Programa da ONU Mulheres combina ações do terceiro setor com o esporte

Durante o primeiro Congresso Olímpico Brasileiro, entidade apresenta resultados do projeto "Uma Vitória Leva à Outra"


Por Raphael Crespo

13 de abril de 2019

Uma Vitória Leva À Outra - Carolina Ferracini Carolina Ferracini, gerente do “Uma Vitória Leva À Outra”

O mercado esportivo é tão amplo, que alcança as mais diversas carreiras e segmentos da sociedade. E o panorama não é diferente pra quem sonha em associar esporte com ações no terceiro setor. No primeiro Congresso Olímpico Brasileiro, realizado neste sábado (13/04), em São Paulo, um grande estande da ONU Mulheres mostra como essa combinação pode capacitar profissionais e, o que é mais importante, fazer a diferença na vida de muitas pessoas menos favorecidas socialmente.

Em seu espaço no evento, além de promover diálogos e distribuir materiais informativos para atletas, treinadores, dirigentes, gestores e demais participantes do congresso, a ONU Mulheres apresenta resultados de seu bem-sucedido programa de esportes voltado para meninas adolescentes, “Uma Vitória Leva à Outra” (UVLO).

Legado dos Jogos Olímpicos do Rio 2016

O Sport Insider conversou com Carolina Ferracini, gerente do UVLO, durante o evento. E ela contou como funciona o projeto, que é um legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

“A nossa ideia é usar o esporte como uma ferramenta de autoestima, de liderança e de empoderamento para a própria vida dessas meninas.
E uma vez que elas se transformam, se conhecem, saibam do próprio potencial, acreditem em si mesmas, elas acabam devolvendo isso para as suas comunidades”, diz Carolina

Parceria com ONGs

“Uma Vitória Leva à Outra” é um programa conjunto entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional, em parceria com as ONGs Women Win e Empodera.

O programa foi reconhecido como um legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016. E, em sua segunda fase, de 2018 a 2021, treina organizações esportivas a trabalhar com o empoderamento de meninas por intermédio do esporte. Garantindo, assim, resultados de longo prazo na quebra do ciclo da violência.

Carolina falou, também, sobre como é o processo de escolha das organizações que implementam o programa nas comunidades cariocas.

“Fazemos uma seleção de organizações e realizamos os convites para organizações da sociedade civil que trabalham dentro das comunidades da cidade em prol do esporte para o desenvolvimento. Que tenham uma estrutura, que já tenham programas ou que desejem trabalhar especificamente com meninas que praticam esporte. Mas estamos abertas a organizações que tenham programas com meninas, ou tenham o interesse de ter. Essas organizações fazem uma formação conosco e depois apresentam projetos para receber um recurso e implementar por nove meses o programa como um todo”, explica Carolina.

Currículo do UVLO

O UVLO é um currículo composto de 40 sessões, que podem ser implementadas uma ou duas vezes por semana, em escolas, centros olímpicos, academias ou clubes esportivos. Nas sessões, durante a primeira hora, as meninas praticam esportes e fortalem as conexões entre si, desenvolvendo habilidades e competências para a vida, que são aprofundadas na segunda hora, quando participam de oficinas temáticas em um espaço seguro, ministrada por uma facilitadora treinada pelo programa UVLO, geralmente professora, pedagoga, psicóloga ou assistente social.

Uma Vitória Leva À Outra

O conteúdo do programa é formado por quatro módulos:

1 – Seja você mesma
2 – Seja saudável
3 – Seja empoderada
4 – Planeje seu futuro

“Trabalhamos a saúde sexual das meninas, o conhecimento do próprio corpo. A questão de levar para a comunidade aquilo que elas aprendem no esporte. O empoderamento econômico, de construir um projeto de vida, de não abandonar a escola. Por exemplo, a gente tem no Brasil taxas altíssimas de gravidez na adolescência, de casamento infantil. São temas ligados a competências para a vida”, afirma a gerente do UVLO.

Formação de facilitadoras

Carolina explica que as formações de facilitadoras do UVLO acontecem de seis em seis meses no Rio de Janeiro. Com média de 25 a 30 pessoas por capacitação.

“Muitas vezes a gente chama duas pessoas de uma mesma organização, pois elas precisam de uma estrutura, inclusive de recursos humanos para implementar o projeto em alguma comunidade. São ONGs que já trabalham ou que pelo menos tenham a infraestrutura mínima para começar um programa de esporte. Essas pessoas que vem para a nossa formação vem fazer porque a organização já quer implementar essa metodologia. Algumas instituições não implementam a metodologia completa. Então elas não acessam os fundos. Mas o currículo é livre e elas podem pegar pedaços do programa e implementar”, explica Carolina.

Em breve, um portal do “Uma Vitória Leva À Outra” será lançado, para que todo o conteúdo esteja disponível para todo tipo de público.

Ainda no estande da ONU Mulheres no Congresso Olímpico Brasileiro, visitantes do estande também serão convidados e convidadas a aderirem ao movimento global ElesPorElas (HeForShe), que pretende mobilizar homens e meninos de todo o mundo a se posicionarem e adotarem ações rumo ao alcance da igualdade de gênero nas mais diversas áreas da vida.