelsea em cima do próprio City, comandará os bávaros na busca pela sétima. No grupo A, junto ao Bayern está o Manchester United, que já conquistou o torneio três vezes – uma delas justamente contra os alemães -, além de Galatasaray e Copenhagen. Embora tenha tradição e alguma consideração dos apostadores, o desempenho recente do United não anima ninguém e uma eventual conquista deveria ser encarada como zebra.
O todo poderoso quatorze vezes campeão Real Madrid aparece em 3º nas projeções de favoritos. A janela de transferências dos merengues prometia Mbappé, que acabou não vindo. Quem veio foi o destaque desse início de ano, Jude Bellingham. Dividindo o grupo, estão o campeão italiano Napoli, o Braga e o estreante Union Berlin.
Fechando o top-6, estão, em sequência: Arsenal, Barcelona e PSG.
O time do norte de Londres volta à Champions pela primeira vez desde a temporada 2016-17 e a ótima campanha na Premier League anima os gunners a sonhar com um inédito título. No seu grupo, estão o Sevilla, campeão da Europa League, o Lens e o PSV.
O campeão espanhol Barcelona desponta como favorito do grupo H, que conta ainda com Porto, Shakhtar Donetsk e o Royal Antwerp, que não participa do torneio europeu desde os anos 50. O time dirigido por Xavi tem em Lewandowski, maior artilheiro da Champions em disputa da competição, seu principal jogador. Do time que conquistou a Champions pela última vez, na temporada 2015, resta apenas o goleiro ter-Stegen entre os titulares.
Por fim, o PSG terá sua provável última oportunidade de conquistar o inédito título com Mbappé no elenco. Os campeões franceses estão no temido grupo da morte, composto ainda por Milan, Borussia Dortmund e o Newcastle, que retorna à competição depois de 20 anos. Com um elenco repaginado e sem Messi, Neymar, Sergio Ramos e Verratti, os parisienses terão que vencer a desconfiança do torcedor para ir longe.
Novidades. Ou não.
Nem só de favoritos vive a competição. Para muitos times e torcidas, fazer parte do evento é um atrativo em si. E alguns times figuram pela primeira vez – na história ou em muito tempo – na Champions.
Além do Arsenal, Newcastle, do Royal Antwerp e do Union Berlin, já citados acima, essa edição marcará a volta do Braga e da Real Sociedad depois de uma década. Será também o retorno dos campeões europeus Feyenoord e PSV após mais de 5 anos. O Lens figura no torneio após 20 anos de ausência e a Lazio do artilheiro Immobile pinta após 3 anos de ausência.
O torneio ainda contará com figurinha carimbadas, como Benfica, Borussia Dortmund, Milan, Porto e Celtic – todos sem grandes expectativas de título, mas que podem fazer barulho até as quartas-de-final ou, ainda, indo longe na Europa League – torneio que recebe os 3ºs colocados de cada grupo (vide Sevilla no ano passado, em que acabou campeão).
Estrelas da vez
Pela primeira vez em 20 anos, a Champions League não terá a presença de Cristiano Ronaldo, Messi e Benzema, 3 dos 4 maiores goleadores da história da competição. Aliás, dos 10 principais marcadores da competição, apenas Lewandowski (3º/Barcelona) e Thomas Müller (8º/Bayern) ainda estão em atividade.
Mas não se engane: a Liga está em boas mãos. Mbappé e Haaland, sempre eles, já figuram num top-20 e têm tudo para estar entre os principais nomes da atual edição – ambos lideram a corrida pela artilharia da competição nas casas de apostas. Eles são seguidos de perto pelo inglês Harry Kane e nem tão perto assim pelo polonês Lewandowski. Outros jogadores que devem ser destaques são Victor Osimhen, do Napoli, Vinicius Júnior, do Real Madrid, e Gonçalo Ramos, do PSG. Marcus Rashford, Gabriel Jesus e Lautaro Martínez correm por fora.
A edição também será uma oportunidade para o público se familiarizar com jovens que devem ser a cara do futebol mundial nos próximos anos. Kvaratshkelia, Rodrygo, Pedri, Hojlund, Saka, Odegaard, Bellingham, Gavi, Musiala e Rafael Leão são nomes imperdíveis pra quem é gosta de bom futebol.
Uma nova Champions
O formato atual da competição foi consagrado em 1993, ano que teve o Olympique de Marseille como campeão. De lá pra cá, se passaram 30 edições, fortemente disputadas por Real Madrid (8 títulos), Barcelona (4 títulos), Milan e Bayern (3 títulos), Liverpool, Manchester United e Chelsea (2 títulos). E esse ano será o fim da Champions como conhecemos.
Calma. A competição não vai acabar! Ela apenas passará por um “banho de loja”. Vamos entender um pouco melhor essas mudanças?
Número de equipes
A primeira grande mudança que veremos a partir da temporada 2024-25 é o número de participantes: saem os 32 atuais e entram 36. Esse aumento segue uma tendência de grandes competições, como a Copa do Mundo, de dar mais espaço para mais times e, claro, morder fatias maiores de pagamentos das televisões/streamings.
Essas quatro nova equipes virão de 3 locais diferentes – e entender essa estrutura não é tão fácil como se supõe:
- Uma vaga adicional será concedida ao 3º colocado da liga em 5º lugar do ranking da UEFA – atualmente, é a Holanda.
- Uma vaga virá dos mata-matas que precedem as tradicionais fases de grupos – aumentando de 4 para 5 o número de times que passam por essa provação.
