Brasileirão Feminino 2023: conheça a história e a estrutura da competição

O Campeonato Brasileiro Feminino começa uma nova temporada com altas expectativas depois da final histórica no último torneio


Por Insper Sports Business

24 de fevereiro de 2023

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Brasileirão Feminino 2023: conheça a história e a estrutura da competição Brasileirão Feminino 2023: conheça a história e a estrutura da competição

Nesta sexta-feira (24/02), começará a décima-primeira edição do Campeonato Brasileiro Feminino. Por muito tempo negligenciada pelo público e grandes veículos, a modalidade feminina do esporte vem ganhando cada vez mais espaço em território brasileiro, atingindo seu pico na final do campeonato do ano passado. A abertura será na Vila Belmiro, no embate entre Santos e Flamengo, às 20h, com transmissão do SporTV. Além do jogo de estreia, o confronto entre Cruzeiro e Grêmio também será transmitido pelo canal de TV fechada do Grupo Globo. 

História do futebol feminino 

O porquê da demora para o futebol feminino se popularizar vai muito além do esporte. Décadas atrás, a discriminação contra as mulheres era mais evidente, fato que se comprova com a proibição do voto feminino até 1932, em uma sociedade que a mulher era vista “apenas” para criar uma família. 

Nos esportes não era diferente. Em 1941, no Decreto-lei 3199, o artigo 54 constava: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.” Portanto, a prática de esportes por mulheres era proibido por lei no ano de 1941, e, somente quase quarenta anos depois (1979), a lei foi abolida. 

Entretanto, o rumo da modalidade no Brasil só foi mudar em 2019, quando a entidade máxima do futebol nacional, a CBF, tornou obrigatório a formação de equipes femininas para os clubes que fossem disputar a Série A do Campeonato Brasileiro Masculino, que possui muito mais investimento e visibilidade. 

Apesar de soar drástica, essa medida foi fundamental para o desenvolvimento do futebol feminino, afinal naquele momento 13 dos 20 principais times do Brasil não tinham equipes femininas. Com isso, o investimento no futebol feminino aumentou, assim como a atratividade, fazendo com que emissoras como a Globo e a Band lutassem pelos direitos de transmissão da competição. 

Desde então, a categoria vem crescendo exponencialmente nesse período, com diversas marcas se agregando tanto com os clubes quanto com as confederações, fato que pode ser comprovado com o sucesso da final na edição de 2022. Dessa forma, o futebol feminino brasileiro tende a crescer ainda mais nos próximos anos. 

Campeonato 

A competição é disputada entre 16 clubes e conta com uma primeira fase no formato de pontos corridos com 15 rodadas, que segue para a segunda fase, na qual os oito melhores colocados avançam para as quartas de finais com jogos de ida e volta. Por conta da Copa do Mundo FIFA Feminina – disputada na Nova Zelândia e Austrália – o campeonato sofrerá uma pausa entre julho e agosto, retornando no final de agosto para as semifinais. As finais estão previstas para serem realizadas nos dias 10 e 17 de setembro.  

Times 

Confira abaixo as 16 equipes que irão disputar o Campeonato Brasileiro Feminino Neoenergia 2023 juntamente com as suas respectivas colocações na competição anterior. 

Equipe Colocação em 2022 
Athletico Paranaense Promovido Série A2 
Atlético Mineiro 11º colocado 
Avaí/Kindermann 10º colocado 
Bahía Promovido Série A2 
Ceará Promovido Série A2 
Corinthians  1º colocado 
Cruzeiro 12º colocado 
Ferroviária  7º colocada 
Flamengo 6º colocado 
Grêmio 8º colocado 
Internacional 2º colocado 
Palmeiras 3º colocado 
Real Ariquemes Promovido Série A2 
Real Brasília 5º colocado 
Santos 9º colocado 
São Paulo 4º colocado 

Edição histórica do Brasileirão Feminino em 2022

A edição do Brasileirão Feminino Neoenergia de 2022 fez história por conta da final entre Internacional e Corinthians. O público de ambas as equipes esteve em peso tanto em Porto Alegre quanto em São Paulo. No jogo de ida, no empate de 1 a 1 no Beira Rio, a torcida colorada colocou 36.330 no estádio, registrando o maior público de uma partida do futebol feminino na América do Sul até então. Porém, a marca foi logo ultrapassada no jogo decisivo da final, que registrou 41.070 torcedores presentes na Neo Química Arena, recorde que se mantém até o momento e gerou uma renda de R$900.981,00, além do dono da casa, o Corinthians, ter se consagrado campeão vencendo por 4 a 1. 

Premiações e parcerias 

Os valores das premiações da nova edição ainda não foram divulgados, porém é esperado que o montante cresça consideravelmente em relação ao ano passado, que já havia registrado um valor cinco vezes maior em comparação à edição de 2021. Isso representa um grande avanço para a modalidade, que, apesar da premiação ser aproximadamente 3% do Campeonato Brasileiro Masculino (33 milhões de reais), mostra que a categoria vem crescendo significativamente. Até 2021, o campeão desembolsava 200 mil reais, já na última edição, o vice colocado recebeu cerca de 500 mil reais, enquanto o campeão levou 1 milhão de reais para casa, além de outros 5 milhões de reais que foram distribuídos entre os 16 times participantes. 

O crescimento dos valores de premiações não foram acontecimentos ao acaso. Pela primeira vez, uma empresa apoia exclusivamente as seleções femininas e competições nacionais de clubes. A Neoenergia – grupo privado do setor Elétrico – fechou uma parceria com a CBF até 2024. Nesse período, a empresa acompanhará a seleção em torneios como a Copa do Mundo deste ano e as Olimpíadas de Paris no ano que vem. O acordo engloba cerca de 575 atletas, viabilizando uma estrutura melhor para desenvolver um ambiente e formação melhor das jogadoras.  

Além de suas participações no Brasil, o grupo Iberdrola – controlador da Neoenergia – é a empresa que mais incentiva o futebol feminino na Europa. Cerca de 330 mil atletas são apoiadas entre 32 diferentes federações em diversos países. 

Não somente com a CBF, mas as parcerias com os clubes também vem crescendo. O atual campeão da Copa Libertadores, o Palmeiras, fechou recentemente com a Allianz Seguros, além de ter vários diferentes patrocinadores, como Pernambucanas, Betfair, o Cartão de TODOS e Cimed. Outros diversos times também vêm fechando novos contratos para o futebol feminino, clubes como Flamengo, Corinthians, Atlético-MG e Internacional fecharam acordos recentemente. 

Na última edição da Libertadores, entre os 16 times que participaram da competição, foram apresentados 98 patrocinadores no decorrer do campeonato, número que quebrou o recorde de marcas estampadas nas camisas. 

Por Hassan Zoghbi e Rennan Bianchi