Uefa e Conmebol pretendem se opor ao plano da Fifa de organizar a Copa do Mundo a cada dois anos

A FIFA quer dobrar a frequência da Copa do Mundo masculina para a cada dois anos, mas enfrenta a oposição dos principais órgãos governamentais.


Por Thiago Dias

22 de setembro de 2021

FIFA

A organização mundial de futebol divulgou os resultados de uma pesquisa com 15.000 pessoas, indicando apoio global para a mudança.

Entretanto, a UEFA e a CONMEBOL se opõem a essa mudança. A UEFA sedia a Eurocopa a cada quatro anos, e uma Copa do Mundo bienal poderia competir com esse torneio pela atenção dos fãs e pela participação dos jogadores.

Arsène Wenger, chefe do desenvolvimento do futebol mundial da Fifa, é um dos entusiastas com o plano bienal da Copa do Mundo. O ex-gerente do Arsenal FC explicou os objetivos em uma entrevista ao jornal esportivo francês L’Equipe, durante o fim de semana. Wenger imaginou um novo formato em que haveria um grande torneio, no final de cada temporada, devendo ser uma Copa do Mundo ou um Campeonato Europeu.  

Em sua carta ao FSE, Ceferin disse que a Fifa parecia estar avançando com “uma campanha de RP” em apoio aos planos, sem ter consultado as partes interessadas, como a Uefa e outras confederações, federações nacionais, ligas, clubes e jogadores. Já a Reuters, informou que a Fifa disse que estava sendo realizada uma consulta global “abrangente” envolvendo torcedores de todo o mundo, e que o órgão dirigente não tinha “objetivos pré-determinados”, mas estava agindo “para o bem comum do jogo”.

Vale ressaltar que para a FIFA, uma Copa do Mundo bienal é muito mais lucrativa do que a cada quatro anos. Isso porque a receita da FIFA é altamente dependente da Copa do Mundo, tipicamente registrando perdas de três em quatro anos e compensando em anos de Copa do Mundo. A organização recebeu 6,4 bilhões de dólares de 2017-2020, dos quais mais de 70% vieram em 2018. Não obstante, ao sediar a Copa do Mundo de 2022, o Qatar espera um impulso econômico na casa de US$ 20 bilhões.

Enquanto isso, a receita da UEFA é muito mais estável. Ganhou entre US$ 2 bilhões e US$ 3,5 bilhões a cada ano de 2017-2020, num total de US$ 12,5 bilhões.

Infantino se tornou próximo do líder reformista da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, nos últimos anos. O país do Oriente Médio vem mostrando ambições crescentes de ser uma força maior no futebol mundial. Está se candidatando para sediar a Copa Asiática de Futebol da Confederação Asiática de Futebol em 2027 e tem sido relatado que o mencionado país tem ambições de sediar a Copa do Mundo. Uma Copa do Mundo a cada dois anos, ao invés de a cada quatro anos, daria mais chances a anfitriões como a Arábia Saudita de realizar seu desejo de sediar o evento.

A Europa e a América do Sul somam juntas 65 das 211 associações afiliadas à FIFA, apenas um terço do necessário para bloquear qualquer proposta, mas a UEFA e a CONMEBOL ameaçaram boicotar outras Copas do Mundo, caso a FIFA aprovasse a proposta.

Os times europeus e sul-americanos ganharam todas as Copas do Mundo em seus 91 anos de história.