- Essa é a mais complicada de entender: duas vagas serão dadas aos times não classificados automaticamente das duas ligas de melhor pontuação na edição anterior da Champions. Por exemplo: nesse ano, adicionaríamos o 5º da Inglaterra (o Liverpool) e o 5º da Itália (Atalanta).
A ideia original da UEFA era adotar o antigo “método Mercosul” (ou CBF), onde times com melhor coeficiente no ranking da federação se classificariam para o torneio. A crítica aqui é que isso tornaria a competição mais exclusiva e elitizada, diminuindo a possibilidade de grandes histórias e classificações heróicas de quem raramente aparece na elite. E a UEFA, que foi tão vocal no combate à “Superliga”, iniciativa que foi liderada justamente pelos maiores clubes do continente e que esvaziaria a Champions atual.
Formato “Suíço”
Ter 36 times não significa que um nono grupo será adicionado ao torneio. O formato passará por uma mudança importante: teremos um “formato suíço”, nome que é dado ao sistema usado em campeonatos de xadrez, onde participantes são alocados em grupos, mas se classificam não pela sua posição no mesmo, e sim pelo cômputo geral. Complicado de entender?
Pra ilustrar melhor, então: os 36 times serão divididos em 4 grupos. Dentro dele, cada time fará 8 partidas – 4 em casa, 4 fora -, sem jogos de volta. Ao fim das 8 rodadas, os 8 times que mais somarem pontos no geral, estarão classificados para as oitavas-de-final do torneio. Do 9º ao 24º colocado geral, entrarão em um mata-mata para ver quem são os 8 que avançarão para as 8 vagas restantes das oitavas. Do 25º ao 36º estarão eliminados – sem chance, inclusive, de repescagem para a Europa League, como acontece atualmente.
A vantagem aqui? Todo time terá, no mínimo, 2 jogos a mais do que possui hoje. Isso significa mais transmissões, mais matchday, mais dinheiro na mesa. O número total de jogos da competição subirá dos 125 atuais para 189 – já considerando as fases iniciais do torneio.
Mas não esquenta. Você tem um ano inteiro para entender direito essas mudanças!
Fora de Campo
Premiações
Se dentro de campo a expectativa é imensa, fora dele não dá pra ficar indiferente. A competição atual distribuirá 2 bilhões de euros, um recorde – e que crescerá nas próximas edições. A composição desse montante é bem equilibrada, como mostra o gráfico abaixo.
Para melhor entendimento: 4 grandes grupos compõem as receitas distribuídas aos times.
- Participação em jogo → são cerca de 500 milhões distribuídos somente por participação em jogos da competição na fase de grupos. Cada um dos 32 times recebe cerca de 15 milhões de euros por estar lá.
- Desempenho esportivo → aqui são 600 milhões distribuídos, e entram os gatilhos de premiação por resultados em campo: uma vitória em fase de grupos rende 2,8 milhões de euros, enquanto que o empate adiciona 930 mil euros ao clube. As fases seguintes vão somando ao montante 9,6 mi/euros, 10,6 mi/euro, 12,5 mi/euros e, a final, 15,5 mi/euros. O título ainda rende mais 4,5 mi/euros ao campeão, além de 3,5mi /euros pela classificação à SuperCopa da UEFA. Isso quer dizer que o time campeão pode abocanhar pra lá de 70 milhões de euros somente em desempenho esportivo.
- Coeficiente → aqui, mais 600 milhões. Esse é o mais difícil de compreender: os valores são divididos em fatias por um ranking de coeficiente da UEFA. O time mais bem rankeado (no momento, o Real Madrid), receberá 32 fatias de 1,1mi euro cada; o segundo colocado, Bayern, receberá 31 fatias de mesmo valor. E assim sucessivamente, até o 32º time em ranqueamento que esteja disputando a competição. Esse ranking leva em consideração os últimos 10 anos de participação no torneio.
- Market Pool → a última fatia do bolo vale 300 milhões de euros e diz respeito aos resultados de transmissão e importância que o time em questão tem para o mercado, como um todo. É esperado, por exemplo, que o Manchester United receba mais dinheiro aqui do que o Lens.
Patrocinadores
Se você assiste à competição com frequência, já deve ter visto algumas ações de marcas que estão junto da UCL há tempos, como a Heineken, que acompanha o torneio desde 94, ou o PlayStation, desde sua versão 1, em 1997. A lista de patrocinadores do torneio é grande e repleta de figurões, como mostra a imagem abaixo:
Na última temporada, a competição levantou cerca de 600 milhões de euros em patrocínios. Para as próximas temporadas, há uma expectativa de subir esse montante em 30%, pelo menos.
Direitos de Transmissão
Como acontece em eventos esportivos, a fatia mais gorda do bolo vem dos direitos de transmissão. Para a próxima negociação, a UEFA mira 5 bilhões/ano para o torneio, que é distribuído em todos os países da Europa, em mais de 25 praças de Ásia e Oceania, em todos os países da América do Sul e boa parte de América do Norte e Caribe. Na África e Oriente Médio, são poucos os detentores dos direitos, mas há transmissão para todos.Aqui no Brasil, os jogos estão todos no TNT Sports e alguns estão também no SBT.
As informações detalhadas sobre como funcionam os direitos de transmissão estão nesse documento oficial da UEFA.
É hora da bola rolar!
Agora que você já sabe tudo sobre a maior competição de clubes do mundo, é hora de ver a bola rolar! Escolha seu time favorito, acompanhe seus jogadores prediletos e cole na TV, no computador ou no seu celular para ver a competição e descobrir quem será o próximo (e último nesse formato) campeão da UEFA Champions League.
Já posso ouvir o hino da competição…
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