O ano de 2024 marcou um novo patamar na Fórmula 1. Pela primeira vez na história, todas as dez equipes da categoria ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado, segundo levantamento da Sportico. Em um cenário cada vez mais global e atrativo para investidores, o valor médio das equipes chegou a US$ 2,31 bilhões, um aumento de 44% em comparação com junho de 2023.
Na liderança está a Ferrari, avaliada em impressionantes US$ 4,78 bilhões, seguida de Mercedes (US$ 3,94 bilhões) e Red Bull Racing (US$ 3,5 bilhões). Até mesmo a Haas, tradicionalmente vista como uma equipe de orçamento mais modesto, alcançou US$ 1,02 bilhão, consolidando um cenário de crescimento homogêneo na categoria.
Transformação sob a gestão da Liberty Media
A revolução nos valores das equipes tem muito a ver com a transformação operada pela Liberty Media, que adquiriu a Fórmula 1 em 2017 por US$ 8 bilhões. Sob sua gestão, a categoria deixou de ser um espaço de prejuízos frequentes e tornou-se um negócio lucrativo, atraindo novos investidores e expandindo sua base global.
Um dos pilares dessa mudança foi a introdução de tetos orçamentários em 2021, limitando os gastos das equipes a US$ 145 milhões (excluindo despesas como salários de pilotos e marketing). Essa medida nivelou a competitividade e aumentou a lucratividade. Em 2018, por exemplo, a McLaren enfrentava prejuízos de US$ 137 milhões. No ano passado, a equipe obteve um lucro operacional de US$ 38 milhões, com perspectivas ainda melhores para 2024.
Scarcity e aumento do valor de mercado
Outro fator crucial é a escassez de equipes na Fórmula 1. Diferentemente de ligas como a NBA e a NFL, que contam com 30 ou mais franquias, a Fórmula 1 possui apenas 10 equipes – um número que permanecerá inalterado até pelo menos 2026, quando a General Motors, com sua marca Cadillac, entrará na categoria como a 11ª equipe. Essa limitação, combinada com o crescente apelo global do esporte, transformou as equipes em ativos extremamente valorizados e raros.
Atualmente, as equipes da Fórmula 1 são avaliadas com base em múltiplos de receita, atingindo uma média de 6,1 vezes. Esse número supera o dos principais clubes de futebol, mas ainda está atrás da NBA (11 vezes) e da NFL (9,3 vezes).
Investimentos e novas dinâmicas comerciais
O crescente interesse na Fórmula 1 também atrai investidores de destaque. Recentemente, o Alpine, por exemplo, recebeu aportes de RedBird Capital e do grupo Otro Capital, que inclui celebridades como Ryan Reynolds e Michael B. Jordan. O Aston Martin também movimentou o mercado ao vender participações para fundos de investimento como HPS Investment Partners e Accel, valorizando a equipe em cerca de US$ 2 bilhões.
A comercialização dos direitos de patrocínio também cresceu exponencialmente. Empresas como Google, Goldman Sachs e ExxonMobil estão entre as marcas que investem milhões em acordos com as equipes. Com isso, a receita combinada das dez equipes atingiu US$ 3,8 bilhões em 2023, um aumento de 16% em relação ao ano anterior.
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Entretenimento além das pistas e expansão da base de fãs
Outro ponto alto da gestão Liberty Media tem sido o esforço para atrair novos públicos. Eventos como shows de Eminem em Austin e Kylie Minogue em Singapura fazem parte da estratégia de criar experiências além das corridas. Essa abordagem ampliou o apelo do esporte para um público mais jovem (42% dos fãs têm menos de 35 anos) e feminino (42% da base).
O impacto de Drive to Survive, série da Netflix, também é visível: um em cada quatro fãs atuais da Fórmula 1 afirma ter se tornado interessado na categoria por causa da produção.
Perspectivas e desafios futuros
Com uma audiência global que alcança 85 milhões de pessoas por corrida e expectativa de novos contratos de TV mais lucrativos após 2025, a Fórmula 1 se consolida como uma das ligas esportivas mais valiosas do mundo. Entretanto, a expansão para uma 11ª equipe e os desafios logísticos em circuitos tradicionais, como Mônaco, permanecem como pontos de atenção.
De qualquer forma, o futuro parece brilhante para a Fórmula 1. As equipes, que já passaram por tempos de incerteza financeira, agora se posicionam como ativos globais de primeira linha, consolidando o esporte como um dos mais valiosos do planeta.
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